O que tu não vês nos intervalos dos horários nobres da televisão brasileira, tu vês nos bastidores das lutas e mobilizações das entidades sindicais contra a terceirização no Santander que levou sindicatos de todo o país, filiados à Contraf-CUT, a irem para a porta das unidades denunciar que o banco espanhol está criando empresas para realocar seus funcionários das áreas de tecnologia da informação, call center e comercial.
“É em cima dessa onda de terceirização que o Santander aumenta seus lucros, retirando direitos e salários, enquanto que o trabalho e as metas só aumentam. Os colegas continuam realizando as mesmas tarefas de sempre, como bancário, mas são registrados nestas outras empresas criadas pelo banco, com o único objetivo de deixar de pagar direitos conquistados pela categoria bancária”, explica o diretor do Sindicato dos Bancários do Pará e bancário do Santander, Márcio Saldanha.
O banco Santander obteve lucro líquido gerencial de R$ 12,467 bilhões nos nove primeiros meses de 2021, crescimento de 29,4% em relação ao mesmo período de 2020 e de 4,1% no trimestre, e uma rentabilidade (retorno sobre o Patrimônio Líquido Médio Anualizado – ROE) de 22,4%, alta de 1,4 ponto percentual (p.p.) em doze meses.
Em setembro de 2021, as receitas com tarifas seriam suficientes para pagar todas as despesas com os funcionários e ainda sobraria 113,14% do valor. E esta é uma arrecadação ínfima obtida pelo banco se comparada a que ele obtém com as demais transações financeiras.
“Em contrapartida, em um ano, o Santander fechou 139 agências e 35 postos de atendimento bancário em todo o Brasil, o que gera economia com a manutenção de sua estrutura. O Pará vai na contramão com a abertura de mais agências, o que não muda a realidade de retrocessos e precarização do trabalho do funcionalismo. Mas, mesmo assim, a receita com prestação de serviços tem aumentado. Ou seja, quem paga a conta não é só o funcionalismo, o cliente também paga. É um desrespeito atrás do outro, em plena pandemia, onde vários colegas se foram em decorrência do vírus e muitos não pararam um da sequer, porque fazemos parte de uma categoria considerada essencial, arriscando a própria vida em função do trabalho”, lembra a presidenta do Sindicato dos Bancários do Pará, Tatiana Oliveira.
O ato na capital paraense foi em uma das avenidas mais movimentadas da cidade, a Avenida Visconde de Souza Franco onde funciona umas das agências do banco na Região Metropolitana de Belém.
Mais trabalho, salário menor e menos direitos!
F1SRT
. O trabalhador cumpre 8 horas, mas não recebe o adicional pago aos bancários;
. Adicional noturno só depois da meia-noite;
. Não tem vale-alimentação;
. Não tem 13ª cesta;
. PLR baseada na meritocracia, sem regra definida;
. Desconto de 6% no salário referente ao vale-transporte;
. Auxílio-creche 13,7% menor que do bancário e pago por um ano menos;
. Bolsas de qualificação profissional apenas para quem tiver “performance diferenciada”.
PROSPERA
. Vale-refeição 9,4% menor;
. Vale-alimentação 16,1% menor;
. Reajuste de 6,76% (bancários tiveram 10,97%);
. Piso salarial 26,3% menor.
SX NEGÓCIOS
. Reajuste de 4,48% (bancários tiveram 10,97%).
Fonte: Bancários PA com Contraf-CUT