Os bancários têm forte protagonismo no movimento sindical brasileiro na luta pela igualdade de oportunidades na vida e no trabalho. A luta por igualdade na categoria teve início em meados da década de 80, com a reinvindicação pelo pagamento do auxílio-creche na campanha salarial de 1986.
Em 1992, iniciaram o debate sobre a Convenção 111 da OIT, que trata especificamente da igualdade de oportunidades no trabalho. Três anos depois, foi criada a campanha “Igualdade de oportunidades na vida, no Trabalho e no movimento Sindical”, que fortaleceu ainda mais a reivindicação da categoria.
O tema se tornou uma das prioridades para a categoria e, em 1996, a, até então, Confederação Nacional dos Bancários (CNB), que agora é a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), destacou um de seus dirigentes para tratar das questões relacionadas a gênero, raças e orientação sexual.
A partir daí o debate foi ampliado e levado para muitos encontros do movimento sindical, como o 1º Encontro das Mulheres Bancárias, em 1997, na qual foi criada a Secretaria para Assuntos de Gênero, Raça e Orientação Sexual como parte da estrutura da CNB.
Em 1998, a categoria incorporou o tema “igualdade de oportunidade” à pauta de negociação. Porém, a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) se recusou a reconhecer a existência de discriminação nos bancos.
Dois anos depois, os bancários retomaram as negociações e realizaram o Seminário Nacional “Rumo à Construção de Relações Igualitárias no Mundo do Trabalho”. Mesmo diante da recusa da Fenaban, a categoria manteve o tema como eixo da Campanha Nacional naquele ano.
Ainda em 2000, a CNB-CUT realizou a pesquisa “Os Rostos dos Bancários: mapa de gênero e raça no setor bancário”, em parceria com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). A pesquisa, pioneira no movimento sindical brasileiro, mostrou a existência da discriminação de gênero e raça nos bancos, revelada nas diferenças salariais, na pequena participação desses segmentos em cargos de direção e em oportunidades menos frequentes de ascensão profissional.
Os dados divulgados pela pesquisa provocaram grande desconforto entre os representantes patronais, que se recusavam a admitir a existência de discriminação nos bancos. Isso fez com que acontecesse uma mudança da postura patronal em relação ao tema, que passou da simples negação ao reconhecimento da existência de “diversidades” no interior dos bancos – mas, não necessariamente, de discriminações.
Conquistas da mesa de igualdade de oportunidades
Em 2001, a categoria inseriu mesas temáticas específicas em sua Convenção Coletiva. No ano seguinte, foi incluída a primeira cláusula sobre a Mesa de Igualdade de Oportunidades, que assegurou o desenvolvimento de campanhas de conscientização e orientação nos bancos com o objetivo de prevenir atitudes discriminatórias.
Isso possibilitou importantes avanços na mesa de negociação, nos últimos dez anos. Um deles foi a aplicação do Censo da Diversidade 2008. A pesquisa revelou a existência de discriminação contra mulheres, negros e pessoas com deficiência nos bancos. Os resultados foram divulgados pela Fenaban, em 2009, em uma audiência na Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados.
Em 2013, ocorreu a segunda aplicação do Censo, que incluiu questões sobre a orientação sexual e identidade de gênero aos bancários. A categoria respondeu positivamente à possibilidade de reflexão sobre o tema.
Agora, em 2019, será realizado o 3º Censo da Diversidade, que começa no final de agosto e termina em outubro, é uma conquista da Campanha Nacional dos Bancários de 2018, depois de uma mudança de postura na mesa de negociação. A categoria optou por apresentar à Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), na mesa de igualdade de oportunidades, a necessidade de se ir além de apenas um diagnóstico da situação. O objetivo foi também conquistar a abertura de um espaço para o debate dos temas nos locais de trabalho. Assim nasceu a Campanha de Valorização da Diversidade.
“A ideia da campanha é conscientizar as trabalhadoras e os trabalhadores para a importância de responder o Censo e de defender a igualdade de oportunidades nos bancos e na sociedade. Outro diferencial é a criação dos agentes da diversidade, que é quem irá provocar o debate no local de trabalho, criando uma identidade com o tema para poder disseminar os conceitos, para começar a fazer uma desconstrução cultural na categoria e na sociedade”, finalizou Elaine. O Censo também irá servir para que os elementos e as distorções apontadas possam ser levados para a mesa de negociações e sejam base para a criação de projetos para poder corrigi-las.
Fonte: Contraf-CUT