Comando cobra e bancos aceitam negociar uso de tecnologias no monitoramento do trabalho remoto

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Assunto, que já havia sido pautado nos acordos de teletrabalho e na mesa de IA, ganhou evidência depois que o Itaú demitiu mais de 1.000 funcionários que trabalhavam remotamente.

Em reunião de negociação com a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), ocorrida nesta quinta-feira (25), o comando trouxe vários exemplos de negociação com a respeito do uso de inteligência artificial e novas tecnologias para a contratação, a avaliação de trabalhadores e até nos desligamentos.

“Existem exemplos de acordos, em diversos países, que garantem o direito à não discriminação na contratação, o direito à preservação da saúde, o respeito à desconexão, à transparência, ao acesso do sindicatos às informações, bem como o acesso dos trabalhadores ao uso dessas tecnologias e da contestação dos resultados das avaliações e do feedback da empresa”, disse a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e coordenadora do Comando Nacional do Bancários, Juvandia Moreira.

O comando destacou ainda a necessidade da preservação do home office como modo de trabalho e a necessidade de que haja negociação coletiva efetiva, assim como a necessidade da promoção da governança ética da tecnologia, sem a invasão da privacidade dos trabalhadores.

“Precisamos debater este tema de forma transparente e estabelecer regras e limites para o uso de ferramentas tecnológicas para o monitoramento do trabalho. Os sindicatos e os trabalhadores precisam ter direito à informação e as tecnologias têm que melhorar o trabalho e a vida dos trabalhadores, não os prejudicar”, completou Juvandia.

Voz dos bancários

“Fizemos uma plenária com os demitidos que contou com a participação de mais de 400 pessoas e vimos que o que mais feriu os trabalhadores foi a ligação deles com a vagabundagem e com a alegação de que eles ‘enganavam o banco”, observou a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região (Seeb/SP), também coordenadora do Comando Nacional dos Bancários, Neiva Ribeiro. A maior parte dos funcionários demitidos pelo Itaú são da base sindical do Seeb/SP. “Muitos eram recém-promovidos e tinham acabado de receber premiações. Não é possível a que a gestão tenha errado tanto, pois nem os gestores tinham conhecimento do motivo das demissões”, acrescentou a presidenta do Seeb/SP.

“Esperamos que, após a negociação de hoje, possamos avançar no sentido de ter mais transparência para conhecimento do sindicato e dos trabalhadores no uso das tecnologias para avaliação do desempenho e da produtividade e aderência dos trabalhadores”, disse Neiva.

Leia nota conjunta

“Em reunião realizada nesta data (25/09), o movimento sindical e a Fenaban discutiram aspectos do monitoramento do trabalho remoto.

As partes deliberaram pela abertura de mesa específica de negociação, com definição de calendário de reuniões e desenvolvimento de análises sobre o tema, visando à construção coletiva setorial.

Reiteraram, ainda, os princípios que têm norteado as negociações coletivas do setor, inclusive sobre teletrabalho: transparência, respeito à privacidade e governança ética.”

Censo da Diversidade

O Comando alertou que a coleta de dados por meio de um link específico de cada instituição financeira pode reduzir a participação de bancários liberados, ou cedidos, que não tenham acesso à intranet.

A Fenaban afirmou que, em uma semana, cerca de 27 mil bancários já responderam o censo. Disse ainda que a questão da participação de funcionários sem acesso à intranet será analisada, mas que a maior dificuldade é a segurança de dados.

 

Fonte: Contraf CUT

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