Dia Internacional da Mulher Negra celebra resistência e luta contra o racismo

0

A data 25 de julho marca o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, que foi instituída em 1992 durante o 1º Encontro de Mulheres Negras da América Latina e do Caribe, na República Dominicana. No Brasil, a data também homenageia Tereza de Benguela, líder quilombola que se tornou símbolo de resistência negra. O dia é o ápice do Julho das Pretas, um mês inteiro dedicado à visibilidade, debate e à luta das mulheres negras contra o racismo estrutural, o sexismo e as desigualdades de gênero.

Uma dos principais debates do dia é a organização da Marcha das Mulheres Negras Por Reparação e Bem Viver, movimento que teve início em 2015, quando reuniu mais de 50 mil pessoas em Brasília, num ato histórico contra o racismo e a violência.

Desde então, a marcha se tornou um símbolo de mobilização por políticas públicas que enfrentem as opressões específicas vividas pelas mulheres negras, que são as maiores vítimas de feminicídio, mortalidade materna e desemprego no país.

Em 2025, o objetivo da Marcha das Mulheres Negras, cuja expectativa de realização é novembro deste ano, é reunir um milhão de mulheres negras na capital federal reivindicando reparação histórica e o direito ao bem-viver para a população negra no Brasil.

O dia 25 de julho

Nesta data, a CUT, por meio de sua Secretaria de Combate ao Racismo, em parceria com coletivos estaduais cutistas, organizações e movimentos sociais, promove um debate diversificado que inclui rodas de conversa, saraus, feiras de empreendedorismo negro e atos públicos, com o objetivo de ampliar a visibilidade das pautas prioritárias da população negra.

Julia Reis Nogueira, secretária nacional de Combate ao Racismo da CUT, celebra o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha e afirma que a data é uma resistência negra feminina, que tem voz e força para seguir transformando a história.

“Celebrar o dia da mulher negra é honrar nossas ancestrais, fortalecer o presente e semear futuros de liberdade para todas as mulheres negras. Esse mês não é apenas sobre lembrar nossa luta, mas sobre reafirmar nosso poder de transformar a sociedade através da união e resistência”, diz Nogueira.

Para Nadilene Nascimento, secretária-adjunta de Combate ao Racismo da Central, o dia 25 de julho lembra cada conquista das mulheres negras em séculos de resistência.

“Enquanto existir racismo e machismo, o Julho das Pretas será necessário para ecoar nossas vozes e reivindicar nossos direitos. Esse mês simboliza a força das mulheres negras que, mesmo diante de todas as opressões, seguem construindo caminhos de libertação”, celebra a dirigente.

Avanços e desafios na promoção da igualdade racial

Outro evento fundamental no calendário do Julho das Pretas este ano é a V Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial (CONAPIR), que acontece em setembro, em Brasília. O encontro debaterá o enfrentamento ao racismo e às outras formas de intolerância.

“A CUT vai levar à 5ª CONAPIR os temas que falam da democracia e reparação racial como o eixo principal dessa conferência. É fundamental que nós possamos pensar e estabelecer as ações prioritárias, evidentemente que vinculadas ao mundo do trabalho que a Central vai propor na conferência”, diz Júlia Nogueira.

Além disso, a CONAPIR é o principal espaço de debate e formulação de políticas públicas para enfrentar o racismo e promover direitos da população negra, indígena e de outros grupos étnico-raciais no Brasil. A conferência reúne gestores públicos, ativistas e especialistas para debater políticas de combate ao racismo e promover ações afirmativas.

Por que o dia da mulher negra importa?

As mulheres negras são 66% das vítimas de feminicídio no Brasil segundo dados do Atlas da Violência (2023). A data não é apenas uma celebração, mas reforça que a luta antirracista e feminista precisa ser diária, coletiva e incansável.

No mercado de trabalho, as mulheres negras são as mais afetadas, pois predominam nos empregos informais, no desemprego e recebem os menores salários.

Dados da PNAD Contínua (IBGE) do 4º trimestre de 2023 mostram que 41% das mulheres em trabalhos informais são negras, contra 31% de não negras. Além disso, 67% das trabalhadoras domésticas, categoria onde mulheres representam 91% da força de trabalho, são negras.

São as mulheres que, historicamente, também são submetidas à função de manutenção do núcleo familiar e, dessa forma, acumulam papéis que as deixam sobrecarregadas: acúmulo de tarefas domésticas, cobrança pelo cuidado com os filhos, além do cuidado com o parceiro.

“Ela é oprimida no mercado de trabalho por ser mulher e também por ter a raça negra. As políticas de igualdade racial no trabalho são importantes, mas é hora de pensar uma profunda reestruturação das relações de produção e distribuição de riqueza no país”, afirma Nadilene.

 

Fonte: CUT Brasil

Comments are closed.