Delegadas e delegados de todo o país debateram e aprovaram estratégia dos trabalhadores pelo desenvolvimento sustentável.
O desafio para a “transição justa”, termo que define o processo de modificação da atual economia poluente para uma economia sustentável, incluindo justiça social, ou seja, de enfrentamento às mudanças climáticas de forma equitativa e inclusiva, foi um dos temas debatidos nesta quinta-feira (16), durante a 17ª Plenária Nacional da CUT “João Batista Gomes (Joãozinho) Novos Tempos, Novos Desafios”, que aconteceu na quadra dos bancários, na capital paulista.
A bancária e secretária de Mobilização e Relações com o Movimento Sindical da CUT Nacional, Rosalina Amorim, reforçou que “a organização da classe trabalhadora é fundamental” para impedir que as mudanças que já estão acontecendo na economia, por conta da crise climática, não retirem direitos trabalhistas e aprofunde as desigualdades. “Temos que fazer um planejamento muito claro das nossas ações, caso contrário não haverá justiça na transição em curso. E esse planejamento inclui o fortalecimento das nossas entidades, o combate à precarização, ou seja, trazer os trabalhadores que hoje estão na informalidade para o movimento sindical. Isso é estratégico”, observou Rosalina.
A dirigente destacou ainda que a transição justa exige organização conjunta com os demais movimentos sociais. “O papel do movimento sindical cutista, como representante dos trabalhadores, inclui pensar e buscar resoluções de como fica a proteção dos direitos trabalhistas diante da escalada dos desastres, diante das mudanças do parque energético. Inclui participar ativamente de fóruns nacionais e internacionais”, completou. “Por isso a organização sindical é, mais do que nunca, essencial”, resumiu.
A também bancária e presidenta da CUT Pará, Vera Paoloni, alertou para a unidade da classe trabalhadora é essencial, especialmente para os trabalhadores que não estão no eixo Sul-Sudeste. “No Pará, 70% da população economicamente ativa recebe até um salário-mínimo. Ao mesmo tempo estamos sofrendo as fortes consequências das mudanças climáticas, com seca nos rios, falta de chuvas. Esse alto nível de estresse climático nunca foi tão forte em nossa região e está causando adoecimento físico e mental nos trabalhadores locais”, completou.
A dirigente destacou ainda que não haverá transição justa sem financiamento e garantia de trabalho decente. “Falar de sustentabilidade não é apenas algo ‘bonitinho’ e não vai acontecer sem recursos. Essa é a realidade! Temos que entender a natureza como sujeita de direitos, assim como o povo tem direitos”, destacou, reforçando, em seguida, que a adaptação para um mundo sustentável e justo para todas e todos depende do redirecionamento dos recursos que são investidos na economia. “Nesse sentido, temos que denunciar os predadores. É por isso que nós colocamos nas mesas de negociações com os bancos que não financiam as empresas que desmatam, as empresas que poluem”, concluiu.
A mesa Desenvolvimento Sustentável contou ainda com a participação de Antônio Lisboa (secretário de Relações Internacionais da CUT); Josana de Lima (coordenadora-geral da CONTRAFI Brasil e secretária-adjunta de Administração e Finanças da CUT Brasil); Cristiana Paiva (secretária da Juventude da CUT); Janaina Meazza (assessora da CUT); e Leandro Horie (técnico do Dieese).
Ao final das exposições, os mais de 500 delegados e delegadas de todo país, que participaram do evento, de forma presencial e on-line, aprovaram o texto-base das estratégias de luta do movimento sindical cutista para uma transição justa.
Fonte: Contraf-CUT