Bancários do Bradesco sofrem com atendimento precário do Bradesco Saúde

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Os funcionários do Bradesco estão enfrentando sérias dificuldades no atendimento médico, laboratorial, hospitalar e odontológico em todo o país. A Contraf-CUT vem recebendo denúncias de vários sindicatos sobre os inúmeros problemas enfrentados pelos trabalhadores.

O Sindicato dos Bancários de Camaçari, por exemplo, aponta que diversas clínicas não aceitam o convênio médico. Em relação aos dentistas, o atendimento é só para limpeza dental. A alegação é de que os valores repassados pelo Bradesco Saúde não cobrem os serviços. O resultado é que bancários e dependentes têm de pagar para fazer os procedimentos. O banco ainda demora no reembolso das despesas.

“O Bradesco Saúde está defasado em 22 anos. A base de cobertura é ainda de 1990 quando houve a sua contratação. A cobertura não se modernizou conforme os avanços da medicina e dos novos procedimentos médicos que se popularizaram. Nosso plano está atrasado”, afirma Walcir Previtale, secretário de Saúde do Trabalhador da Contraf-CUT e funcionário do Bradesco.

Outro problema é a limitação para fazer procedimentos em uma mesma especialidade. Se o médico solicitar ao paciente um exame do ombro e outro da coluna, o usuário tem de escolher apenas um. O outro só pode ser feito após 30 dias. Isto porque o convênio não autoriza.

A situação acontece em hospitais e clínicas de diversas cidades, inclusive Salvador, como o Hospital São Rafael. Alguns locais negam atendimento até em consultas e autorizam apenas em caso de emergência.

“Problemas como estes estão acontecendo em todo o país. Os funcionários não possuem atendimento de diversas especialidades. Há bancários de outros bancos que possuem o plano de saúde do Bradesco e têm direito a um atendimento mais abrangente e com mais especialidades do que o dos próprios funcionários do banco, que tem o chamado ‘seguro saúde'”, explica Elaine Cutis, diretora da Contraf-CUT e coordenadora da Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Bradesco, órgão da Contraf-CUT que assessora as negociações com o banco.

A mesma denúncia é feita pelo Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro. “Quando um funcionário ou algum dependente telefona para marcar uma consulta, exame ou internação, a primeira preocupação da pessoa que atende do outro lado da linha é com o tipo de plano. Se for do Grupo Bradesco, que é o caso dos funcionários do banco, o atendimento é negado”, denuncia o diretor do Sindicato, Marcelo Pereira.


Participação dos trabalhadores

A expectativa dos trabalhadores é que o banco apresente soluções efetivas para todas estas questões que já foram levadas para a mesa de negociação. “Temos que discutir com o banco a questão da participação dos bancários na microrregulação do plano. Queremos que o movimento sindical tenha participação no processo de melhoria das condições de atendimento. Precisamos discutir como vamos conduzir esta negociação”, destaca Walcir.

A situação é tão precária, avalia o dirigente da Contraf-CUT, que o plano do funcionários do Bradesco sequer é regulado pela lei 9656/98, da Agência Nacional de Saúde, que rege os planos de saúde do país, já que é anterior à lei. “A ANS não alcança nosso plano. Qualquer contrato hoje é obrigado a ter atendimento psiquiátrico, psicológico, de nutricionista ou de fonoaudiologia, enquanto os bancários estão totalmente desassistidos nestas áreas”, critica Walcir.


Reivindicações

Um dos principais focos das reivindicações dos bancários é a inclusão de áreas ligadas à saúde mental, como psicologia e psiquiatria, hoje não atendidas pelo Bradesco Saúde.

A ampliação do número de médicos da rede credenciada também está em pauta, especialmente fora dos grandes centros. Os bancários de municípios pequenos, especialmente no interior dos estados, ficam sem acesso ao plano de saúde. “Cobramos o credenciamento de profissionais em todas as localidades em que houver agências do banco”, ressalta Elaine.

Os bancários reivindicam também a manutenção do plano de saúde após a aposentadoria. Hoje, o trabalhador que se aposenta perde o direito ao plano após deixar o banco. Isso gera um grande problema, uma vez que entrar em outro plano já com idade avançada é muito caro. “Os funcionários ficam sem qualquer proteção após deixarem o banco. Esta é uma prova do descaso da empresa para quem dedicou uma vida de serviços. Essas pessoas acabam gastando da própria aposentadoria para contratar um plano de saúde no mercado”, critica Elaine.
OdontoPrev

Outro problema grave enfrentado pelos bancários do Bradesco é o serviço prestado pelo convênio odontológico que oferece aos funcionários. Muitos profissionais têm deixado o plano por conta do aumento da burocracia após a fusão da OdontoPrev com o Bradesco, criando a rede UNNA.

Com isso, o plano que já tinha poucos profissionais em diversas regiões passou a ser quase nulo em algumas localidades. “Tem ocorrido um verdadeiro descredenciamento em massa no odontológico. É preciso resolver essa situação e garantir um atendimento de qualidade para todos os bancários”, salienta a diretora da Contraf-CUT.

Além disso, a tabela de pagamento do OdontoPrev é considerada baixa pelos dentistas e o resultado é um grande número de descredenciamentos, penalizando funcionários que chegaram a interromper tratamentos. “Essa situação é inadmissível, pois a saúde bucal, além de ser importantíssima, interfere diretamente na autoestima das pessoas”, observa Elaine.

“O plano é atrasado, não cobre procedimentos modernos e que hoje foram popularizados. No máximo temos a cobertura para arrancar e obturar dente. É uma vergonha”, conclui Walcir.

 

 

Fonte: Contraf-CUT com sindicatos

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