A histórica libertação de Nelson Mandela, após 27 anos de prisão, completa 35 anos nesta terça-feira (11). Um dos grandes líderes populares do movimento contra o apartheid na África do Sul, ele se tornou também símbolo global na luta contra o racismo.
Ao sair do cárcere, Mandela tornou-se o arquiteto da reconciliação nacional. Alguns anos depois, em abril de 1994, foi eleito presidente sul-africano em um pleito que levou 20 milhões de pessoas às urnas, inclusive a maioria negra até então excluída dos processos eleitorais.
Embora tenha assumido com a promessa de construir uma nação “não racial, não sexista e democrática”, seu governo herdou uma economia moldada para beneficiar a minoria branca. Esse grupo detinha a maior parte das terras agricultáveis e dominava o complexo mineral-energético, base da riqueza nacional.
A eleição de Neslon Mandela consolidou a caminhada do país para fim do regime que durante décadas impôs o peso do preconceito e da desigualdade à população negra. No entanto, os resultados desse movimento são insuficientes ainda nos dias de hoje.
Mesmo que o apartheid não exista mais como forma de organização oficial da sociedade, ele ainda causa consequências econômicas, sociais e políticas que marginalizam a população mais pobre e levam à exploração de trabalhadores e trabalhadoras
Esse cenário é tema do documentário ‘O próximo passo: 30 anos da eleição de Mandela’, lançado pelo Brasil de Fato no ano passado. O filme aponta que o fim do regime de segregação racial não resultou na conquista da igualdade entre a maioria negra e a minoria branca no país.
Com entrevistas exclusivas, o roteiro denuncia como estruturas neoliberais mantêm a desigualdade social, retratando a classe dominante, detentora do complexo mineral, energético e financeiro. O filme inclui depoimentos reúnem lideranças políticas, de movimentos populares, historiadores, artistas e ex-prisioneiros políticos em uma visão aprofundada sobre a complexidade da realidade sul-africana.
Disponível gratuitamente na internet, o documentário foi dirigido por Iolanda Depizzol e Pedro Stropasolas, da equipe do Brasil de Fato.
Fonte: Brasil de Fato