ALEPA pedirá revisão do plano de reestruturação do Banco do Brasil no Pará

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apbb-22A Comissão de Direitos Humanos e do Consumidor da Assembleia Legislativa do Pará fará um pedido formal à direção nacional do Banco do Brasil de revisão do plano de reestruturação em curso desde o último dia 20 de novembro, o que inclui o não fechamento de nenhuma agência da instituição no estado, principalmente a de Mosqueiro, maior ilha distrital de Belém onde o banco pretende encerrar suas atividades no início de 2017.

Esse foi o resultado da audiência pública realizada na manhã dessa segunda-feira (19), no auditório João Batista, da Alepa, que teve a iniciativa do Sindicato dos Bancários do Pará em parceira com o deputado estadual Carlos Bordalo (PT), presidente da referida comissão.

“O Pará tem o segundo pior Índice de Desenvolvimento Humano do país e o governo Temer tem colocado em prática uma série de pacotes impopulares, que ignoram as desigualdades socioeconômicas regionais que existem em nosso país, como este de reestruturação do Banco do Brasil, que não leva em consideração as particularidades e necessidades de desenvolvimento das cidades amazônicas, como em Mosqueiro, um dos principais pólos turísticos de Belém ameaçados de ficar sem os serviços do Banco do Brasil. Esse pedido de revisão pretende reverter essa medida de fechamento de agências do banco em nosso estado”, afirmou Carlos Bordalo.

O evento contou com a participação de funcionários e delegados sindicais do Banco do Brasil, dirigentes do Sindicato dos Bancários e da ANABB-PA, da CUT e da CTB, representantes da superintendência estadual do Banco do Brasil, da Comissão de Direitos Humanos e do Consumidor da Câmara Municipal de Belém, além da Associação Pró-Turismo de Mosqueiro e moradores da ilha, a grande maioria estudantes.

Transformações tecnológicas x Realidade amazônica

apbb-11Para justificar o plano de reestruturação do Banco do Brasil, o superintendente estadual da instituição, Edvaldo Souza, fez uma longa explanação sobre as transformações tecnológicas da sociedade e a necessidade de adaptação das empresas à realidade digital contemporânea.

Para exemplificar os novos consumidores bancários, ele citou que hoje o Banco do Brasil possui 40% de suas operações financeiras feitas através de internet mobile, o que corresponde a cerca de 63 milhões de clientes em todo país. A meta do Banco do Brasil com a proposta de bancos digitais é atingir a casa de 70 milhões de clientes cibernéticos em 2017.

No Pará, o banco já fechou 2 agências em Belém agora em 2016 (Gentil e Generalíssimo) e pretende fechar mais 2 em 2017 (9 de janeiro e Mosqueiro). Em substituição a elas, o banco quer inaugurar 2 escritórios digitais voltados para realização de negócios virtuais.

Porém, o Banco do Brasil não apresentou durante a audiência justificas plausíveis para fechar agências físicas e construir bancos digitais, sobretudo em cidades da região amazônica e do nordeste, que carecem de infraestrutura urbana básica como saneamento, transporte, segurança e serviços de internet.

apbb-13“O Sindicato não é contrario a nenhuma tecnologia, mas o Banco do Brasil não conseguiu até agora dar uma justificativa convincente para o fechamento de agências. Entendemos que as tecnologias servem para melhorar o atendimento às pessoas, e não para substituir os trabalhadores por máquinas ou computadores. O Banco do Brasil tem papel fundamental para o enfrentamento da atual crise econômica e levar desenvolvimento para as comunidades mais distantes do grande centro financeiro nacional, como aqui na Amazônia. Essa reestruturação imposta pelo desgoverno Temer não dialoga com a realidade da nossa região”, pontuou o diretor do Sindicato e funcionário do Banco do Brasil, Gilmar Santos.

Mais uma reestruturação autoritária

Entre 1995 e 1996, durante o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), o Banco do Brasil também passou por um processo de reestruturação semelhante, que previu fechamento de agências, redução de quadro funcional, dentre outras medidas que também não foram dialogadas com a categoria bancária e nem com sociedade.

apbb-16Naquele período, há 21 anos, o Banco do Brasil implementou um ajuste organizacional que previa Plano de Desligamento Voluntário (PDV) e Plano de Adequação de Quadros, o qual incluía demissão de funcionários, transferências a revelia e demissão no interesse do serviço. E nem a direção do banco, nem o governo federal, se dispuseram ao dialogo com a sociedade os impactos dessa política que, entre 1997 e 1998, reduziu o quadro funcional do BB de 120 mil para 77 mil trabalhadores, e as consequências disso foram sobrecarga de trabalho e uma epidemia de suicídios no banco.

“Esse plano de reestruturação atual do governo Temer, que para mim é mais um plano de destruição do Banco do Brasil, até agora não demitiu ninguém e espero que isso de fato não ocorra, mas repete a mesma lógica autoritária dos anos de FHC, pois não discute com os trabalhadores e com a sociedade os impactos de suas medidas, como o fechamento da agência de Mosqueiro, por exemplo. Nosso grande temor é estarmos revivendo mais um período de barbárie no Banco do Brasil”, destacou o diretor do Sindicato e da ANABB-PA, Fábio Gian Pantoja.

Mosqueiro quer permanência do Banco do Brasil

apbb-3Um dos destaques do debate da audiência pública na Alepa foi o fechamento da agência do Banco do Brasil em Mosqueiro. A população da ilha se fez presente no evento de várias formas para externar seu apelo pelo não fechamento na unidade, seja lotando o plenário com cartazes e adesivos, ou através de um vídeo editado pelo Sindicato com diversos depoimentos de clientes da referida agência que pediam a manutenção da mesma.

apbb-15“É um descalabro o fechamento do Banco do Brasil em Mosqueiro. O comércio, o setor empresarial, a comunidade em geral, todos seremos muito prejudicados, principalmente os idosos. Estamos distantes a 70 quilômetros do centro de Belém, a agência mais próxima de Mosqueiro fica em Benevides, a uma distância de 40 quilômetros. Será que ninguém pensa em como ficará nossa segurança com essa medida? Será que ninguém pensa no impacto negativo para o turismo na ilha com o fechamento dessa agência? Será que ninguém pensa que a nossa economia vai acabar com o fechamento dessa agência? Nós não aceitamos a saída do Banco do Brasil da nossa comunidade!”, protestou Antônio Menezes, membro da Associação Pró-Turismo de Mosqueiro.

apbb-17“Vivemos a época do já teve. Nossa rotina de perdas de serviços em Mosqueiro tem sido constantes. Sofremos com a falta de saneamento básico, de coleta de lixo, de segurança, de serviços de saúde, de escolas decentes, e agora querem nos deixar sem serviços bancários. Como podem pensar em agência digital em Mosqueiro se o povo não tem acesso a serviços de internet? Não tem cabimento! É por isso que essa agência não pode fechar.”, afirmou o professor Lairson Azevedo, morador e cliente do Banco do Brasil em Mosqueiro.

“A população de Mosqueiro é basicamente de pequenos agricultores, pequenos comerciantes, pescadores, barraqueiros, e retirar uma agência que atende em média 60 mil pessoal na ilha é para nós uma atitude criminosa, a qual não aceitamos”, afirma José Marcos Araújo, funcionário aposentado do Banco do Brasil e presidente da CTB Pará.

“Não há razão para retirar o Banco do Brasil de Mosqueiro. A agência é superavitária e atende grande volume de idosos. Isso não é proposta de reestruturação. É matança! É um crime que não aceitamos”, destaca a funcionária do Banpará e diretora da CUT Pará, Vera Paoloni.

Abaixo assinado, Carta de Belém e encaminhamentos

apbb-21Ao final da audiência pública, os representantes do Sindicato dos Bancários e da Associação Pró-Turismo entregaram em mãos ao deputado Carlos Bordalo os abaixo-assinados que coletaram mais de 3 mil assinaturas pelo não fechamento da agência do Banco do Brasil em Mosqueiro.

Além disso, foi lida a Carta de Belém contra as medidas de reestruturação do Banco do Brasil, com destaque para o pedido de não fechamento da agência de Mosqueiro.

apbb-24A bancária da Caixa e vereadora de Belém, Sandra Batista (PCdoB), informou que enviou uma moção ao Banco do Brasil e à Caixa solicitando o não fechamento de agências na capital paraense.

O deputado Carlos Bordalo fará uso de todos esses documentos para fundamentar seu pedido de revisão junto ao Banco do Brasil. O resultado da audiência pública será levado ao plenário da Assembleia Legislativa na sessão ordinária dessa terça-feira (20).

O Sindicato dos Bancários retornará em janeiro à Mosqueiro para mais um ato público contra o fechamento da unidade do Banco do Brasil na ilha.

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Fonte: Bancários PA

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