Mais que números: Levantamento do Sindicato revela que bancos privados são os que mais adoecem

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“Meu processo de identificação, e aceitação, ele foi muito longo. Eu demorei muito para entender, para eu aceitar que eu não estava bem. E aí um certo dia, que foi o dia em que eu considero que foi o dia onde eu cheguei no meu ápice de ansiedade. Eu tive uma crise de pânico mesmo, na agência bancária onde eu trabalhava. Eu sofri um acidente de trabalho e foi nesse dia que eu percebi que eu precisava de ajuda, precisava buscar ajuda”, conta a bancária de um banco privado que pediu para não ser identificada.
Nos três primeiros meses deste ano, com base nas emissões de Comunicado de Acidente de Trabalho (CAT) feitas pelo Sindicato, dos 28 documentos emitidos, 24 foram de bancos privados, sendo 23 deles por motivos psicológicos.

“Não entra nesse levantamento os emitidos pelo único banco que tem esse cuidado, que é o Banpará, e nesse mesmo período, lançou seis CATs. Sabemos o quão é difícil reconhecer o adoecimento e mais ainda pedir ajuda, por isso nos colocamos à disposição para atendimento não só na nossa sede, mas em locais que a vítima se sinta um pouco mais confortável, e acompanhamos todo o processo até o retorno dela para o local de trabalho”, explica a diretora de saúde do Sindicato, Heládia Carvalho.

“Diante de toda aquela carga de trabalho, situações de assédio, diante de toda a pressão para bater metas, etc; e eu já vinha há muitos meses sofrendo. Só que eu vinha digamos, entre aspas, sofrendo calada. Eu sabia que eu não estava bem, mas eu não queria aceitar. Eu falava que eu era uma pessoa que tinha saúde, que eu estava bem e que aquilo ia passar, só que não passou. O meu adoecimento se agravou, a minha condição foi ficando cada vez pior, até que chegou o momento que eu não consegui mais controlar”, lembra a bancária.

Do episódio para cá, ela segue afastada em tratamento e com acompanhamento do Sindicato. “Eu pedi ajuda ao Sindicato, o Sindicato foi fundamental, essencial nesse processo. Eu pedi ajuda a colegas do banco. Eu estou em tratamento até hoje, eu fiquei afastada; estou de licença até hoje. E hoje eu entendo que eu preciso desse momento para me cuidar. O Sindicato, ele foi fundamental nesse processo. As orientações, tudo que fizeram por mim. Eu sempre fui assim, uma pessoa que sempre acreditei na importância do Sindicato e de ser sindicalizada. Desde quando eu passei a entender sobre isso, o Sindicato é uma força gigantesca, que nós trabalhadores, a gente precisa valorizar e respeitar”, afirma.

Em 2024, a saúde mental foi a principal causa dos afastamentos na categoria bancária. Segundo levantamento do Dieese, com base em informações da plataforma Smartlab, produzida com registros do INSS, naquele ano, as doenças mentais e comportamentais foram responsáveis por 55,9% dos afastamentos acidentários e por 51,8% dos afastamentos previdenciários de bancárias e bancários do país. Em segundo lugar ficaram as doenças conhecidas como Lesões por Esforços Repetitivos (LER) ou Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT), responsáveis por 20,3% dos afastamentos acidentários e 15,2% dos afastamentos previdenciários na categoria, em 2024.

Procure o Sindicato

“Se tu leste a matéria até aqui e te identificaste em partes ou no todo com o depoimento da colega, procure a gente vindo pessoalmente à nossa sede ou mandando e-mail ou Whatsapp que daremos todas as tratativas necessárias com todo o sigilo das denúncias. Saiba de uma coisa: tu não estás só e tens o Sindicato ao teu lado”, orienta a presidenta da entidade, Tatiana Oliveira, que participou, na última segunda-feira (30) em São Paulo, do encontro entre o Comando Nacional dos Bancários e a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), que teve como pauta a saúde mental e a implementação das Normas Regulamentadoras (NRs) 1 e 17.

 

Fonte: Bancários PA com informações da Contraf-CUT

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