Ato pela democracia leva milhares de pessoas às ruas de Belém

0

Antes mesmo das 17h, horário marcado para a concentração do ato, trabalhadores e trabalhadoras de todo o Pará chegavam à Praça da República em Belém com cartazes e camisas, em sua grande maioria vermelhas, que expressavam o desejo que levou mais de 2.000 pessoas às ruas da capital paraense: a defesa da democracia, contra o golpe, os ajustes fiscais e pela deposição do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

Minutos depois quem também apareceu com toda força por lá foi a tradicional chuva da tarde. Mas nem o “toró” que desabou em Belém dispersou a manifestação, todos e todas, homens e mulheres, crianças, jovens, idosos, trabalhadores do campo e da cidade estavam decididos a sair pelas principais avenidas da cidade e gritar “não vai ter golpe”, “fora Cunha”. Assim que a chuva deu trégua, a passeata seguiu até o Mercado de São Brás e marcou na capital paraense uma grande festa da classe trabalhadora em defesa da democracia.

O Sindicato dos Bancários acompanhou o percurso de pouco mais de 3 km e foi representado por dirigentes sindicais, bancários e funcionários da entidade, que através de placas, faixas ou de falas demonstravam os motivos que os levaram à manifestação.

“Queremos que a democracia seja respeitada, da mesma forma que os votos válidos que reelegeram a presidenta Dilma Roussef. Qual foi o crime de responsabilidade cometido pela por ela? Nenhum! Diferente do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, que a cada avanço da Operação Lava Jato, é denunciado por pedido de propina entre outras acusações. Esse mesmo senhor representa também uma ameaça aos direitos da categoria bancária que aprovou o projeto da terceirização, portanto motivos não faltam para que defendamos a saída de Eduardo Cunha da presidência da Câmara e a permanência de Dilma na presidência do país até o fim de seu mandato”, defende o diretor de saúde do Sindicato e funcionário do Banco do Brasil, Gilmar Santos.

Mulheres bancárias, mães, estudantes, trabalhadoras, feministas batucavam o “pílula fica, Cunha sai” contra o projeto de Lei 5069/ 2013 de autoria do respectivo deputado que propôs a criminalização com 1 a 3 anos de detenção para qualquer pessoa que instigue, induza ou auxilie um aborto – com agravamento caso o agente seja profissional de saúde.

Além disso, o texto do projeto inclui a exigência de constatação em exame de corpo de delito do estupro cometido contra a mulher que queira abortar. Atualmente a legislação brasileira protege a legalidade do aborto em caso de gravidez derivada da violência sexual.

“Para Cunha não basta o depoimento da própria vítima que teve sua sexualidade violentada como prova do crime, ela ainda deverá ser constrangida a comprovar a violência com um exame invasivo e obrigatório. Até a pílula do dia seguinte poderá ter sua venda proibida com a aprovação desse projeto por ser considerada abortiva, sendo que o medicamento previne a mulher de uma gravidez indesejada por ela, pois nós somos donas do nosso corpo e decidimos o que queremos ou não. Não queremos só a saída de Cunha não, queremos uma reforma política no país e por isso seguiremos em marcha até que todas sejamos livres!”, afirma a diretora de Comunicação do Sindicato, bancária e militante da Marcha Mundial das Mulheres, Tatiana Oliveira.

Além do Pará, os protestos pró-Dilma ocorreram em 24 estados e no Distrito Federal. Pelos dados da PM, 1700 pessoas estiveram ontem na manifestação. No domingo, onde os discursos eram pró-impeachment, a polícia calculou 1200 pessoas. Seja com os dados da Polícia Militar ou com os dos organizadores dos movimentos, uma coisa é certa, nas ruas a democracia venceu e prevaleceu mais uma vez.

Enquanto as passeatas em defesa da democracia, contra o golpe e pela deposição do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) ocorriam em todo o país, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresentava ao Supremo Tribunal Federal (STF) um pedido de afastamento cautelar de Cunha do cargo de deputado federal e de presidente da Câmara. Para a PGR, a saída é necessária para preservar as investigações contra o parlamentar.

Já o STF deverá decidir sobre o pedido somente depois de 1º de fevereiro de 2016, quando termina o recesso do Judiciário, que começa no próximo sábado (19).

A manifestação encerrou em frente ao Mercado de São Brás, que ficou vermelho na festa da democracia ao som do hino nacional brasileiro. As mobilizações em defesa da democracia prosseguirão até que o processo de impeachment seja definitivamente encerrado.

 

Fonte: Bancários PA com informações G1 PA e MMM

Comments are closed.