Não discriminação da atividade sindical foi alvo de negociação entre bancários e banqueiros

0

Na sexta-feira da semana passada, dia 15 de março, em São Paulo, o Comando Nacional dos Bancários e a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) retomaram os debates da mesa de negociação de igualdade de oportunidades. O foco foi a reivindicação que trata da não-discriminação dos dirigentes e delegados sindicais. Na ocasião, por exemplo, os bancários denunciaram o tratamento discriminatório que sindicalistas recebem das instituições financeiras.

É comum, segundo a denúncia, os bancos negarem aos dirigentes sindicais é o acesso ao sistema de informações do sistema financeiro, não podendo participar dos programas de formação e qualificação profissional e nem mesmo dos concursos internos, disponibilizados a todos os funcionários. Além disso, os dirigentes não liberados enfrentam situação de isolamento nos locais de trabalho.

Na avaliação de Carlos Cordeiro, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf/CUT) e coordenador do Comando, “no Brasil, historicamente, não foram construídos muitos exemplos de relações de trabalho democráticas. Quando se trata da atuação dos dirigentes sindicais, a situação piora”.

Na reunião com os banqueiros, os representantes dos bancários afirmaram que há casos de gerentes que, ao participarem do movimento sindical, passam a enfrentar restrições ao acesso aos clientes, às linhas e programas de negócios dos bancos. E mais: “além de terem suas liberações negadas, muitos são colocados em situação de isolamento. Outro exemplo é o caso de retorno de dirigentes ao local de trabalho pós-término do mandato sindical, ocasião em que perdem suas funções e comissões”.

O presidente da Contraf/CUT denunciou ainda casos de dirigentes liberados e não- liberados que possuem suas carreiras profissionais estacionadas, acrescentando: “Muitos dirigentes e delegados sindicais – que não são liberados – têm suas promoções condicionadas à renúncia do mandato sindical”.

Foi dito ainda que a discriminação no mundo do trabalho também é manifestada na privação que os dirigentes sindicais têm na estrutura de organização do trabalho. Diante dessas e de outras discriminações descabidas, os representantes da Fenaban afirmaram que farão um levantamento interno sobre as questões expostas.

Feito isso, o debate sobre o tema da igualdade de oportunidades será retomado em data a ser marcada. Convém lembrar, no entanto, que a proposta relacionada à não-discriminação dos dirigentes sindicais faz parte da minuta de reivindicação da campanha salarial 2012. A cláusula é a de nº 62 e diz o seguinte em seu segundo parágrafo: “As empresas deverão garantir a não-discriminação dos empregados eleitos para o exercício do mandato sindical ou delegados sindicais, assegurando-lhes os mesmos direitos dos empregados da ativa quanto a itens como promoções, acesso às informações, remuneração, curso etc”.

Essa reivindicação, aliás, foi incluída na minuta e razão das crescentes reclamações de dirigentes sindicais sobre o tratamento discriminatório que recebem das instituições financeiras.

Seminários temáticos – Na reunião com a Fenaban, o Comando Nacional dos Bancários sugeriu a retomada da realização dos seminários temáticos e propôs como tema emprego e remuneração na categoria. Os bancos sinalizaram a retomada dos encontros, mas os temas ainda serão discutidos. Sobre o assunto, eis a opinião de Carlos Cordeiro: “Esse espaço de debate amplia a discussão com foco em um único tema, facilita as negociações na campanha salarial com vistas a ampliar os direitos na Convenção Coletiva de Trabalho da categoria bancária”.

Fonte: Contraf-CUT

Comments are closed.