Irreverente e cheia de personalidade. Aos dezesseis anos, Amanda não esconde a intimidade com o espelho, mas o direito de se sentir bem com a própria imagem não foi respeitado na escola onde a jovem estuda.
“Logo que eu cheguei eles me barraram na entrada, o pessoal que trabalhava lá, falaram que eu não poderia fazer a prova e me encaminharam pro diretor. Logo que eu entrei ele fez como um deboche, falou assim humf. Me perguntou por que você faz isso? É… pra provocar?”, diz a estudante.
O caso indignou a mãe da estudante que foi até a escola conversar com o coordenador pedagógico. Ela gravou tudo com o celular.
(coordenador pedagógico) “A nossa sociedade … Ela tem um padrão que acho, que às vezes choca, que nós paraenses, nós que estamos aqui no final do planeta, que é pior ainda. Se você vai pra São Paulo, isso é comum, se você vai pro Rio de Janeiro, isso é comum, mas se a senhora voltar os seus olhos pro Pará…”
(mãe) “Isso é incomum”
(coordenador) “Isso é incomum”
(mãe) “Tá bom diretor, quer dizer que o único motivo dela não ter ido pra sala de aula foi o cabelo azul, né?”
(coordenador) “Foi a questão da pintura do cabelo dela”
“Eu coloquei a minha escola, julgando que eu tinha colocado numa escola, melhor escola de Belém , como eles dizem, que tem o melhor ensino de Belém, e a minha filha teve uma aula de preconceito”, denuncia Patrícia Passos, mãe da aluna.
Em um outro trecho da conversa, o coordenador tenta justificar.
(coordenador) “Não é preconceito, não é nada…”
(mãe) rs, “não”
(coordenador) “Como eu digo sempre: a escola não vai se adequar ao aluno, nenhuma escola se adequa ao aluno. Eu acho que é o inverso, é o aluno que se adequa a escola”
Este especialista diz que a atitude da escola é considerada crime.
“Essa situação é absolutamente inaceitável. Não tem amparo legal, não tem amparo nas leis, decretos e resoluções principalmente que regem o ensino”, afirma o advogado, Paulo Barradas.
Amanda estuda nesta escola particular no centro de Belém. Ela não paga mensalidade, participou de um concurso e ganhou bolsa integral até o ano que vem, mas o preço por se estudar aqui foi mais caro do que se imaginava.
“Foi um ano de sofrimento, ela sofrendo constrangimento. Eu falei pra minha filha eu te amo com cabelo azul, com cabelo preto, com alargador, sem alargador, porque pra mim você é a melhor filha do mundo”, desabafa a mãe da aluna.
Fonte: R7.com