Resistência contra retrocessos tem que vir de baixo para cima

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Segundo o jurista Wolfgang Daubler, a resistência na Alemanha acontece dentro das empresas

Fortalecer a organização no local de trabalho e reduzir a produtividade das empresas, com greves e paralisações, são ações fundamentais para enfrentar a Reforma Trabalhista. Esta afirmação foi feita pelo jurista alemão Dr.Wolfgang Daubler, baseada na experiência de seu país, no “Seminário Reforma Trabalhista na Alemanha e no Brasil: impactos e desafios”, que aconteceu na sede da CUT, na manhã desta terça (7), promovido com apoio da FES (Friedrich Ebert Stiftung).

“Temos que manter diálogo com o empregador, ir contra a Reforma Trabalhista tem que vir de baixo para cima. Os empregadores não vão se sair bem, estavam melhor com Lula e Dilma. Na democracia as condições de produzir são melhores do que em uma ditadura. O medo e as consequências das retiradas de direitos sociais vão se reverter contra os patrões”, contou Dr.Wolfgang, que participou do evento via conferência pela internet. “Quando as pessoas se queixam para a comissão no local de trabalho, tem assembleia , podem ocorrer paralisações e isso vai contra o interesse do empregador. A resistência na Alemanha acontece dentro das empresas”, complementou o alemão, para a plateia lotada de homens e mulheres de entidades sindicais de vários ramos.

Além da Reforma da Previdência, que tenta acabar com o direito de envelhecer dignamente, prestes a votar no Congresso Nacional , a terceirização ilimitada e o aumento do período dos contratos de trabalhos temporários que já estarão valendo no Brasil, a partir da próxima segunda (12). A Lei 113467 da Reforma Trabalhista foi sancionada este ano pelo ilegítimo presidente Michel Temer com apoio de seus aliados. A nova lei muda mais de 100 pontos da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho).

“Sabemos que vai afetar todos e todas, ninguém ficará de fora. Setores público e privado, o campo e a cidade serão atingidos. Temos uma oportunidade muito grande para aprofundarmos o debate neste seminário e construirmos ações de enfrentamento a todas essas nefastas políticas”, complementou o secretário de Finanças da CUT, Quintino Severo.

A Alemanha também passou por reformas sociais e trabalhistas no inicio dos anos 2000, orientadas pela chamada Agenda 2010 no governo do Chanceler Schroder, do Partido Social Democrata (SPD). A Reforma Trabalhista abriu espaço para flexibilização das condições de trabalho, como aumentar o prazo do contrato temporário para tempo indeterminado e acabando com o seguro desemprego de lá. Só nos últimos anos, a partir da atuação do próprio SPD, e também da pressão dos sindicatos e da Central Sindical DGB, foi possível implantar melhorias sociopolíticas, como a introdução do salário mínimo, entre outras.

“Temos que manter diálogo com o empregador. Ir contra a Reforma Trabalhista tem que vir de baixo para cima. Os empregadores não vão se sair bem, estavam melhor com Lula e Dilma. Na democracia as condições de produzir são melhores do que em uma ditadura. O medo e as consequências das retiradas de direitos sociais vão se reverter contra os patrões”, contou Dr.Wolfgang.

Para a secretária das Relações de Trabalho da CUT, Graça Costa a troca de experiências entre Alemanha e Brasil fortalece a classe trabalhadora. “Resgatar a solidariedade internacional e ouvir quem viveu, como foi o resultado e o enfrentamento contra esta ‘antirreforma’ é fundamental para continuarmos o nosso caminho e encontrarmos estratégias em defesa dos trabalhadores e das trabalhadoras brasileiras”, destacou a secretária de Relações do Trabalho da CUT, Graça Costa.

Para a vice-presidenta da FES, Katharina Hofmann, o mundo está vivendo uma onda conservadora e a reforma trabalhista vem nesta onda e precisamos estar preparados para resistir. “O Brasil é um país importante na América Latina e a reforma vai influenciar outros países na região, um exemplo negativo pra região. O sistema sindical vai sofrer e temos que nos preparar” explicou.

 

Fonte: CUT

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