Caixa supera Bradesco em crédito e atinge R$ 297,6 bilhões em junho

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MONEYA orientação do governo de estimular a economia por meio dos bancos públicos levou a Caixa Econômica Federal a ultrapassar o tamanho da carteira de crédito do Bradesco. Com R$ 297,6 bilhões no fim de junho, o portfólio da instituição cresceu 44,6% num intervalo de 12 meses.

A Caixa encerrou o semestre com o terceiro maior volume de empréstimos do mercado, atrás apenas do Banco do Brasil (que divulga seus resultados na próxima semana) e do Itaú Unibanco (R$ 356,8 bilhões em junho).

“A política de reduzir os custos de crédito se mostrou correta. Conseguimos ganhar participação de mercado sem piorar a inadimplência”, disse ontem o presidente da Caixa, Jorge Hereda, em entrevista para comentar os resultados do segundo trimestre.

No fim de junho, a carteira de crédito da instituição equivalia a 13,7% do mercado. A participação da Caixa nesse bolo subiu 2,5 pontos percentuais em um ano e a expectativa de Hereda é que chegue a 15% até dezembro.

O aumento das operações de crédito levou a uma piora nos indicadores de liquidez da instituição. O índice de Basileia, que mede a capacidade de alavancagem dos bancos, estava em 12,9% em junho. Era de 14,5% um ano antes.

A direção do banco prevê que a Caixa terminará o ano com um volume de empréstimos de R$ 354 bilhões, alta de 42% ante 2011. A expansão tem sido liderada pelo segmento comercial, que inclui empresas e pessoas físicas.

Apesar do aumento nas operações de crédito, o índice de inadimplência da Caixa ficou em 2,04% em junho – estável na comparação com o mesmo período do ano passado e 0,03 ponto percentual inferior ao de março. Joga a favor do banco o fato de mais da metade de sua carteira corresponder a financiamentos para o setor imobiliário, em que os calotes tendem a ser menores que os de outros segmentos, como veículos.

Entre abril e junho, a Caixa teve lucro líquido de R$ 1,7 bilhão, o que representa alta de 15,1% ante o mesmo período do ano passado. O aumento foi impulsionado pelo resultado das operações de crédito, que subiram 29% e totalizaram R$ 8,4 bilhões.

Com maior oferta, a Caixa elevou em 39,7% as despesas com provisões contra créditos de liquidação duvidosa, para R$ 2 bilhões.

Lançado em abril, o Programa Caixa Melhor Crédito (PCMC) – pelo qual a instituição reduziu as taxas de juros cobradas em diversas modalidades – foi o motor dos resultados do banco. As contratações de crédito feitas sob esse programa somaram R$ 31,9 bilhões no segundo trimestre. O número indica alta de 57,6% ante os três meses anteriores, quando o PCMC ainda não havia sido instituído.

O programa foi implementado por influência do governo federal, que passou a pressionar os bancos a reduzir os spreads das operações de crédito (diferença entre os custos de captação e as taxas repassadas aos clientes) como forma de impulsionar a economia. Os bancos estatais têm sido as instituições mais agressivas nesse processo.

Na Caixa, a taxa de juros média para pessoas físicas estava em 27,8% no fim de junho, ante média de 36,5% no mercado. Para pessoa jurídica, a média do banco ficou em 14,3%, ante 23,8% no mercado como um todo.

Dentro do PCMC, o produto mais requisitado foi o capital de giro para pequenas e médias empresas. Foram contratados R$ 5,5 bilhões de abril a junho, em comparação a apenas R$ 145 milhões no mesmo período de 2011.

As taxas menores atraíram mais clientes para o banco. A Caixa conquistou 1 milhão de novos correntistas entre abril e junho, elevando o total para 20,8 milhões. As contas de poupança cresceram menos: foram 647 mil novos registros, totalizando 44,5 milhões.

“Estamos atraindo clientes novos e retendo os que já tínhamos, mas sem nenhum tipo de flexibilização do risco”, assegurou o vice-presidente de controle e risco da Caixa, Raphael Rezende.

Com a procura maior, o banco aumentou de R$ 286 bilhões para R$ 320 bilhões sua previsão para as contratações de crédito neste ano. Se confirmado, o número representará um salto de 34,4% em relação a 2011.

Para fazer frente à demanda, a Caixa deve receber uma injeção de capital até o fim deste ano. Segundo Hereda, o Ministério da Fazenda já confirmou o aporte, mas o valor ainda não está definido.

Fonte: Valor Econômico

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