O avanço nas pautas das trabalhadoras e dos trabalhadores do ramo financeiro depende, entre outros pontos, de compreender a conjuntura econômica e política para definir a melhor linha de atuação em conjunto. Por isso, na manhã desse sábado 12 de abril, o 12° Congresso da Fetec/CN convidou o economista Jorge Gouvea e a deputada federal Erika Kokay para realizar esse debate com a categoria.
Gouvea foi diretor do BRB e da Petrus, além de técnico do Dieese. Ele falou sobre temas como a regulamentação do Sistema Financeiro Nacional, a precarização no mercado de trabalho e a assimetria entre o modo de atuação e os direitos de trabalhadoras e trabalhadores de bancos digitais e os bancos tradicionais. Na apresentação, que pode ser lida integralmente AQUI (link), Gouvea abordou ainda as taxas de juros, a inflação e o impacto desses números na vida das pessoas.
O economista explicou que a Lei Complementar 179, de 2021, conferiu autonomia ao Banco Central, e se diferencia de qualquer regulação sobre qualquer banco central no mundo, pois obrigatoriamente essas instituições precisam ter uma preocupação social. Já o nosso modelo impõe “uma inflação alta, perversa, que não transfere renda e desorganiza a economia”.
Jorge Gouvea lembrou que mesmo em momentos politicamente mais dramáticos na história do país, havia uma maior participação da sociedade na política econômica adotada pelo Banco Central, como um maior número de pessoas responsáveis pelas decisões e uma maior abertura ao diálogo com outros entes sociais. A taxa de juros empregada pelo BC é constantemente criticada pelos movimentos sociais e pelos sindicatos de trabalhadoras e trabalhadores bancários.
Política de afeto
Bancária aposentada da Caixa Econômica, a deputada Federal Erika Kokay (PT/DF) também foi presidenta do Sindicato dos Bancários de Brasília por dois mandatos e participou do debate de conjuntura no 12° Congresso da Fetec-CUT/CN. A parlamentar explicou que as incongruências entre os poderes legislativo e executivo atrapalham o desenvolvimento do nosso país, uma vez que travam projetos importantes para a população.
Para Kokay, “é preciso que tenhamos política de afeto”, pois segundo ela essas incongruências acontecem porque as pessoas elegem seus representantes nas casas legislativas muitas vezes movidas por discursos cujo carro chefe são valores universais como a defesa da família ou os medos em comum.
Porém, após serem eleitos eses parlamentares votam contra os interesses da maioria de seus eleitores, aprovando matérias como a reforma da previdência ou a PEC do teto dos gastos. Mesmo com a atual composição do Congresso, entretanto, Kokay acredita que será possível avançar em pautas como a isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5.000.
A programação do 12° Congresso da Fetec/CN contou, ainda nesse sábado (12), com apresentação de estudos do Dieese e do Diap, o balanço da atual gestão da Fetec Centro-Norte e a leitura do texto-base para a construção de princípios e eixos norteadores de ações para a próxima gestão.
Fonte: Fetec-CUT/CN