Caixa: Sem bancos públicos não há desenvolvimento para o Brasil

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Sindicato realiza o seminário aberto à sociedade no próximo dia 15 (sexta), às 8h30, em sua sede em Belém. Evento tem apoio da ANABB, APCEF, AFBEPA e AEBA

Há 158 anos, a Caixa Econômica sempre “buscou ser mais que apenas um banco, mas uma instituição realmente presente na vida de milhões de brasileiros”, seja através do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), pelo Programa de Integração Social (PIS) e pelo Seguro-Desemprego.

Além dos serviços prestados ao trabalhador e trabalhadora formal, é na Caixa que pais e mães de família recebem o ‘Bolsa Família’, que beneficia mais de 13 milhões de brasileiros, e milhares de pessoas, na maioria jovens, conseguem realizar sonhos como o de ingressar em uma universidade particular graças ao FIES, ou o de ter a casa própria pelo Programa Minha Casa Minha Vida, como a bancária Ellen Santiago, que na época, quando conseguiu a casa própria, era escriturária com renda de 2 salários mínimos (R$1.100,00).

“Em 2009 saí de uma área de invasão e adquiri minha primeira casa própria financiada pela Caixa Econômica Federal com o recurso do FGTS e com menor taxa de mercado. Como me enquadrava nos requisitos e por ser de baixa renda ganhei subsídio do governo pelo programa Minha Casa Minha Vida. Esse sonho só foi alcançado por existirem políticas públicas voltadas a quem mais precisa, trazendo igualdade de oportunidade, melhores condições de moradia”, lembra.

O sonho da Ellen Santiago é o de várias famílias brasileiras, inclusive como o da irmã dela, que contou com a ajuda e a experiência da Ellen para conseguir o financiamento, mas a espera foi longa e difícil.

Ellen, a irmã e sobrinhos

“Em 2017, um ano após o golpe, ajudei minha irmã a realizar o sonho dela da casa própria, através do mesmo programa, mas com algumas diferenças, já que o governo era outro. Pude sentir na pele as dificuldades impostas para conseguir o financiamento, a começar na simulação habitacional no site da Caixa, que dizia renda insuficiente para financiamento. Mas graças a Deus, passado alguns meses a renda da minha irmã aumentou e ela conseguiu o financiamento, porém deveria dar uma entrada alta; do contrário não poderia financiar. Passamos todo o mês de outubro do mesmo ano aguardando a resposta. A burocracia era tamanha que exigiram 50% do valor de entrada do imóvel até para quem já havia encaminhado os documentos do financiamento. Por um milagre, após mais uns meses de espera, veio a resposta para quem já havia dado entrada na documentação poderiam pagar 20% de entrada do valor do imóvel. Ufa, que alívio! Conseguimos com muita oração, com fé em Deus o financiamento da casa da minha irmã”, conta.

Talvez de tantas histórias como essas tenha surgido o ditado, “se você ainda não precisou da Caixa, um dia vai precisar”; e para tentar chegar aos lugares de difícil acesso ou próximo a eles, a Caixa é o único banco que tem duas agências-barco – e está construindo a terceira. Desde 2004, o banco patrocina o esporte paralímpico e ainda possui mais de 4.000 funcionários treinados em libras. Por tudo isso, a Caixa Econômica Federal é uma empresa 100% pública.

“Além de exercer um papel fundamental no desenvolvimento urbano e da justiça social do país, contribuindo para melhorar a vida das pessoas, principalmente as de baixa renda. A Caixa emprega milhares de pais e mães de família ou apenas membros de família que contribuem para que a empresa seja o que é em lucros e importância para a sociedade brasileira. Mas todo esse mais de um século e meio de história parece estar com os dias contados”, destaca a vice-presidenta do Sindicato e bancária da Caixa Econômica Federal, Tatiana Oliveira.

Desmonte

Na edição do dia 19 de fevereiro, o jornal Valor Econômico informou que a Caixa deu início ao “processo de desinvestimento e capitalização com uma agenda frenética de encontros com bancos de investimento”.

Na prática, a presidência da Caixa está iniciando as negociações para o fatiamento de ativos societários, que inclui, portanto, a venda dos produtos e serviços mais rentáveis, seguindo um cronograma que combina maior liquidez e menor resistência política. Ou seja, quanto mais rápido o lucro e menor resistência à sua venda, mais acelerada seguirá a privatização do banco. A ordem é tornar o processo mais palatável e menos perceptível.

Isso se reflete na mudança de estratégia da presidência do banco que iniciará o processo por uma oferta subsequente (follow-on) da resseguradora IRB e, possivelmente na Caixa Seguros, nas quais a Caixa tem participação; e nas participações que a instituição financeira detém ou gere em outras estatais, como Petrobras, Banco do Brasil e Eletrobras.

O objetivo principal, contudo, é passar ao mercado unidades do banco rentáveis nas áreas de seguro (Caixa Seguridade), gestão de ativos (Caixa Participações), loterias e cartões. A presidência da Caixa quer arrecadar pelo menos R$ 30 bilhões em transações de mercado de capitais neste ano e um volume semelhante em 2020, com a venda de suas empresas chave que constituem a parte mais rentável do banco.

De acordo com o novo presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, a abertura do capital de subsidiárias do banco público é para pagar uma dívida de R$ 40 bilhões que a instituição financeira possui com o Tesouro Nacional.

Bancos públicos desenvolvimento pra toda gente

A escriturária em 2009, Ellen Santiago (que abriu essa reportagem), hoje é bancária de outro banco público, o Banpará, há 5 anos. Portanto bancos públicos fazem parte da história de vida dessa mulher cheia de sonhos reais.

“Tornar-me bancária foi a realização de mais um sonho. A estabilidade do emprego é algo desejável a muitos e comigo não foi diferente; desejava essa estabilidade e pude planejar as coisas melhor em minha vida financeira quando passei a ser empregada pública do Banco do Estado do Pará. Então, graças a Deus, consegui o ingresso no concurso de 2012 e fui chamada dois anos depois. Foi uma vitória, uma conquista que agradeço muito a Deus, pois só Ele me capacitou para esta vaga tão disputada. Eu como bancária, oro a Deus e peço que os bancos públicos permaneçam, pois acredito que o banco público tem um desenvolvimento social e a possibilidade do ingresso no seu corpo funcional através de concurso público, é a concretização da tão almejada igualdade de oportunidades”, explica.

Assim como a Caixa, o Banco do Brasil, e os bancos regionais, Banpará e Banco da Amazônia estão na mira do governo federal, seja através da abertura de capital ou desestatização.
“A privatização é interessante apenas para gestores e empresários, gente que tem muito dinheiro e quer ainda mais. Já a classe trabalhadora, como os bancários e bancárias, a maioria dos clientes e usuários, é quem vai sofrer as duras consequências, que são inevitáveis, como demissão, precarização do trabalho bancário e atendimento. O histórico de privatizações em nosso país, a sua grande maioria não teve final feliz, um exemplo é a Vale do Rio Doce ou a Celpa, daqui do nosso estado”, recorda o presidente do Sindicato dos Bancários do Pará e bancário do BB, Gilmar Santos.

Diante dessa conjuntura, a resistência é a melhor forma de combate ao retrocesso, mas para isso a luta em defesa dos bancos públicos precisa ser de todos os brasileiros e brasileiras; por isso no próximo dia 15 de março, o Sindicato dos Bancários do Pará realiza o seminário aberto para toda sociedade “Bancos Públicos: Desenvolvimento pra toda gente”.

“Acredito que o seminário trará dados e comparações entre os bancos públicos e os bancos privados, reforçando a importância dos bancos públicos nas políticas sociais. Por exemplo, o banco em que eu trabalho tem a missão de gerar valor para o Pará, como um banco autossustentável que atua para o desenvolvimento econômico e social do nosso estado”, destaca a bancária Ellen Santiago.

 

Fonte: Bancários PA com informações da Contraf-CUT

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