Polícia Civil resgata mais 13 mulheres de boate em Vitória do Xingu

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Foram presos em flagrante os gaúchos Carlos Fabrício Pinheiro, 33 anos, de Cruz Alta (RS) e Adriano Cansan, 20, de Nova Roma do Sul (RS) responsáveis pelo gerenciamento do estabelecimentoMais 13 mulheres foram encontradas em outro imóvel, situado às proximidades da boate “Xingu”, nesta quinta-feira, 14. Elas eram funcionárias da boate fechada, na noite de ontem, em Vitória do Xingu, sudoeste do Pará, onde, cinco pessoas – três mulheres, uma travesti e uma adolescente – eram exploradas sexualmente em um esquema de tráfico de pessoas. Das mulheres encontradas pela equipe policial coordenada pelo delegado Lindoval Borges, da Delegacia de Vitória do Xingu, uma é de Redenção, sudeste do Pará; outra é do estado de Goiás e as demais são de cidades do sul do país, como Chapecó, em Santa Catarina, e São Leopoldo, no Rio Grande do Sul. Elas foram encontradas em um barracão, situado na mesma área onde ficava a casa de prostituição. Todas foram levadas para a Superintendência Regional do Xingu, em Altamira, para prestar depoimento. Elas alegaram, em princípio, serem funcionárias de um homem conhecido por Adão, que seria o dono da boate.

O suspeito ficou de se apresentar à Polícia Civil, em Altamira, na manhã desta sexta-feira, para prestar depoimento ao delegado Cristiano Nascimento, titular da Superintendência Regional do Xingu. Conforme o delegado, após o flagrante de tráfico de pessoas e de exploração sexual das cinco pessoas oriundas do sul do país, que eram mantidas em cárcere privado e forçadas a fazer programas sexuais na boate, surgiram novas informações de que mais mulheres estariam na área onde ficava a boate, na localidade conhecida como Vila São Francisco, zona rural de Vitória do Xingu. Os policiais civis, junto com conselheiros tutelares, retornaram à área, onde depois de buscas, encontraram as 13 mulheres, que estavam escondidas no barracão. O inquérito policial foi instaurado para apurar os fatos. A boate já teve a licença de funcionamento cassada. As investigações prosseguem.

O caso – A denúncia foi apresentada à Polícia Civil por meio de representantes do Conselho Tutelar de Altamira procurados pela adolescente na noite da última quarta-feira (15). A conselheira tutelar Lucenilda Lima foi procurada pela jovem, uma gaúcha nascida em Maraú, no Rio Grande do Sul. A garota denunciou que foi trazida da cidade de origem para o Pará, por um homem, há uma semana, sob a promessa de trabalhar em uma boate, onde ganharia R$ 14 mil por semana. Mas, ao chegar ao Pará, a situação eram bem diferente. Ela foi levada para a zona rural do município de Vitória do Xingu, onde ficou levada ao prostíbulo, situado no interior de um sítio, na localidade de Vila São Francisco, localizada a uma distância de 20 quilômetros de dois canteiros de obras – “Pimental” e “Canais e Diques” -, da Hidrelétrica de Belo Monte.

A jovem relatou que, nesse local, foi forçada a se prostituir e mantida o tempo todo trancada em um quarto. A vítima contou ainda que era ameaçada pelo dono da boate, conhecido como Adão, que também seria oriundo do Rio Grande do Sul. Segundo ela, havia no local outras mulheres que estariam na mesma situação. A jovem relatou também que as pessoas não eram alimentadas e, o tempo todo, eram vigiadas por capangas e obrigadas a fazer programas para cobrir as dívidas com o dono da boate pelas despesas com a viagem do sul do país para o Pará. A jovem revelou que trabalhadores da obra de Belo Monte eram os principais clientes da casa de prostituição. A adolescente conta que conseguiu fugir ontem da boate e, com por meio de carona, foi levada até Altamira para denunciar o crime.

Com base nas informações, a Polícia Civil formou uma equipe policial para apurar a denúncia. Na boate, foram presos em flagrante os gaúchos Carlos Fabrício Pinheiro, 33 anos, de Cruz Alta (RS), e Adriano Cansan, 20, de Nova Roma do Sul (RS), responsáveis pelo gerenciamento do estabelecimento. Um atuava como gerente e o outro, segundo os relatos, trabalhava como garçom. Porém, o segundo acusado também agia como um gerente, pois era o responsável em trancar os quartos, onde dormiam as vítimas. 

Os presos foram enquadrados no Código Penal Brasileiro, nos artigos 231-A, por tráfico de pessoas para exploração sexual; 218-B, por submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra forma de exploração sexual pessoa menor de 18 anos; 228, por induzir ou atrair alguém à prostituição ou outra forma de exploração sexual; 229 por manter, por conta própria ou de terceiro, estabelecimento em que ocorra exploração sexual, visando lucro, ou por mediação direta do proprietário ou gerente, e 230, por tirar proveito da prostituição alheia, participando diretamente dos lucros ou fazendo-se sustentar, no todo ou em parte, por quem exerça a prática ilegal. As vítimas serão devolvidas aos familiares em seus estados de origem. 


Fonte: Polícia Civil PA, com edição de Bancários PA

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