O Itaú Unibanco demitiu, nesta segunda-feira (8), cerca de mil bancários e bancárias do Centro Tecnológico (CT), CEIC e Faria Lima, que trabalhavam em regime híbrido ou integralmente remoto. A justificativa do banco foi que esses empregados estavam sendo monitorados há mais de seis meses e foi detectada “baixa aderência ao home office”, porém, os trabalhadores foram dispensados sem qualquer advertência prévia e sem qualquer diálogo com o Sindicato dos Bancários de São Paulo, num claro desrespeito aos bancários e à relação com o movimento sindical.
“Hoje fomos surpreendidos com essa demissão em massa feita pelo banco. O banco afirma que os desligamentos se baseiam em registros de inatividade nas máquinas corporativas, em alguns casos, períodos de quatro horas ou mais de suposta ociosidade. No entanto, consideramos esse critério extremamente questionável, já que não leva em conta a complexidade do trabalho bancário remoto, possíveis falhas técnicas, contextos de saúde, sobrecarga, ou mesmo a própria organização do trabalho pelas equipes”, critica o diretor do Sindicato e bancário do Itaú, Maikon Azzi.
O dirigente critica ainda a forma como foram feitas as demissões. “O mais grave, porém, é a forma arbitrária e desumana com que essas demissões ocorreram. Não houve qualquer diálogo prévio com os trabalhadores nem com as entidades sindicais. Foram dispensas em massa, realizadas de forma unilateral, sem transparência e sem respeito aos princípios de negociação e mediação, ainda que a reforma trabalhista, por meio do artigo 477-A da CLT, tenha retirado a obrigatoriedade de autorização prévia do Sindicato. Ou seja, mesmo com seis meses de monitoramento, não houve qualquer tentativa de diálogo pelo banco, não houve advertência, feedback ou qualquer outra sinalização para a correção de condutas, e nem mesmo oportunidade para que os empregados pudessem se defender”.
O Sindicato já contatou o banco e pediu explicações. “Seguiremos exigindo que o Itaú se manifeste com uma justificativa plausível e responsável para essas demissões e que os direitos dos trabalhadores sejam respeitados”, informa Maikon.
“O home office não pode ser uma desculpa para aprofundar o controle excessivo, a vigilância abusiva e o desrespeito às relações de trabalho. Exigimos mais respeito, mais diálogo e mais humanidade”, diz ainda o dirigente.
O Sindicato também cobra que essas cerca de mil vagas sejam repostas, pois os trabalhadores já estão sobrecarregados.
Lucro nas alturas
A presidenta do Sindicato, Neiva Ribeiro, destaca que, com lucro nas alturas, o banco não tem nenhuma justificativa para demitir “Apenas no último semestre, o Itaú obteve lucro superior a R$ 22,6 bilhões, com rentabilidade em alta, consolidando-se como o maior banco do país em ativos. É inaceitável que uma instituição que registra lucros bilionários promova demissões em massa sob a justificativa de ‘produtividade’. Os avanços tecnológicos e os ganhos de produtividade decorrentes da digitalização poderiam ser revertidos em melhores condições de trabalho e emprego estável. No entanto, enquanto os trabalhadores são sacrificados, os acionistas seguem acumulando ganhos recordes.”
Mesmo com esse resultado, o Itaú segue extinguindo postos de trabalho: em 12 meses, o banco cortou 518 postos de trabalho, reduzindo o quadro de pessoal da holding a 85.775 empregados.
Fonte: Spbancarios