Seja em teletrabalho ou presencial, hoje (29) foi dia dos bancários e bancárias do Banco do Brasil, que serão afetados diretamente com a reestruturação, cruzarem os braços contra a medida do banco que prevê o encerramento de centenas de agências, postos de atendimento e escritórios, fim da função de caixa, além do desligamento de 5 mil funcionários em todo o país, através do Plano de Adequação de Quadros (PAQ) e do Plano de Desligamento Extraordinário (PDE).
Segundo o anúncio do Banco do Brasil, feito no dia 11 deste mês, o conjunto de ações buscaria adequar a rede de agências ao aumento do comportamento digital de seus clientes e à necessidade de ampliar o atendimento especializado, especialmente o voltado ao agronegócio, que contará com mais 14 agências exclusivas e novos 276 gerentes de atendimento dedicados. As ações também buscariam a sustentabilidade dos negócios.
Agências
No Pará, estão previstas o fechamento de pelo menos 13 agências: 2 em Belém (Ver-o-Peso e Alcindo Cacela), 1 em Ananindeua (BR 316), 1 em Santarém (Orla), 1 em Altamira (Rio Xingu), 1 em Marabá (Av. Tocantins), 1 em Parauapebas (Cidade Jardim), 1 em Barcarena (Nossa Senhora do Tempo) e os municípios de Ourilândia do Norte, Ourém, Curuçá, Água Azul do Norte e Monte Dourado (distrito de Almeirim) não terão mais unidades do Banco do Brasil.
Mais de 50 bancários e bancárias, somente dessas unidades, terão as rotinas de trabalho, alguns de vida, alteradas.
“Nos municípios onde só tinha uma única agência, os colegas serão remanejados para outras localidades, o que impacta diretamente no cotidiano deles e de toda a família. Uma decisão difícil de ser tomada do dia pra noite. E o dia de hoje, de paralisação nacional, é para mostrarmos nossa indignação e para toda a sociedade ver o que a categoria está passando, se juntar a gente nessa luta, afinal todos serão impactados”, explica a presidenta do Sindicato dos Bancários do Pará, Tatiana Oliveira.
Caixas
Em toda Região Metropolitana de Belém, existe atualmente cerca de 80 caixas, e todos eles deixarão de receber o salário e a gratificação pela função que exercem.
“Esses colegas não deixarão de ser bancários, mas irão atuar como escriturários ou agentes comerciais nas unidades e quando o banco precisar deles como caixa, receberão pelas horas trabalhadas no dia. Um desmonte que atingiu em cheio o funcionalismo sem qualquer tipo de conversa com as entidades representativas. Os impactos psicológico e financeiro são imensuráveis, agravados ainda mais com a pandemia, diante do aumento do número de casos e a vacina ainda não disponível para todos e todas”, ressalta a diretora da Contraf-CUT e bancária do BB, Rosalina Amorim.
Um dos caixas executivos da agência Augusto Montenegro, Rafael Cavalcanti, define em poucas palavras o sentimento ao receber a notícia do fim da função que exerce há anos. “Esse aviso veio de uma forma violenta, um atentado aos trabalhadores que se sacrificam em atender e bater as metas, em plena pandemia, e mesmo assim, com todas as adversidades, fizemos com êxito nosso trabalho”, desabafa.
No próximo mês de março, Rafael fará 10 anos de Banco do Brasil e lembra com carinho como foi saber da aprovação no concurso. “Foi um sonho realizado ser aprovado e trabalhar em um banco público. Gosto de pessoas, do atendimento aos mais necessitados, e hoje, somos nós que precisamos de todo o apoio e compreensão da sociedade em geral e especialmente das pessoas que um dia foram atendidas por nós e que mais uma vez serão as mais prejudicadas com a reestruturação”.
Demissões
Os Programas de Demissão Voluntária e de Adequação de Quadros são os que terão o maior impacto no quadro funcional do Banco do Brasil. É neles que está prevista a demissão de 5 mil funcionários em todo o país.
Segundo o anúncio do Banco do Brasil, feito no dia 11 deste mês, o conjunto de ações busca adequar a rede de agências ao aumento do comportamento digital de seus clientes e à necessidade de ampliar o atendimento especializado, especialmente o voltado ao agronegócio, que contará com mais 14 agências exclusivas e novos 276 gerentes de atendimento dedicados. As ações também buscam aumentar a eficiência nas atividades da empresa, garantindo a sustentabilidade dos negócios.
“O pacote de reestruturação é totalmente desumano e visa apenas à ampliação de lucros do Banco do Brasil e o pagamento de seus acionistas. O Governo Bolsonaro demonstra, mais uma vez, que não tem compromisso nenhum com a sociedade brasileira e com a categoria bancária. Mas nós estamos nas ruas, com todos os cuidados de prevenção contra a covid-19, para resistir contra esses ataques aos bancos públicos e aos nossos empregos, e intensificando as ações presenciais e virtuais, com mais um dia de luta, dessa vez com paralisação de 24 horas, como uma forma de chamar a atenção da sociedade a somar com a gente nessa luta e principalmente da direção do banco, em dialogar com as entidades. Não podemos ficar calados e inertes diante de tanta atrocidade” afirma o diretor do Sindicato e também funcionário do Banco do Brasil, Gilmar Santos.
Na última segunda-feira (25), a direção do banco anunciou sua distribuição de dividendos em 2021, em documento enviado ao mercado, que diz que o percentual do lucro pago aos acionistas (payout) será de 40%. Sobre o resultado de 2020, o BB aprovou um payout de 35,29%.
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Fonte: Bancários PA com Contraf-CUT e UOL