A Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) não só frustrou, como agiu de forma desrespeitosa com os bancários ao apresentar uma proposta para a categoria com um reajuste de 5,5% no salário, também na PLR e nos auxílios refeição, alimentação, creche e abono de R$ 2.500,00, durante a rodada de negociação desta sexta-feira (25), em São Paulo. O reajuste está muito abaixo da inflação, que ficou em 9,88%, em agosto deste ano.
Diante da intransigência dos banqueiros em atender às reivindicações da categoria, as quais abrangem reajuste de 16% (incluindo 5,7% de aumento real), o Comando Nacional dos Bancários aprovou um calendário de mobilizações para pressionar os bancos, apontando para greve a partir de 6 de outubro, orientação que será deliberada em assembleias dos trabalhadores nos dias 1° e 5 de outubro em todo o País.
“Essa proposta, pra lá de indecente, não chega perto sequer de repor a inflação de 9,88%, e representa perdas de 4% para os bancários e bancárias, o que é inadmissível diante de lucros bilionários que vão à contramão da crise. Não nos resta alternativa que não seja a greve; e essa é a orientação do Comando para toda a categoria, de rejeição da proposta e deliberação de greve por tempo indeterminado”, orienta a presidenta do Sindicato, Rosalina Amorim, que acompanhou quase todas as rodadas de negociação em São Paulo.
Dados do Caged comprovam que o setor bancário ganha com os cortes. São 22.136 empregos a menos entre janeiro de 2012 e junho de 2015, quando o lucro cresceu 18%, de R$ 52 bi para R$ 62 bi (dados dos balanços do BB, Caixa, Itaú, Bradesco, Santander, HSBC e Safra). Com a rotatividade são dispensados trabalhadores com salários mais altos e os que são admitidos ganham em média 42% menos.
Assembleia no Pará será dia 1º de outubro
O Sindicato dos Bancários do Pará convoca todos os bancários e bancárias para assembleia geral extraordinária no dia 1º de outubro (quinta-feira), às 19 horas, na sede da entidade em Belém (Rua 28 de setembro, 1210 – Reduto – entre Doca e Quintino), para avaliar e deliberar sobre a rejeição da contraproposta apresentada pela Fenaban; e deliberação da greve, por tempo indeterminado, a partir do dia 6 de outubro.
Esse intervalo de 5 dias para o início oficial da greve vai de acordo com a Lei de Greve (7.783/89), que estabelece um prazo de 72 horas entre a assembleia deliberativa e o primeiro dia de paralisação por tempo indeterminado.
Caso a greve seja aprovada, o aviso de paralisação será publicado pelo Sindicato dos Bancários do Pará em jornal impresso, nos veículos oficiais de comunicação da entidade, para que a categoria bancária e a sociedade em geral, sejam informadas de forma objetiva e transparente sobre o movimento paredista, como sempre é feito.
No dia 5 de outubro, um dia antes da greve, ocorre a assembleia de organização do movimento paredista, às 19 horas, também na sede do Sindicato.
3 dias de luta antes da assembleia de greve
Sindicatos de todo o país irão intensificar ainda mais a mobilização e pressão contra os banqueiros durante os 2 dias que antecedem a assembleia deliberativa e também no dia 1º de outubro.
Nos dias 29, 30 de setembro e 1º de outubro, o Sindicato dos Bancários do Pará vai às ruas em atos públicos. Em breve divulgaremos os locais e horários das manifestações.
Confira a proposta dos bancos:
Reajuste de 5,5% (representa perda de 4% para os bancários em relação à inflação de 9,88%);
Piso portaria após 90 dias – R$ 1.321,26;
Piso escritório após 90 dias – R$ 1.895,25;
Piso caixa/tesouraria após 90 dias – R$ 2.560,23 (salário mais gratificação, mais outras verbas de caixa);
PLR regra básica – 90% do salário mais R$ 1.939,08, limitado a R$ 10.402,22. Se o total ficar abaixo de 5% do lucro líquido, salta para 2,2 salários, com teto de R$ 22.884,87;
PLR parcela adicional – 2,2% do lucro líquido dividido linearmente para todos, limitado a R$ 3.878,16;
Antecipação da PLR – Primeira parcela depositada até dez dias após assinatura da Convenção Coletiva. Pagamento final até 01/03/2016;
Regra básica – 54% do salário mais fixo de R$ 1.163,44, limitado a R$ 6.241,33 e ao teto de 12,8% do lucro líquido – o que ocorrer primeiro;
Parcela adicional – 2,2% do lucro líquido do primeiro semestre de 2015, limitado a R$ 1.939,08;
Auxílio-refeição – R$ 27,43;
Auxílio-cesta alimentação e 13ª cesta – R$ 454,87;
Auxílio-creche/babá (filhos até 71 meses) – R$ 378,56;
Auxílio-creche/babá (filhos até 83 meses) – R$ 323,84;
Gratificação de compensador de cheques – R$ 147,11;
Requalificação profissional – R$ 1.294,49;
Auxílio-funeral – R$ 868,58;
Indenização por morte ou incapacidade decorrente de assalto – R$ 129.522,56;
Ajuda deslocamento noturno – R$ 90,67.
Confira as reivindicações da categoria:
Reajuste salarial de 16%. (incluindo reposição da inflação mais 5,7% de aumento real);
PLR: 3 salários mais R$7.246,82;
Piso: R$3.299,66 (equivalente ao salário mínimo do Dieese em valores de junho último);
Vales alimentação, refeição, 13ª cesta e auxílio-creche/babá: R$788,00 ao mês para cada (salário mínimo nacional);
Melhores condições de trabalho com o fim das metas abusivas e do assédio moral que adoecem os bancários;
Emprego: fim das demissões, mais contratações, fim da rotatividade e combate às terceirizações diante dos riscos de aprovação do PLC 30/15 no Senado Federal, além da ratificação da Convenção 158 da OIT, que coíbe dispensas imotivadas;
Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS) para todos os bancários;
Auxílio-educação: pagamento para graduação e pós;
Prevenção contra assaltos e sequestros: permanência de dois vigilantes por andar nas agências e pontos de serviços bancários, conforme legislação. Instalação de portas giratórias com detector de metais na entrada das áreas de autoatendimento e biombos nos caixas. Abertura e fechamento remoto das agências, fim da guarda das chaves por funcionários;
Igualdade de oportunidades: fim às discriminações nos salários e na ascensão profissional de mulheres, negros, gays, lésbicas, transexuais e pessoas com deficiência (PCDs);
Fonte: Bancários PA e Contraf-CUT