Cúpula do Clima tem resultado insuficiente e amplia pressão para COP30, avalia Greenpeace

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A Cúpula do Clima realizada na última semana durante a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) em Nova York, nos Estados Unidos, foi marcada por avanços tímidos na entrega das novas metas nacionais de redução de emissões de gases de efeito estufa, conhecidas como Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs). Segundo Anna Carcamo, especialista em política climática no Greenpeace, o resultado foi insuficiente e amplia a pressão sobre a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), que acontecerá em novembro, em Belém (PA).

“As contribuições nacionalmente determinadas, as NDCs, deveriam ter sido apresentadas até fevereiro desse ano, o prazo foi estendido para setembro. Então a cúpula foi um momento importante para os países apresentarem as suas metas. Mas ainda foi insuficiente porque temos cerca de 60 NDCs oficialmente apresentadas, mas 195 países são membros do Acordo de Paris e já deveriam ter apresentado as suas metas”, destaca, em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato.

Dez anos após a assinatura do Acordo de Paris, Carcamo ressalta a urgência climática diante do aumento médio de 1,3°C na temperatura global. “Ano passado, já passamos do limite [de 1,5°C, determinado na ocasião]pela primeira vez. Desastres climáticos já estão se tornando cada vez mais frequentes e mais intensos, e afetando principalmente as comunidades e os ecossistemas mais vulnerabilizados. Estamos vivendo uma situação que chamamos de injustiça climática”, diz.

A especialista lembra que não há um mecanismo internacional de cobrança pelo cumprimento das NDCs, o que reforça o papel de monitoramento da sociedade civil e da Justiça. “Temos um papel muito importante da sociedade civil, como o Greenpeace e outras ONGs [Organizações Não Governamentais], de fazerem esse monitoramento. Nacionalmente, dentro dos países, temos uma tendência cada vez maior dos tribunais, inclusive no Brasil, a analisarem as NDCs como políticas nacionais”, aponta.

Sobre o papel do Brasil, ela afirma que a presidência da COP30 fortalece a responsabilidade do país em estimular uma maior ambição climática. “O Brasil tem esse papel ainda mais fortalecido esse ano. Por ser a presidência da COP, tem esse papel de liderar, por exemplo, e de estimular que os outros países façam também esse cumprimento. Por isso mesmo, o Brasil também foi um dos primeiros países a entregar sua NDC”, explica.

A expectativa é que, em Belém, as novas metas sejam avaliadas e recebam uma resposta política clara. “É muito importante que a COP responda ao que for o resultado desse relatório síntese, dizendo que se elas [as NDCs]forem insuficientes, os países precisam voltar e aumentar a ambição para que de fato consigamos nos manter nesse limite de temperatura seguro”, projeta.

Para ouvir e assistir

O jornal Conexão BdF vai ao ar em duas edições, de segunda a sexta-feira: a primeira às 9h e a segunda às 17h, na Rádio Brasil de Fato, 98.9 FM na Grande São Paulo, com transmissão simultânea também pelo YouTube do Brasil de Fato.

 

Fonte: Brasil de Fato

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