No mesmo dia em que teve divulgado um lucro R$ 13,9 bilhões no primeiro semestre de 2019, o Banco Itaú anunciou o lançamento de um Programa de Desligamento Voluntário (PDV), que terá início no dia 1º de agosto e duração até o dia 31 do mesmo mês. O anúncio foi feito em comunicado divulgado ao mercado, e vale para “todas as empresas controladas exclusivamente pelo Itaú Unibanco Holding S.A. no Brasil”.
Segundo reportagem do UOL, o PDV espera atingir 6.900 funcionários. De acordo com o informe passado à Confederação Nacional dos Trabalhadores no Ramo Financeiro (Contraf-CUT), os desligamentos ocorrerão de acordo com a programação da empresa, até novembro/2019 na modalidade sem justa causa.
“Nós queremos entender o motivo deste PDV. Ele é uma opção de cada funcionário aderir ou não. Mas, nossa preocupação é com os bancários que não aderirem ao programa e permanecerem no banco. Eles não podem ser prejudicados com sobrecarga de trabalho e aumento da pressão e do assédio, que pode afetar a saúde. Os clientes também não podem ser prejudicados com a piora na qualidade do atendimento”, afirmou Jair Alves, coordenador da Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Itaú. “Esta postura do banco de lançar esse PDV, no atual cenário da economia brasileira, vem na contramão da política de gerar emprego, e aumenta o risco de terceirização e precarização. Ela só aumenta mais o desemprego e a miséria que está vigente atualmente no Brasil”, completou Jair.
Lucro do Itaú
De acordo com o relatório feito pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) em cima do balanço, o lucro do Itaú representa um crescimento de 8,7% em relação ao mesmo período de 2018 e de 2,3% no trimestre. A receita com prestação de serviços e tarifas bancárias cresceu 2,4% em doze meses, totalizando R$ 19,3 bilhões. As despesas de pessoal, por sua vez, subiram 5,8%, somando, aproximadamente, R$ 12 bilhões. Com isso, a cobertura destas pelas receitas secundárias do banco foi de 160,9% em junho de 2019.
A holding encerrou o 1º semestre de 2019 com 85.161 empregados no país, com fechamento de 983 postos de trabalho em doze meses, porém, foram fechados 1.043 postos somente no último trimestre do ano.
De acordo com o relatório do banco, “no Brasil, a redução anual do quadro de colaboradores está relacionada ao encerramento de agências físicas”. Em doze meses, foram fechadas 199 agências físicas, sendo 195 somente no 2º trimestre do ano e abertas 36 agências digitais abertas (apenas uma aberta no trimestre), totalizando 3.332 agências e 196 agências digitais, respectivamente).
“O Resultado já era esperado e teve um grande custo para os trabalhadores, já que veio com o fechamento de agências e a diminuição no quadro de funcionários. Os números mostram que está na hora de iniciar uma movimentação contrária, com a contratação de mais trabalhadores”, completou Jair.
Fonte: Contraf-CUT