Durante toda a parte da manhã de ontem (26), mais de 3 mil trabalhadores e trabalhadores se concentraram em frente à sede do Banco Central (BC), em Brasília, para cobrar mudanças na política econômica adotada pelo Governo de aumento da taxa básica de juros (Selic) para contenção da inflação.
A data escolhida para a manifestação não foi à toa. O Comitê de Política Monetária (Copom) inicia nesta terça sua última reunião do ano para definir a taxa Selic. Em outubro deste ano, o Copom elevou a taxa básica de juros de 9% para 9,5% ao ano. É o quinto aumento seguido desde abril.
“Com os juros altos os bancos lucram muito mais do que já lucram. O aumento da taxa Selic só interessa aos bancos e à especulação no mercado financeiro e não à classe trabalhadora, que é prejudicada com o aumento dos juros”, declarou Vagner Freitas, presidente nacional da CUT.
“Nosso ato é para cobrar o Banco Central e o Governo Federal para que baixem os juros e invistam mais recursos em políticas públicas como Saúde, Educação, Segurança, Moradia e não no rentismo, como é a prática da política atual”, criticou Carlos Cordeiro, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhares no Ramo Financeiro.
Nova taxa será anunciada nesta quinta-feira (27) – A expectativa de alguns analistas do mercado financeiro é de que haverá elevação de 0,5%, o que totalizaria 10% no ano. O BC se utiliza deste instrumento como forma de controle da inflação. Quando a taxa está alta, ela favorece a queda da inflação porque freia o consumo, já que os juros cobrados nos financiamentos, empréstimos e cartões de crédito ficam mais altos. Por outro lado, quando está baixa, favorece o consumo, visto que empréstimos ou financiamentos ficam mais baratos, pois os juros cobrados nestas operações ficam reduzidos.
Segundo o presidente da Central, o argumento utilizado pelo Banco Central e por alguns economistas de que a taxa ajuda a controlar a inflação não reflete a realidade. “Combater a inflação com alta de juros gera mais desemprego e mais recessão. O que mais afeta a taxa de juros é o câmbio. O governo tem de resolver o problema do câmbio, não aumentar os juros. Já com a redução da taxa, o trabalhador e trabalhadora poderá consumir mais, ter mais acesso ao crédito – e isso gera emprego, gera produção, promove o desenvolvimento e a qualidade de vida do brasileiro”, reiterou.
Na avaliação de Sérgio Nobre, secretário-geral da CUT, esse ato foi um recado extraordinário da sociedade brasileira, que não quer transferência de renda para especulação, mas sim para produção e para a continuidade do crescimento econômico que, segundo ele, estamos vivendo há mais de 12 anos. “Nosso caminho é distribuir renda e aumentar o consumo, e não o contrário. E o papel do Copom é não permitir a subida dos juros e garantir mais recursos para a produção”, sublinhou.
“Nossa defesa é por desenvolvimento com distribuição de renda e melhores condições de vida para a classe trabalhadora e a atual política monetária não atende estas demandas”, argumentou Vagner.
Fonte: Contraf-CUT, com CUT e Agência Brasil