Contraf questiona BB sobre reestruturação com demissões no Votorantim

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A Contraf-CUT está questionando a reestruturação que o Banco do Brasil pretende implantar no Banco Votorantim. “Uma coisa é acabar com a farra dos altos executivos do banco hoje com participação do BB, que emprestavam sem nenhum rigor para receberem bônus milionários e deixarem carteiras de alto risco para a empresa. Outra coisa é o banco querer penalizar o conjunto dos trabalhadores que produzem a riqueza da empresa no dia a dia e ainda querer transformar o Votorantim em mais um correspondente bancário do BB”, afirma William Mendes, secretário de formação da Contraf-CUT.

A reestruturação do Votorantim foi tema de longa reportagem na edição de segunda-feira (9) do jornal Valor Econômico. Os dados revelam que uma reviravolta é necessária no banco, mas o modelo desenhado reforça a gestão privada, distanciando-se do perfil de banco público.

Bancários rejeitam demissões – Segundo o Valor Econômico, “enquanto a reforma não estiver pronta, o Votorantim não vai voltar a crescer. Por isso, se a instituição ficará menor em termos de negócio, também terá uma estrutura menor. Nos próximos meses, o banco deve passar por um significativo corte de pessoal”.

Departamentos como jurídico, de recursos humanos e de governança, que antes tinham estruturas duplicadas para o banco e para a financeira BV, estão sendo unificados. “O corte de custos vai nos capacitar a crescer”, afirmou João Roberto Gonçalves Teixeira, presidente da instituição.

A Contraf-CUT discorda do modelo de ajuste e rejeita demissões de trabalhadores. “Em vez de fazer cortes de pessoal, o BB deve oferecer treinamento e especialização aos funcionários, a fim de melhorar a qualidade do crédito e reduzir a inadimplência”, defende William Mendes.

Novo correspondente bancário do BB – Conforme o jornal, “o Votorantim voltará às origens, concentrando esforços no crédito para usados. O trabalho de gerar operações para o BB em concessionárias continuará, mas com uma nova roupagem. O Votorantim será uma espécie de correspondente bancário do banco estatal. Será remunerado por operação gerada nas concessionárias, sem ter de manter os financiamentos em balanço e usar seu custo de captação mais elevado”.

“A proposta de transformar o Votorantim em mais um correspondente do BB está na contramão da universalização dos serviços bancários”, denuncia William.

“Queremos que o BB abra agências e postos de atendimento para garantir inclusão bancária com emprego decente, qualidade de atendimento, segurança e sigilo protegidos”, aponta o diretor da Contraf-CUT.

Bônus milionários para executivos – O Valor apurou que os salários dos executivos do alto escalão, por exemplo, giravam entre R$ 30 mil e R$ 40 mil, mas os bônus superavam os milhões. Kuzuhara (ex-presidente) ganhou R$ 13 milhões num só ano. Os vice-presidentes ganharam um pouco menos, R$ 11 milhões. Mesmo em 2011, quando o BV teve prejuízo, os bônus individuais iriam alcançar R$ 4 milhões. Iriam. O Banco do Brasil proibiu a distribuição, dado o péssimo resultado do banco.

Em 2010, como comparação, a média paga pelo Bradesco aos diretores foi de R$ 3,7 milhões por executivo; no Itaú, R$ 8,1 milhões (R$ 5,2 milhões em bônus); e no Santander, R$ 4,7 milhões (R$ 2,8 milhões em bônus). Seguindo o que acontece nas empresas estatais, o Banco do Brasil tem uma remuneração mais baixa, de R$ 717 mil (R$ 246 mil em bônus).

Essa política de remuneração estimulava o banco a gerar gigantescas carteiras de crédito, que em seguida eram revendidas com lucro. Até o ano passado, as regras contábeis permitiam que o resultado com a venda de uma carteira fosse registrado no ato da transação. O problema é que, de acordo com os contratos, o prejuízo gerado por essas carteiras em caso de inadimplência precisa ser coberto pelo próprio Votorantim.

Festas para correspondentes bancários – Segundo o jornal, o banco também promovia festas anuais regadas a sorteios milionários aos seus correspondentes bancários.

“Carros de luxo, como BMWs e Hondas CRV, também eram distribuídos aos melhores vendedores. Embora a distribuição de prêmios seja praxe entre as financeiras, no caso da BV os mimos eram mais extravagantes. O Valor conversou com dois correspondentes que consideravam o Votorantim a instituição com os melhores incentivos do mercado”, revela o jornal.

Bancários querem discutir reestruturação – “A reportagem do Valor Econômico mostra a importância de discutir a reestruturação do Votorantim, seja na perspectiva de compreender o papel do banco para a atuação do BB, seja para proteger os direitos dos trabalhadores diante do processo de ajuste”, ressalta William.

“O BB é um banco cada vez mais competitivo no mercado, mas não pode abandonar o perfil de instituição pública para alavancar o desenvolvimento econômico e social, gerar empregos e renda, combater as desigualdades, garantir inclusão bancária para todos os brasileiros e assegurar condições dignas de trabalho para os seus funcionários”, conclui o dirigente da Contraf-CUT.

Fonte: Contraf-CUT com Valor Econômico

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