A Amazônia é feminista: 8M no Pará foi também contra o fascismo, por justiça socioambiental e contra a violência obstétrica

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Faz mais de 100 anos que as mulheres lutam por condições dignas de trabalho que vão desde igualdade salarial, que já é lei, mas infelizmente não saiu do papel; até o fim da escala 6×1, uma das pautas mais recentes de toda a classe trabalhadora, e de fundamental importância para as mulheres que têm jornadas duplas e até triplas – trabalho fora de casa, em casa e estudos.

“Um dos muitos motivos que trazem as mulheres às ruas nesse 8 de março, nós temos o fim da escala 6×1. E por que essa pauta é importante para as mulheres? Porque a maior parte dos trabalhadores que ganham até dois salários mínimos são mulheres, e aí estão: trabalhadoras do comércio, empregadas domésticas. Reduzir a jornada é trazer mais qualidade de vida e melhorar o valor da hora/ trabalho. É uma questão de justiça e de redução da exploração. Então essa pauta também é nossa. É importante ocupar as ruas por ela e por tantas outras nesse dia importante de luta para as mulheres”, explicou a presidenta do Sindicato, Tatiana Oliveira.

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que acaba com a escala de seis dias de trabalho por um de folga (6×1) foi protocolada na Câmara dos Deputados no dia 25 do mês passado, com 234 assinaturas. Foram 63 assinaturas a mais que o necessário para ingressar com uma proposta de emenda constitucional.

A PEC que limita a carga horária semanal de trabalho a 36 horas ficou conhecida como PEC 6×1, de autoria da deputada Erika Hilton (PSOL-SP).

A Lei nº 14.611/2023, conhecida como Lei da Igualdade Salarial, representa verdadeiro marco na luta contra a desigualdade de gênero no Brasil por estabelecer diretrizes claras para empresas quanto à igualdade de remuneração entre homens e mulheres.

A nova lei determina que empresas com cem ou mais empregados devem elaborar e divulgar relatórios semestrais de transparência salarial, com o objetivo de identificar e corrigir discrepâncias salariais entre gêneros.

Mas a realidade continua sendo desfavorável às mulheres, no ramo financeiro, por exemplo, as bancárias, ainda que exercendo as mesmas funções que os homens no setor, seguem com salários menores e baixa representatividade nos cargos de liderança.

Foi o que revelou levantamento mais recente feito pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), com base nos dados estatísticos de 2023 da Rais (Relação Anual de Informações Sociais), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).

As mulheres no setor bancário recebem, em média, 80,9% dos salários dos homens, ou seja, remuneração cerca de 19,1% inferior em relação à remuneração dos colegas.

Com o recorte racial, o cenário fica ainda mais injusto: mulheres bancárias negras (pretas e pardas) têm remuneração média 34,5% inferior à média do homem bancário branco.

A Amazônia é feminista!

Em Belém, capital da COP 30, as mulheres saíram em marcha pelas ruas do centro comercial para chamar a atenção de toda a sociedade sobre pelo que elas ainda lutam e o tanto que já conseguiram avançar graças à mobilização das que as antecederam, mas deixaram conquistas históricas como o direito ao voto, licença maternidade, dentre tantas outras, como lembrou a presidenta da CUT-PA e vice-presidenta do Sindicato, Vera Paoloni.

“Muito avançamos até aqui, mas significou muita luta das mulheres das gerações passadas e estamos aqui para assegurar que tenha vida, direitos, saúde, justiça climática para as gerações futuras. E apesar dos avanços, nós precisaríamos hoje de dois séculos para que houvesse igualdade de direitos. Então as mulheres vão continuar em luta, vão continuar salientes, vão continuar dizendo ‘parem de nos matar’, nós precisamos viver, nós precisamos continuar lutando; esse é o nosso chão. E aqui em Belém, no ano da COP 30, no ano em que os olhos do mundo estão voltados aqui pra Belém, para o Pará; nós queremos dizer que não aceitamos falsas soluções, essas soluções climáticas de tremendo Agamenon, que colocam paras mulheres, para os homens, para a juventude: qual é o valor do trabalho humano na Amazônia, quando você compara com o trabalho humano em outros lugares, no sul e sudeste? Então é isso que as mulheres neste dia, as mulheres cutistas, as mulheres lutadoras, as mulheres que nos antecederam e as mulheres que estão aqui hoje, em todo o Brasil e em todo o mundo. Vamos à luta companheira, nós precisamos manter a resistência para poder avançar nos direitos e nas conquistas”, afirmou a dirigente sindical.

O #8M vai além pela vida das mulheres, no Pará foi também contra o fascismo, por justiça socioambiental: a Amazônia é feminista!

“Esse é o 8 de março, Dia Internacional de Luta das Mulheres, e o nosso lugar é onde a gente quiser! E todo 8 de março a gente define que vamos ocupar as ruas, as ruas de Belém, as ruas do Brasil e as ruas do mundo para dizer não ao fascismo, pela vida das mulheres, por justiça socioambiental. A Amazônia, ela é feminista”, corroborou a diretora de Mulheres do Sindicato, Salete Gomes.

Em Marabá, violência obstétrica esteve na pauta do dia

Em Marabá, no núcleo Cidade Nova, as mulheres saíram em marcha do bairro Laranjeiras em direção à praça São Francisco, por mais direitos, pelo fim da violência obstétrica, por uma casa de gestante e um centro de parto normal, por um país sem misoginia e feminicídio, e pelo fim da escala 6×1.

“Nós também estamos lutando hoje junto com a CUT e todo o Brasil, pelo fim da escala 6×1, onde as mulheres são as mais penalizadas. Estamos na rua também para lutar contra o assédio moral e contra o assédio sexual”, informou a dirigente sindical e secretaria de Mulheres da CUT-PA, Heidiany Moreno.

A marcha, que já ocorre há cinco anos em Marabá, tem a violência obstétrica como uma das principais pautas devido às altas taxas de mortalidade materna e neonatal no município. “Nós não aguentamos mais enterrar mulheres e bebês na nossa cidade. Já fizemos muitas denúncias, fizemos audiência pública e não tivemos o apoio necessário nem das instituições, nem do poder público e nem do gestor anterior”, lembrou a dirigente sindical.

Em Marabá, segundo levantamento feito com base em reportagens veiculadas pela imprensa local, uma morte materna foi confirmada, além do óbito de 14 bebês nos três primeiros meses deste ano.

Ao final do ato, foi entregue uma carta ao prefeito de Marabá, Toni Cunha (PL-PA), solicitando políticas públicas como a adequação da maternidade para diminuir o número de óbitos maternos e neonatais, criação da Secretaria da Mulher, construção de um núcleo de atendimento para as mulheres na zona rural e construção de creches de tempo integral.

Roda de conversa com feirinha e música ao vivo

Em Santarém, oeste do Pará, na subsede do Sindicato teve feirinha criativa com roda de conversa e música regional ao vivo, em um evento em parceria com a Marcha Mundial das Mulheres, na noite de sexta-feira (7).

E no dia 25 de março tem mais, um encontro exclusivo para bancárias às margens do rio Tapajós, saiba mais aqui e confirma logo tua presença.

 

 

 

 

 

Fonte: Bancários PA com Contraf-CUT e Conjur

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