Contraf negocia com Santander e cobra empregos e fim da rotatividade

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A Contraf-CUT, federações e sindicatos retomaram nesta quinta-feira (12) o Comitê de Relações Trabalhistas (CRT) do Santander, em São Paulo, cobrando o atendimento de reivindicações pendentes de reuniões anteriores e de novas demandas dos funcionários do banco espanhol.

A superintendente de Recursos Humanos do Santander, Fabiana Ribeiro, ouviu os dirigentes sindicais, apresentou algumas respostas, agendou reuniões específicas e ficou de levar várias questões para análise no banco.

“Cobramos soluções para os problemas dos funcionários, principais responsáveis pelo lucro de R$ 5,7 bilhões em 2014, que representa 19% do resultado global do banco”, afirma o secretário de imprensa da Contraf-CUT, Ademir Wiederkehr.

Mais empregos e fim da rotatividade

No período de 2012 a 2014, o banco fechou 4.683 postos de trabalho, uma redução de 8,7%, segundo o Dieese. No ano passado, o corte foi de 312 vagas e o quadro de funcionários caiu para 49.309.

Apesar do reajuste de 8,5 conquistado na Campanha Nacional 2014, as despesas de pessoal incluindo a PLR subiram apenas 2,01% entre 2013 e 2014.

“Essa redução das despesas é resultado do corte de empregos e da política de rotatividade, que é nociva para o banco por eliminar profissionais experientes, ruim para a sociedade que arca com o seguro-desemprego e é, sobretudo, péssima para os trabalhadores que perdem empregos e direitos”, destacou Ademir.

Houve também o fechamento de 61 agências e de 93 PABs em 2014, enquanto aumentaram os correspondentes bancários (mais 68 do Aimoré e mais 753 do Santander) e cresceu 13,8% o total de clientes do banco. Com isso, a média de clientes por funcionário que era de 595 em 2013 subiu para 631 em 2014.

“Reivindicamos mais contratações e o fim das demissões e da rotatividade, para que possamos com isso reduzir a sobrecarga de trabalho e, consequentemente, o alto índice de adoecimento e melhorar a qualidade de serviço prestada aos clientes”, enfatizou Maria Rosani, coordenadora da Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Santander.

O banco se limitou a dizer que fez 700 admissões em janeiro e fevereiro deste ano, das quais 93% foram para a rede de agências. Também informou que o quadro atual é formado por 60% de mulheres, mas que só ocupam 37% dos cargos de liderança. Ainda falou que 85% dos funcionários possuem curso superior completo ou incompleto, que 20% são negros e que a idade média é de 35 anos, sendo que os dados completos serão apresentados e discutidos em reunião sobre igualdade de oportunidades, prevista na cláusula 34ª do acordo aditivo do Santander à convenção coletiva.

“A idade média de 35 anos confirma a prática de rotatividade, pois é fruto da troca de funcionários mais antigos por novos, que entram ganhando menos do que os desligados”, ressaltou Ademir.

Os dirigentes sindicais reivindicaram novamente acesso aos dados mensais do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) do Ministério do Trabalho e Emprego.

Condições de trabalho

A melhoria das condições de trabalho nas agências, postos de atendimento e centros administrativos foi mais uma vez reivindicada pelos representantes das entidades sindicais. Eles defenderam o fim das metas individuais e da área operacional, a proibição de abertura e prospecção de conta universitária fora da jornada e do local de trabalho, o fim do desvio de funções nas agencias, envolvendo caixas, coordenadores e gerentes de atendimento e de negócios, o fim dos caixas volantes e a proibição de cobrança de metas para estagiário e menor aprendiz.

Fabiana agendou uma reunião específica, a ser realizada no dia 23 de abril, seguida de outra no dia seguinte para uma apresentação do programa de incentivos ao movimento sindical.

Modelo Certo

O Santander fez uma apresentação do chamado Modelo Certo, que está sendo implantado em toda a rede de agências. Segundo o banco, é uma nova forma de gestão, voltado aos gerentes. “Simples e integrado, que busca maior dedicação ao cliente e foco nos resultados” são os pilares.

“Para dar certo, esse modelo precisa incluir mais contratações de funcionários, acabar com as metas abusivas e o assédio moral, e melhorar as condições de trabalho”, avaliou Ademir.

Mudanças nos planos de saúde

Outra vez a representação sindical reivindicou a suspensão imediata das mudanças implementadas unilateralmente pelo banco nos planos de saúde (Bradesco e Unimed), que implicaram em aumento das mensalidades muito acima da inflação em 2012, 2013 e 2014.

“Além disso, houve cobrança por faixa etária, que vigora em quase todo o país e que trouxe enormes prejuízos aos trabalhadores da ativa e, principalmente aos trabalhadores aposentados e aos demitidos sem justa causa que fizerem opção pelo direito previsto na Lei 9.656/98”, salientou Vera Marchioni, diretora do Sindicato dos Bancários de São Paulo.

Foi solicitada uma negociação específica para encontrar formas alternativas que não inviabilizem os direitos dos trabalhadores. O banco aceitou uma reunião somente para tratar do assunto, em data a ser marcada.

Bolsas de estudo

Os dirigentes sindicais cobraram o balanço das inscrições de funcionários para a concessão do auxílio-educação para a primeira graduação, conforme garante o acordo aditivo. O banco informou que foram concedidas 1.894 bolsas e os contemplados têm prazo até o dia 20 de março para encaminhar os documentos exigidos. Do total, 55% são de renovação; e 45%, novas bolsas. A rede de agências responde por 86% dos casos.

Já a abertura das inscrições pela primeira vez para cursos de pós-graduação está prevista para o final de maio e início de junho.

SantanderPrevi

Os dirigentes sindicais cobraram a retomada do grupo de trabalho do SantanderPrevi, previsto na cláusula 37ª do acordo aditivo, para discutir o processo eleitoral, que foi suspenso por força de liminares em 2011. Houve uma primeira reunião em dezembro de 2014 e nenhuma outra foi marcada.

O prazo de conclusão dos trabalhos está definido para abril de 2015. “Queremos um processo democrático ou a migração do SantanderPrevi para o Banesprev, a exemplo das caixinhas do antigo Meridional”, destacou Camilo. “A unificação dos vários planos se previdência complementar no Banesprev, exceto o Bandeprev, seria o melhor caminho de governança para os participantes e o banco”, frisou.

O banco ficou de avaliar a demanda.

Redução de juros e isenção de tarifas

A representação sindical reivindicou novamente a redução das altas taxas de juros de empréstimos, consignado, cheque especial, cartão de crédito, bem como a isenção das tarifas bancarias para todos os funcionários ativos e aposentados do Santander.

“Além do vínculo com o banco, nós não representamos risco de inadimplência e por isso merecemos tratamento diferente dos demais clientes”, destacou Camilo Fernandes, diretor da Contraf-CUT e presidente da Afubesp, que entregou novamente um documento, resgatando debates em negociações anteriores.

O banco também ficou de avaliar a demanda.

Fim dos prepostos terceirizados nas homologações

O Santander comunicou que deixou de utilizar prepostos terceirizados na homologação das rescisões junto aos sindicatos, atendendo a reivindicação das entidades sindicais. O procedimento foi implantado em 2013, exceto na capital de São Paulo, o que motivou uma forte resistência da Contraf-CUT, federações e sindicatos.

“É uma importante vitória na luta contra a terceirização e fortalece o combate ao PL 4330 que o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), pretende colocar em votação no início de abril”, destacou Ademir.

Prêmio Tempo de Casa

Os dirigentes sindicais reivindicaram ainda que o prêmio Tempo de Casa, no valor de dois salários aos funcionários que completam 25 anos de empresa, seja também concedido para quem que fecham esse período dentro do aviso prévio. Além disso, foi proposto que o banco conceda o prêmio aos trabalhadores que se encontram afastados pelo INSS ou na condição de inaptos segundo o médico do banco.

O Santander ficou igualmente de avaliar a demanda.

Fonte: Contraf-CUT

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