O jurista e professor Lênio Streck classificou o Projeto de Lei (PL) da Anistia como uma tentativa clara de beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados. “Esse projeto não surgiria sem Bolsonaro. Bolsonaro é o objetivo”, afirmou, em entrevista ao podcast Três por Quatro, do Brasil de Fato.
Segundo Streck, o projeto, além de inconstitucional, representa um ataque direto à democracia. “Uma democracia jamais comete o suicídio. É incompatível com a democracia que você tenha um perdão para quem tentou destruí-la; um aluno de primeiro ano de Direito já saberia disso”, disse o professor, que chamou a proposta de “haraquiri institucional”, em referência ao ritual de suicídio praticado no Japão.
O professor e historiador Valério Arcary, comentarista do Três por Quatro, avaliou como “patética” a atuação de governadores que se alinham à proposta e participaram de atos em defesa da anistia para os envolvidos na tentativa de golpe em 8 de janeiro de 2023. “O Brasil acabou de quase perder a democracia e a grande discussão é ‘Como vamos perdoar aqueles que tentaram destruir a democracia?’. Isso é absolutamente inusitado, absolutamente patético”, criticou.
Para Arcary, a extrema direita vive hoje um momento político de defensiva devido ao avanço dos processos judiciais contra Bolsonaro e outros representantes. Ainda assim, ele enxerga um movimento estratégico por parte do ex-presidente. “Há uma contraofensiva para redução de danos. Ele mantém sua candidatura em suspenso para evitar a dispersão da direita e, no momento final, decidir quem será seu sucessor”, analisou, apontando o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), como o nome mais bem posicionado atualmente.
Streck comparou a tática bolsonarista à usada pelo PT nas eleições de 2018, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva estava preso. “Pode parecer loucura, mas obedece a um cálculo, a um método. A extrema direita, como [o presidente dos Estados Unidos Donald]Trump e Bolsonaro, nos surpreende com esse frenesi permanente de iniciativa política”, concluiu.
Fonte: Brasil de Fato