74 anos bem vividos, mais de 30 desses como bancário do Banpará, Itamar de Souza Fonseca, também foi presidente da Associação dos Aposentados do Banpará (Asbep), presidiu o Conselho do Fundo de Pensão do Banpará (Cafbep) e também jogou profissionalmente no Paysandu.
“Era ele também quem cuidava e morava, sozinho, com a mãe de 92 anos, fazia questão”, lembra a nora dele, Sara Morais, que também é bancária do Banpará.
Sara e o esposo, assim como o sogro, testaram positivo para a covid-19. O casal acabou contraindo o vírus pelo contato que precisaram ter com seu Itamar que precisava de ajuda. Mas o bancário aposentado faleceu depois de 14 dias internado, na UTI, num hospital particular de Belém. A mãe de seu Itamar não apresentou sintomas.
“Começou com uma tosse e cansaço. Medimos a saturação dele com oxímetro e percebemos que ele precisava ser levado ao hospital imediatamente e assim fizemos. Procuramos atendimento em vários hospitais Era por volta de 14h de um sábado, um fim de semana de caos na rede hospitalar de Belém e somente depois de 16h de buscas, conseguimos atendimento num hospital particular da Doca, já por volta de 20h”, conta o filho dele, Rodrigo Fonseca, esposo da Sara.
Após o atendimento inicial, seu Itamar fez uma tomografia no pulmão, foi medicado, e como não havia leito disponível foi mandado de volta pra casa. Na manhã do dia seguinte, o estado de saúde dele piorou.
“Agravou tanto, que somente seria possível o transporte dele via ambulância. O plano de saúde não tinha essa cobertura e só consegui a transferência com a ONG Anjos do Resgate, que o levou de volta para a mesma unidade de saúde do dia anterior”, relata Rodrigo.
De volta à emergência, seu Itamar Fonseca ficou numa sala em observação com oxigênio. Na segunda, à noite, foi transferido para uma unidade semi-intensiva, e depois para uma UTI completa em outro hospital particular onde faleceu 14 dias depois de dar entrada, no dia 19 de maio.
Não houve velório, apenas 5 pessoas puderam acompanhar o sepultamento.
“A saudade é grande. Desconfio que ele possa ter contraído o vírus de um prestador de serviço que teve que consertar o telhado da casa e depois foi hospitalizado”, acredita o filho do seu Itamar.
“Essa semana, depois de 28 dias, pude dar um abraço nas minhas crianças, foram dias bem difíceis. Não pude sequer abraçá-los no Dia das Mães, o vírus não deixou, o isolamento não permitiu, por amor a eles, tive que ser forte. Cerca de 30% do meu pulmão foi comprometido, mesmo tomado antibiótico desde o primeiro dia dos sintomas. No dia que meu sogro internou, eu também fui pra emergência, foi lá que fiz o primeiro raio-x e recebi todo o protocolo de medicação em casa”, relembra emocionada Sara.
Até a publicação dessa matéria, o Pará já tinha 36.486 casos confirmados, 2.854 óbitos, 24.578 recuperado, segundo boletim da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) publicado às 13h desta sexta-feira 29/05.
O Sindicato dos Bancários do Pará, em nome de toda a categoria, que presta serviço essencial, que está na linha de frente, e quem não faz parte do grupo de risco, precisa ir trabalhar, pede que se você puder fique em casa, e se realmente precisar ir ao banco, vá de máscara e tenha paciência enquanto espera atendimento.
Usar máscara, manter distanciamento/ isolamento social, lavar as mãos, usar álcool em gel, são as maiores demonstrações de empatia ao próximo, aos seus e principalmente de amor à própria vida. Não temos remédio, não temos vacinas, muito menos leito para todo mundo.
O lockdown acabou, mas o distanciamento social, não.
Se puder, fique em casa!
Fonte: Bancários PA