Luta contra o racismo e violência marca início da jornada das mulheres

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As mulheres vivem duplo preconceito e precisam lutar contra todos os tipos de violência e pelo fim do racismo. Estas lutas são diárias, mas elas ficam ainda mais intensas e visibilizadas durante a “Campanha pelo Fim da Violência contra as Mulheres” que acontece todos os anos em diversos países, e que começa nesta sexta-feira (20) no Brasil.

No mundo, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), a campanha de promoção, debate e denúncia às várias formas de violência contra as mulheres começa dia 25, no Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres.

No Brasil, começa no dia 20 de novembro, Dia da Consciência Negra. As brasileiras começaram a tratar do assunto no dia que relembra a morte do líder negro Zumbi dos Palmares para enfatizar a dupla discriminação sofrida pela mulher negra no país. E é por isso que os 16 dias de ativismo da campanha da ONU, no Brasil se transformaram em 21 dias.

“A gente luta todos os dias para combater todas as formas de violência que o machismo e o racismo estruturais nos impõem e a pandemia expôs mais ainda”, afirma a secretária da Mulher Trabalhadora da CUT, Juneia Batista.

“Durante o isolamento, muitas mulheres tiveram que deixar o trabalho para cuidar dos filhos e da casa e a população negra foi ainda mais impactada pela crise sanitária e isso é uma violência contra nós, mulheres. Para nós, estes 21 dias de denúncia e luta são essenciais”, completou a secretária

Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e publicada nesta semana, mostraram que mais de 6, 4 milhões de homens e mulheres negros saíram da força de trabalho durante a pandemia. Entre os brancos, o número de pessoas nessa mesma situação chegou a 2,4 milhões.

A participação da mulher no mercado de trabalho no país caiu ao menor nível em 30 anos. No segundo trimestre deste ano, segundo dados do IBGE, as mulheres representaram 46,3% da força de trabalho. O índice considera as mulheres que trabalham e procuram emprego. É o menor número desde 1990, quando o índice foi de 44,2%.

As mulheres negras foram fortemente afetadas. Mais de 887 mil trabalhadoras com carteira assinada foram demitidas, 620 mil sem carteira, 886 mil trabalhadoras domésticas e 875 mil trabalhadoras por conta própria.

Para a secretária da Mulher Trabalhadora da CUT Brasília, Thaísa Magalhães, é muito importante a CUT fazer parte da campanha de 21 dias de ativismo para reconhecer o que a mulher sofre no mundo do trabalho, principalmente as negras, pois esta é também é uma forma de violência.

“É uma violência que impede a mulher da emancipação”, afirma Thaísa.

De acordo com ela, muitas mulheres vítimas de violência doméstica não saem de casa porque não têm um trabalho fixo, porque têm medo de não ter como cuidar das crianças. “E as mulheres e negras são as mais penalizadas nas crises porque são elas que estão no trabalho informal, que vivem em regiões mais vulneráveis socialmente e ainda estão mais expostas a violência”.

A dirigente afirma que tudo que interessa para mulher trabalhadora, interessa à CUT. Por isso, “não faz sentido a gente fazer uma campanha de ativismo feminismo sem incluir no dia 20”.

Os 21 dias de ativismo terminam no dia 10 de dezembro, no Dia Internacional dos Direitos Humanos.

Origem da Campanha

Os 16 dias de ativismo começaram em 1991, quando mulheres de diferentes países, reunidas pelo Centro de Liderança Global de Mulheres (CWGL), iniciaram uma campanha com o objetivo de promover o debate e denunciar as várias formas de violência contra as mulheres no mundo, segundo a ONU Mulheres Brasil.

No Brasil, a Campanha ocorre desde 2003 e é chamada 16+5 Dias de Ativismo, pois incorporou o Dia da Consciência Negra, de acordo com a Procuradoria Especial da Mulher. Cerca de 150 países participam da campanha.

A data é uma homenagem às irmãs Pátria, Minerva e Maria Teresa, conhecidas como “Las Mariposas” e assassinadas em 1960 por fazerem oposição ao governo do ditador Rafael Trujillo, que presidiu a República Dominicana de 1930 a 1961, quando foi deposto.

 

Fonte: CUT Nacional

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