Feminicídio e racismo: Mulher é assassinada em Belém. Preto é assassinado em Porto Alegre

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Duas famílias em luto nos extremos do Brasil. Leila Arruda, de 47 anos, foi vítima de feminicídio, o autor é o ex-companheiro dela com quem foi casa por mais de 20 anos. João Alberto Silveira Freitas, de 40 anos, foi espancado e morto por dois homens brancos, seguranças de uma rede de supermercados na véspera do Dia da Consciência Negra. Além das mortes, os dois têm em comum a cor da pele.

Duas tristes provas que ainda vivemos em um país machista e racista. Ignorar a existência dos dois, já é um exemplo da existência de ambos. A única forma de combatê-los começa com a educação: ler autores negros e mulheres que escrevam ou falem sobre como combater o machismo, é apenas um dos exemplos.

O Sindicato dos Bancários do Pará se solidariza com os familiares e amigos enlutados, e por todos e todas aqueles que um dia perderam alguém para o feminicídio e quem já foi vítima de racismo,  e repudia essas e todas as formas de opressão que matam todos os dias.

Os dois temas fazem parte de bandeiras de luta na categoria bancária, que através do Comando Nacional dos Bancários conquistou, neste ano, um aditivo à Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) que dá as diretrizes para a criação de um programa de prevenção à prática de violência doméstica e familiar contra bancárias, que também garante o apoio àquelas que forem vítimas.

Nessa semana, durante a retomada da mesa permanente de Igualdade de Oportunidades foi proposto na reunião que a mesa bipartite também passasse a ter ações permanentes de combate ao racismo.
A mesa concordou que é necessário que, tanto na questão de gênero como no combate ao racismo, sejam feitas duas frentes de trabalho. Uma de atendimento às vítimas e outra educativa e de conscientização, dentro dos bancos.

Feminicídio no Pará

O número de casos de feminicídio no estado praticamente dobrou em um comparativo entre os oito primeiros meses de 2019 e 2020. No ano passado, entre janeiro e 10 de agosto, a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Pará (Segup) registrou 20 casos de feminicídio, sendo três na Região Metropolitana de Belém (RMB). Já em 2020, o número subiu para 39 – um aumento de 95%. Desses, oito foram computados na RMB.

Canais de atendimento

Segundo a Fundação ParáPaz, há atualmente no Pará 13 polos especializados e integrados com a Polícia Civil no que tange ao atendimento e acolhimento das vítimas de violência, sendo três na RMB e 10 nos interiores, abrangendo as regiões do Xingu; Guajarina; Carajás; do Lago; zona Bragantina; Marajó Ocidental; Sudeste e Baixo Amazonas.

O Pará também conta com unidades especializadas de atendimento à mulher em pelo menos 23 locais: três na RMB (Belém, Ananindeua e Marituba) e 20 em cidades do interior. Além disso, todas as delegacias podem receber denúncias de violência contra a mulher. Nesses casos, as divisões encaminham as ocorrências para as unidades especializadas.

Discriminação racial no mercado de trabalho

Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD-C) trimestral, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a taxa geral de desocupação é de 13,3%. Entre os pretos alcança 17,8%. Considerando apenas os brancos, é de 10,4%.

Os números apontam que cerca de 11 milhões de trabalhadoras foram para a inatividade, sem condições de trabalhar ou procurar emprego; outros 8 milhões foram para o trabalho em casa (home office); quase 10 milhões tiveram seu contrato de trabalho suspenso ou redução da jornada de trabalho. Outros 13 milhões continuaram desempregados.

Grandes e médias empresas e até os três maiores bancos privados do país (Bradesco, Itaú e Santander), que obtiveram lucro que soma R$ 36 bilhões nos nove primeiros meses de 2020, demitiram funcionários.

 

 

Fonte: Bancários PA com Contraf-CUT e O Liberal

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