Caixa segue Banco do Brasil e confirma redução de taxas de juros

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Um dia após o Banco do Brasil ter lançado um pacote de redução de juros, sob a pressão da presidente Dilma Roussef, a Caixa Econômica Federal confirmou evento para anunciar medidas semelhantes nas suas linhas de crédito.

O banco público informará os novos valores a partir desta segunda-feira (9), em São Paulo. O programa, chamado de Caixa Melhor Crédito, será similar ao do Banco do Brasil, com diminuição das taxas para consumidores e para as pequenas e micro empresas.

O movimento de redução das taxas nos bancos públicos atende ao chamado da presidente Dilma Roussef, que tem o assunto como uma de suas prioridades. A iniciativa é uma forma de acirrar a concorrência com os bancos privados e estimular a economia para garantir um crescimento de 4% neste ano, como informou reportagem da Folha de S.Paulo.

No lançamento do pacote de estímulo na última segunda (2), a presidente fez uma crítica ao custo do crédito no Brasil e cobrou a redução das taxas.

“Eu concordo que é necessário fazer no Brasil a discussão sobre os spreads. Eu acho que tecnicamente, não faço considerações políticas, é difícil achar explicações para os níveis de spreads no Brasil”, disse.

O spread bancário representa a diferença entre a taxa que os bancos pagam para captar recursos e os juros cobrados dos clientes. 

Coube ao presidente da Caixa, Jorge Hereda, informar que os clientes contam com juros mais baixos no cheque especial, cartão de crédito, crédito direto ao consumidor (CDC), crédito consignado e financiamento de veículos, além da disponibilidade de um novo cartão para aqueles que recebem salário pelo banco estatal. 

O objetivo dos dois bancos estatais é induzir os bancos privados a também oferecer taxas mais baixas para o público em geral. A Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) está negociando uma audiência com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, para discutir a questão ainda esta semana. 

Ao anunciar as mudanças, na capital paulista, o presidente da Caixa disse que a redução dos juros chega a 88% ao ano e o volume de recursos destinados às operações de crédito aumentou 24% em relação ao ano passado, totalizando R$ 300 bilhões este ano. Hereda ressaltou que as medidas foram pautadas por critérios técnicos, amparados na análise da carteira de crédito e no nível de risco das operações. 

Mudanças – Clientes de outros bancos também poderão se beneficiar das taxas de juros mais baixas do banco estatal. A Caixa lançou um plano para estimular as pessoas a renegociar dívidas caras, mesmo contraídas em outras instituições bancárias, por dívidas com taxas de juros mais baixas ou prazos mais longos. 

Para o cheque especial, os juros passam de 8,25% ao mês (a.m.) para 4,27%, podendo chegar a 1,35% dependendo do relacionamento do cliente com o banco. Quem têm crédito salário terá redução da taxa de 8,185 a.m. para 3,5% a.m. No ano, a redução deve chegar a 67%. Segundo a Caixa, serão beneficiados 5 milhões de clientes que já usam o cheque especial. 

Para o cartão de crédito nacional (para uso exclusivo no Brail), os juros devem cair dos atuais 12,86% para 9,47% ao mês. Para o cartão internacional, a taxa cai de 12,17% para 8,8% a.m. No caso do Cartão Azul Caixa, para clientes que recebem o salário pelo banco, a taxa de juros mensal vai ficar em 2,85% a.m., queda de 87% na taxa anual. 

Para o CDC e o crédito consignado, a redução anual será 34%. No CDC, as taxas foram reduzidas de 5,4% para 3,88%. Para os clientes com conta-salário, a redução anual chega a 54%, passando de 4,65% a.m. para 2,39% a.m. De acordo com dados da Caixa serão beneficiados 4,2 milhões de clientes. 

No consignado, a taxa passou de 2,82% para 1,95% ao mês. Para os aposentados, caiu de 2,14% para 1,8%, beneficiando 15 milhões de pessoas. 

A taxa para o financiamento de veículos foi reduzida de 1,19% para 0,98%. 

Para pessoa jurídica, as taxa passam de 2,72% para 0,94% ao mês, redução de 68,73% do custo anual. Serão destinados R$ 8 bilhões para financiar capital de giro. O prazo máximo de pagamento foi estendido de 18 para 40 meses e os limites de contratação passaram de R$ 60 mil para até R$ 1 milhão. A Caixa prevê beneficiar 680 mil empresas.

BB – O Banco do Brasil lançou ontem o programa de ampliação e redução do crédito. Os limites de crédito para micro e pequenas empresas foram ampliados em R$ 26,8 bilhões e em R$ 16,3 bilhões para as pessoas físicas.

Os juros para o financiamento dos veículos, por exemplo, tiveram redução de 19% sobre os valores cobrados hoje. Em geral, as linhas para a aquisição de bens e serviços de consumo caíram 45%. Houve queda também nas taxas para aposentados da Previdência Social.

“Vamos reduzir os spreads, aumentar a oferta de crédito, estimular o uso consciente do crédito e ainda atrair novos clientes no contexto da Livre Opção Bancária”, avaliou, em nota divulgada na quarta-feira (4), o presidente do Banco do Brasil, Aldemir Bendine.

Reação – O mercado reagiu mal à iniciativa do Banco do Brasil, que foi entendida como um sinal de interferência política. As ações fecharam em queda de 5,91% ontem e levaram junto os papéis de outros bancos: Itaú Unibanco recuou 3,08% e Bradesco e Santander caíram 3,08% e 1,79%, respectivamente.

“Respondemos a isso dizendo que vamos aumentar o número de clientes e o volume de empréstimos. Em 2009, quando emprestamos na crise, as ações caíram, mas isso foi decisivo para aumentar nossa participação de mercado”, disse ontem Paulo Rogério Caffarelli, vice-presidente do BB.

Fonte: Folha.com

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