“Onde está a mulher negra no mundo do trabalho?”

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A resposta do título desta matéria foi debatida em uma roda de conversa, no dia 5 desse mês, na sede do Sindicato dos Bancários do Pará, entre bancárias, estudantes e ativistas.

“As mulheres negras ainda continuam marginalizadas, pouca coisa mudou do tempo da escravidão explícita para cá. A escravidão continua nos dias de hoje, mas de outra forma, não vemos mais negras açoitadas e algemadas, mas vemos muitas sendo vítimas de racismo e violência seja em casa, na rua ou no local de trabalho. A maioria delas ocupa o mercado informal e quando conseguem entrar para a formalidade é para preencher as vagas de empregada doméstica, babá, servente. Cargos executivos quase não existem para elas”, destaca a idealizadora do projeto Zhinga e militante do Cedenpa, Angélica Albuquerque.

A constatação da estudante universitária pode ser vista todos os dias na vida real ou ficção, estatísticas, que foram apresentadas na roda de conversa, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) só corroboram o que muitos sabem, mas preferem não admitir: 46,7% das mulheres negras vivem do trabalho informal , 47,3% trabalham mais de 40 horas semanais e ganham em média 60% menos que o homem branco.

“Nas agências bancárias essa desigualdade existe e persiste principalmente nos bancos privados onde se tem um padrão de beleza para ser admitida: branca, alta, loira, cabelos lisos. A negra está lá nos fundos trabalhando na limpeza. É preciso que os bancos invistam na valorização da mulher negra e que os próprios colegas tenham essa consciência de respeito, pois infelizmente muitos ainda fazem e disseminam a discriminação de gênero e raça”, conta a vice-presidenta do Sindicato e bancária da Caixa, Tatiana Oliveira.

A atividade, promovida pelo Sindicato em parceria com a Marcha Mundial das Mulheres, Rede de Economia Solidária e Feminista (Resf) e CUT-PA, faz parte da campanha “#75diasdeativismo” das Mulheres Negras Amazônidas.

Além da Juliana, a roda de conversa contou com a presença da geógrafa e do Movimento Feminista Mulheres do Fim do Mundo, Fabiana Carneiro; e da museóloga, além da graduanda em Ciências Sociais e da Rede de Mulheres Negras, Juliana Damasceno.

Um dos poucos homens presentes no evento, o presidente do Sindicato e também bancário, Gilmar Santos, ressaltou a importância de debates desse gênero. “O diálogo é uma das principais armas que o ser humano tem para convencer o próximo sobre a necessidade de se fazer parte de uma luta, nesse caso da inserção, do respeito e da igualdade da mulher negra no mercado de trabalho. O Sindicato está e sempre estará de portas abertas para ações que promovam a igualdade de gênero e o combate ao racismo”.

2ª Marcha das Mulheres Negras – No dia 25 desse mês, Dia Internacional da Mulher Negra Latina Americana e Caribenha, acontece na capital paraense a 2ª Marcha das Mulheres Negras, o evento marca o encerramento dos 75 dias de ativismo das Mulheres Negra Amazônidas. Acompanhe aqui a programação.
Fonte: Bancários PA

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