Vencemos a covid-19: Mais de 30 dias afastado, 5 deles internado com o novo coronavírus

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Elton Éder Queiroz Gadelha é bancário da agência Telégrafo, do Banpará. 33 anos, não tem nenhuma comorbidade. Mesmo indo ao trabalho todos os dias, sempre teve todos os cuidados de prevenção dentro e fora de casa, mas nem por isso…

Foi no mês passado, logo no início, comecei a me sentir febril e tive tosse, coriza, na sexta. Passei o fim de semana em casa indisposto, mas consegui ainda trabalhar na segunda. Porém na terça, acordei pior e busquei atendimento médico na rede particular que atende meu plano de saúde”, lembra o bancário.

Segundo Elton, lá ele foi orientado e foi prescrita medicação para os sintomas a serem administrados em casa: antigripal e expectorante. No terceiro dia, após a ida ao médico, a tosse foi se intensificando e os sintomas não passaram com a medicação.

Tive que ir pela segunda vez na emergência, em menos de uma semana, e já estava com dificuldades para respirar. Fiz tomografia que constatou que parte do meu pulmão já estava comprometida e fui notificado com a covid-19. Me receitaram azitromicina, hidroxicloroquina, xarope, tamiflu e me mandaram mais uma vez de volta pra casa. Naquele dia tive medo de morrer”, conta.

No dia da entrevista, por telefone, a Organização Mundial da Saúde decidiu suspender os testes com cloroquina e hidroxicloroquina contra a covid-19. A suspensão temporária foi tomada até que a segurança da droga seja reavaliada, já que estudos recentes mostraram que ela não é eficaz contra a doença e pode aumentar a taxa de mortalidade.

Tedros Ghebreyesus, diretor geral da entidade, disse que a suspensão foi determinada depois da divulgação dos resultados do estudo publicado na sexta-feira (22) na revista científica “The Lancet”. A pesquisa, feita com 96 mil pessoas, apontou que não houve eficácia das substâncias contra a covid-19 e detectou risco de arritmia cardíaca nos pacientes que as utilizaram.

Foi na segunda ida à emergência que o bancário começou oficialmente o isolamento social de 14 dias, e um dos principais sintomas do coronavírus, como a falta de ar, foi só piorando, mesmo com toda a medicação protocolo.

Piorei significantemente com a hidroxicloroquina e, no quarto dia de isolamento, tive que ir pela terceira vez na emergência, mas busquei outro hospital particular e finalmente lá recebi um atendimento humanizado e qualificado”, afirma.

O bancário fez uma nova tomografia, e a metade do pulmão já estava contaminada. No mesmo dia ele foi internado, com saturação em 92%. Foram 5 dias internado, testado, felizmente Elton não precisou ir para a UTI. Das medicações administradas nesses dias, ele lembra que não teve cloroquina e nem hidroxicloroquina.

Foi quase uma semana sem poder ver minha família. E para contornar a saudade, as videochamadas e ligações me fizeram passar esses dias perto das pessoas que mais amo, mesmo distante fisicamente. Essa tecnologia me ajudou muito, pois a fragilidade na saúde te deixa mais frágil mentalmente”, comenta.

Elton Gadelha teve alta quando a equipe médica teve certeza que ele poderia continuar o resto do tratamento em casa, de forma segura. Para isso foi feita uma nova tomografia que apontou que apenas 15% do pulmão dele ainda estava contaminado, com saturação em 97%.

Foram mais 14 dias em casa, agora com o reforço da família presente, nas duas semanas de recuperação. Foi também em casa que ele recebeu o resultado do teste positivo para o novo conoravírus.

Ele foi o primeiro caso confirmado na agência Telégrafo. Depois dele, outros dois colegas também testaram positivo. Antes de retornar ao trabalho, o bancário refez todos os exames que confirmaram que ele estava recuperado e pronto pra voltar ao ‘novo normal’.

Foram mais de 30 dias longe do trabalho e só voltei quando tive certeza. Quero agradecer ao apoio da minha família, amigos e também do Banpará que me deu apoio com uma assistente social que falava comigo e conduziu todo o processo junto ao INSS, até o presidente do banco me mandou mensagem, me senti muito importante e em nenhum momento tive pressão alguma por parte da empresa para retornar ao trabalho. O síndico do meu prédio reservou o elevador social para uso exclusivo meu e da minha família durante todo o meu isolamento e das poucas vezes que precisamos usar, para ir ao médico, o elevador era higienizado. Esses pequenos gestos fizeram toda a diferença para a minha recuperação”, finaliza o bancário.

Até a publicação dessa matéria, o Pará já tinha 31.033 caos confirmados, 2.553 óbitos, 19.317 recuperados, segundo o boletim da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) publicado às 13h desta quarta-feira 27/05.

Amanhã nossa série vai contar como foi o isolamento social do diretor do Sindicato, Saulo Araújo, que testou positivo para o novo coronavírus, e passou os dias de recuperação na mesma casa com os pais que são do grupo de risco.

Fonte: Bancários PA com Sespa e Mídia Ninja

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