Da primeira eleição de Donald Trump, presidente reeleito dos Estados Unidos, governo Temer, Bolsonaro e a retomada da democracia com a volta de Lula à presidência da República do Brasil. O resgate sociopolítico abriu a mesa de conjuntura do segundo curso de formação para delegados, delegadas e dirigentes sindicais, na última sexta-feira (25), na sede do Sindicato em Belém.
“Esse é um momento muito importante de compreender e refletir sobre a conjuntura atual, e como que os elementos da conjuntura influenciam sobre a vida dos trabalhadores, e também como organiza a agenda para enfrentar essa conjuntura. É conjuntura internacional, a nacional, as questões econômicas, políticas e até culturais e como elas podem influenciar na nossa vida, e ter uma compreensão com essa visão mais geral e crítica sobre a conjuntura. E quando a gente se depara com elementos da conjuntura que atrapalham, que reduzem direitos ou que criam limitações para esses direitos; precisamos organizar a luta para intervir na conjuntura e mudá-la a nosso favor”, afirma o sociólogo, Anderson Campos, mestre em Desenvolvimento Econômico, assessor sindical e pesquisador do Centro de Estudos Sindicais e Economia do Trabalho (CESIT-Unicamp).
E foi justamente com o objetivo de ouvir a opinião da classe trabalhadora sobre a redução de jornada de trabalho sem redução de salário, o fim da escala 6×1 e a isenção de pagamento de imposto de renda para quem recebe até R$ 5 mil por mês e aumento da taxação para quem ganha mais de R$ 50 mil mensais, como forma de justiça tributária; que CUT e movimentos sociais lançaram uma proposta de Plebiscito Popular no último dia 10 em São Paulo.
“A gente tem que juntar todo mundo, movimento sindical, mulheres, jovens, quem luta pela terra e ir para rua juntos e juntas fazer essas discussões com a sociedade. E nós, que temos essa atuação sindical, também faremos uma agenda mais estratégica que atendam as nossas categorias”, explica a assessora da CUT Brasil, Janaina Meazza, que também é professora de história e militante da Marcha Mundial das Mulheres.
Para a delegada da Caixa em Xinguara, sudeste do Pará, Danielle Santos, entender a análise de conjuntura é fundamental para o trabalho de delegada sindical.
“Para que possamos compreender a realidade do momento, poder atuar com muito mais clareza dentro da própria agência e ajudar nesse momento de debates pelo fim da escala 6×1, que é um momento importante para realidade de todos os trabalhadores do mercado e de dentro do sistema que gere a economia do Brasil como um todo”, acredita.
“Pensamos em cada detalhe dessa programação que foi construída com muito carinho e atenção à nossa realidade, de forma a representar também um pouco de cada particularidade das nossas regiões já que trouxemos delegados e delegadas de todo o Pará; para ouvi-los, trocarmos experiências e principalmente prepará-los como multiplicadores e representantes da nossa entidade no seu local de trabalho; a principal missão do bancário e bancária que se dispõe a atuar, construir e fortalecer a luta da nossa categoria”, diz a presidenta do Sindicato, Tatiana Oliveira.
Saúde e Segurança no Trabalho
Quase às vésperas do Dia Mundial de Segurança e Saúde no Trabalho e também Dia Nacional em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho, o tema ‘Saúde e Segurança do Trabalho’ esteve na programação do segundo curso de formação para delegados, delegadas e dirigentes sindicais.
“A saúde da gente, a gente não pode perder. É importante trabalhar, é importante a gente ser remunerado, mas é importante a gente ter saúde. Porque a saúde é o bem maior, é até mais importante do que o dinheiro; porque com a saúde você consegue trabalhar e você consegue ganhar o seu dinheiro; e você sem saúde, você não consegue trabalhar”, destaca a diretora de saúde do Sindicato, Heládia Carvalho.
O alerta foi também sinônimo de reflexão em meio à uma categoria que representou 2,81% do total de cerca 168,7 mil afastamentos acidentários, em todo o ano passado, segundo registros do INSS.
O dado mais alarmante em relação ao setor financeiro, porém, é a natureza das doenças que afastam esses trabalhadores e trabalhadoras: transtornos mentais e comportamentais já são responsáveis por mais da metade dos casos. Esse cenário marca uma mudança significativa em relação a 2012, quando as doenças osteomusculares e do tecido conjuntivo eram a principal causa de afastamento.
“Se vocês estiverem na agência de vocês e algum colega, ou até mesmo vocês passando por isso, conversem, busquem ajudá-los, procurem orientação médica. Isso é muito sério gente. No tratamento, tudo pode ser melhorado. Terapias, conversas, às vezes coisas simples na tua vida vão fazer muito mais sentido. Então, cuidado, cuidado, olhem pelos seus colegas, e replica essas informações que vocês estão tendo conhecimento aqui. É muito importante”, aconselha a diretora do Sindicato, Patrícia Saraiva.
Porém o preconceito e falta de informações, sobre o quê de fato são as doenças mentais relacionadas ao trabalho, dificultam as vítimas reconhecerem que precisam de ajuda e irem em busca dela, como explica a diretora de Juventude, Fabianny Cardoso. “Falando o português claro, as pessoas dizem que estão doidas; e muitas vezes, a pessoa que está adoecida, ela não aceita procurar um tratamento justamente por esse estigma que é criado. O Burnout, apesar dele ser muito perigoso e muito triste, ele é um gatilho para outras doenças muito mais perigosas, como a depressão”.
O Sindicato tem um setor de saúde só para acolher, atender e orientar bancárias e bancários adoecidos, seja presencial ou de forma remota, como o trabalhador e trabalhadora preferir. “A gente tenta fazer o máximo que a gente pode aqui. A gente tem psicólogos, são todos parceiros aqui: psicólogos, psiquiatras. A gente acolhe aqui, a gente conversa, a gente ouve essa pessoa. A pessoa pode ligar, passar um e-mail, passar um WhatsApp. Agora tem a Clínica do Trabalho também que tem psicólogos para atender. Eu sei que é difícil, quando a pessoa está adoecida, ela se reconhecer, pois falta orientação. Vocês (delegados e delegadas sindicais) são o nosso elo. Nas nossas Caravanas, quando a gente percebe isso, a gente pede para falar separado com o colega, e tenta desmistificar essa questão de ficar preso ali com ele”, orienta a dirigente sindical, Eliana Lima, que compõe a diretoria de Saúde junto com a diretora Heládia Carvalho.
A Clínica do Trabalho foi criada pela Fetec-CUT/CN para ouvir os trabalhadores e trabalhadoras que já adoeceram ou que estão tendo algum tipo de sofrimento por causa do trabalho.
O trabalho é conduzido pelos psicólogos Paulo Cesar Rodrigues dos Reis e Arthur Pires de Menezes que estão em tempo integral à disposição da categoria. O contato pode ser feito por e-mail clinicadotrabalho.fetec.cn@gmail.com
Paralela à Clínica, a Federação também realiza a pesquisa “Práticas de Gestão, Violência e Adoecimento pelo Trabalho em Instituições Financeiras” com o objetivo de obter informações mais aprofundadas sobre a gestão, os atos de violência e o adoecimento no trabalho.
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O curso de formação encerrou com os debates específicos por banco onde cada delegado e delegada apresentou os problemas enfrentados na agência em que trabalha ou na região para que a diretoria do Sindicato possa dar os encaminhamentos necessários em busca de solução.
Fonte: Bancários PA com informações Contraf-CUT e Fetec-CUT/CN