Do Pará para SP: 18ª Conferência Bancária do Pará aprova pauta e elege delegação rumo à 25ª Conferência Nacional

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Para não perder nenhuma parte dos dois dias da 18ª Conferência Bancária do Pará, o delegado sindical do Banpará, Tiago Cunha, em Melgaço, na Ilha do Marajó, precisou encarar uma viagem de mais de 12h de barco, desde a última quarta-feira (5).

Assim como o emprego bancário faz parte da vida de Tiago há pouco tempo, a função de delegado sindical é inédita. A ideia surgiu a partir do convite da colega de banco dele, que também é vice-presidenta do Sindicato, Vera Paoloni; mas principalmente por outra razão. “A motivação maior é poder representar a nossa agência. Nossas agências do Marajó, elas têm uma dificuldade ainda maior do que as agências daqui da Metrópole; além da questão da distância, a gente acha, a gente tem esse sentimento que de pra lá tudo é mais difícil; então é importante pra gente se fazer presente também no Sindicato pra que a gente também possa reivindicar nossos direitos através do Sindicato”, explica o bancário.

Quem também veio de longe e compartilhava a mesma curiosidade junto com a vontade de atuar em defesa dos colegas de trabalho em Altamira, era a bancária do BB no sudoeste do Pará, Maria Portela, eleita pela primeira vez como delegada sindical. “Então eu quis representar os meus colegas e conhecer o Sindicato, saber as pautas, me inteirar das pautas e de repente contribuir também; e levar pros meus colegas as informações que tiverem que ser levadas e contribuir com eles em alguma coisa que precisarem, que a gente sempre precisa né; e eu estou muito feliz também”.

Além deles, outros 89 (7 desses suplentes) bancários e bancárias do BB, Caixa, Banpará e Banco da Amazônia foram democraticamente eleitos e empossados na última sexta-feira (7), primeiro dia da 18ª Conferência Bancária do Pará.

Caixa

Banco da Amazônia

Banpará

Banco do Brasil

 

A Conferência Bancária do Pará é a última etapa local rumo à Conferência Nacional, em agosto, na capital paulista. O evento estadual, transmitido ao vivo, é uma realização do Sindicato dos Bancários do Pará, em parceria com a Contraf-CUT e Fetec-CUT Centro Norte. “Os bancários em todo o país estão debatendo nesse momento essa conjuntura que nós estamos, então a importância de termos o Sindicato do Pará reunindo a sua categoria, os seus filiados para também trazer aqui as suas contribuições, debatendo com quem vive aqui a realidade deste Estado é extremamente importante, porque daqui sairá contribuições relevantes para o conjunto da pauta que será debatido na Conferência Nacional. A pauta que será levada para a mesa permanente de negociação e buscarmos as alternativas de mudanças e melhorar as condições de trabalho do emprego, da renda dos trabalhadores bancários do nosso país”, destaca o presidente da Federação, Cleiton Silva, que também é bancário do BB de Rondônia.

Antes da cerimônia de posse dos delegados e delegadas, dirigentes sindicais que também são bancários e bancárias compartilharam as expectativas da categoria e da classe trabalhadora com a retomada da democracia.

“É um ano muito importante pra classe trabalhadora, pro nosso país, passamos aí pelo menos 6 anos muito difícil, destruição da vida, destruição da democracia, destruição do Estado, então foi um período muito duro pra gente e 2022 a gente consegue retomar um projeto político que, tem como tarefa principal resgatar a cidadania, resgatar o Estado de Direito, resgatar todos os benefícios que foram retirados da população. Estar em Belém, depois de 2 anos de pandemia, depois desses abates todos, de um período muito grande de resistência, pra mim é um prazer enorme. Esse Sindicato tem uma história de luta muito bonita, e também tem um papel muito importante no desenvolvimento do Estado, no desenvolvimento de políticas, da luta, da organização, não só dos bancários, o Sindicato dos Bancários está sempre presente, apoiando, participando, construindo ações e vai ter aí mais 90 anos de vida, 200 anos de vida, isso é muito bom”, comenta o secretário adjunto de mobilização e relação com os movimentos sociais da CUT Brasil, Milton Rezende.

Para Vera Paoloni, vice-presidenta do Sindicato, que também é bancária do Banpará e secretária-geral da CUT-PA, encontros estaduais são momentos de escuta em preparação à construção de lutas mais amplas. “É uma preparação pra Conferência Nacional da categoria, mas é uma preparação também para o Congresso Nacional da CUT, então é importante ouvir todos os ramos, todas as categorias, mesmo as organizadas como é o caso da categoria bancária; e as não organizadas, como os trabalhadores de aplicativo, que está em fase de organização em debate com a CUT. É o momento de se ter uma escutatória muito grande dos movimentos, o que cada um está pensando, quais são os planos futuros, como se integram no plano de um modo geral e também, ao mesmo tempo, como organiza pra gente dar um salto em direção às reivindicações e às conquistas; esse é o momento para a construção da democracia, é a construção dos direitos. Então o momento agora é de pressionar e fazer valer os nossos direitos que foram tão surrupiados”, pontua.

O 14° CONCUT será realizado entre os dias 19 e 22 de outubro, em São Paulo.

Pará único estado a ter crescimento no emprego bancário

O sábado (8), segundo e último dia da 18ª Conferência Bancária do Pará foi de debate das pautas específicas da categoria no Estado a partir da realidade vivida em cada região, apresentada pelos próprios delegados e delegadas, bem como a análise do ‘Perfil da categoria bancária e demais trabalhadores e trabalhadoras do ramo financeiro no Pará’ feita pelo economista do DIEESE-subseção Contraf-CUT, Gustavo Cavarzan.

“Em 2012 a categoria bancária englobava 73% do total de vínculos de trabalho formal no ramo financeiro no Pará e as demais categorias somavam 27%. Em 2021 a categoria bancária passou a representar 63% do ramo financeiro formal, enquanto as demais categorias passaram a englobar 37%. O único estado brasileiro a apresentar crescimento no emprego bancário, exceto na capital”, explica o economista.

96% do crescimento no Estado se deu em bancos públicos, que hoje respondem por 78% da categoria no estado. O que pode estar diretamente relacionado ao crescimento do número de agências bancárias no Pará, em função do aumento de unidades do Banpará, presente em 138, dos 144 municípios paraenses.

Diferente do cenário local onde houve aumento, segundo Cavarzan, há 11 anos a categoria bancária, em todo o país, englobava 59% do total de vínculos de trabalho formal no ramo financeiro e as demais categorias somavam 41%. Em 2021, bancários e bancárias passaram a representar 44% do ramo financeiro formal, enquanto as demais categorias passaram a englobar 56%.

Mas para que cada categoria conquiste avanços, como melhores salários e condições dignas de trabalho, ela precisa fazer parte do sindicato que a represente. “O trabalhador e a trabalhadora precisa fundamentalmente estar vinculado, associado e próximo ao seu sindicato. Os sindicatos, as centrais sindicais são os atores sociais que mais estão brigando e disputando esse espaço dentro das políticas do governo atual, e quanto mais forças essas entidades tiverem mais fácil vai ficar pra gente conseguir pressionar o governo pra que essas políticas todas de retomada da renda e do emprego consigam sair do papel. Então o trabalhador da base, os bancários especificamente têm que ficar próximo do seu Sindicato, porque é essa instituição que vai ter a capacidade de atuar junto ao governo pra que a gente tenha políticas que favoreçam a classe trabalhadora”, conclui.

Delegação paraense rumo à 25ª Conferência Nacional Bancária

Aprovação de moção em apoio à luta do Quadro de Apoio do Banco da Amazônia, bem como das pautas locais que serão apresentadas e defendidas na 25ª Conferência Nacional Bancária, em São Paulo, pela delegação paraense eleita.

Delegada nata:
Tatiana Cibele da Silva Oliveira

Titulares:
Márcio Ramos Saldanha;
Everton Luis Vieira Cunha;
Sérgio Luis Campos Trindade;
Cristiane Lopes Aleixo;
Heládia Carvalho Fonseca;
Paulo César da Silva Farias;
Érica Fabíola Monteiro Barbosa;
Sandro Soares de Mattos;
Rosalina do Socorro Ferreira Amorim;
Lilian Cristiane Fernandes Linhares;
Alexandre Carlos Ferreira dos Santos.

Suplentes:
Fabianny dos Santos Cardoso;
Laianae Patrícia Oliveira Saraiva;
Marcelo Victor Lisboa Santos.

“O debate sobre a igualdade de oportunidades precisa ser intensificado ainda mais com a aprovação da lei que torna obrigatório a igualdade salarial e de critérios remuneratórios entre mulheres e homens, sancionada pelo presidente Lula; e a volta do Censo da Diversidade também é de extrema importância para continuarmos a traçar um perfil mais detalhado da categoria e assim construir lutas específicas”, defende a dirigente sindical e bancária do BB, Rosalina Amorim.

“Tudo que ouvimos dos nossos delegados e delegadas, que estão presentes diariamente na base, como propostas, serão redigidas e apresentadas na capital paulista durante a Conferência Nacional, onde iremos preparar uma agenda de lutas gerais e específicas sobre as prioridades para o movimento, por isso a importância e necessária da participação de todos que estiveram nesses dois dias aqui com a gente, para que assim possamos democraticamente e coletivamente construir nosso plano de ações, enfrentamentos e resistências. Nosso muito obrigada por cada contribuição”, afirma a presidenta do Sindicato e bancária da Caixa, Tatiana Oliveira.

 

 

Fonte: Bancários PA

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