Movimentos sociais vão às ruas contra monopólios da mídia no dia 3

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Mesmo com a chuva e a mudança de última hora do local da assembleia livre, movimentos que lutam pela democratização dos meios de comunicação reuniram cerca de 300 pessoas no vão livre do Museu de Arte de São Paulo (MASP), na terça-feira (25). Em pauta, a discussão sobre como enfrentar os monopólios da mídia e garantir a liberdade na internet.

Ao final do ato, os manifestantes aprovaram a realização de uma passeata para a próxima quarta-feira (3). Inicialmente, a marcha partirá da sede da Editora Abril e seguirá até a Rede Globo. Os detalhes serão definidos ao longo da próxima semana.

Ato afugenta FHC

Curiosamente, no mesmo local e horário da assembleia, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso lançaria um livro. Porém, diante da manifestação popular, como em outros momentos de seu governo, o tucano preferiu evitar o contato.

Uma das primeiras a ocupar o palanque, a secretária de Comunicação da CUT, Rosane Bertotti, destacou que o debate sobre o acesso, produção e distribuição de informação não tem ocupado o papel fundamental que deveria ter na agenda política nacional.

“Estar aqui no momento em que o povo toma as ruas e a democracia se fortalece é fundamental para garantir liberdade de expressão para todos. Precisamos de um novo marco regulatório, de quebrar com o monopólio das mídias para que a pauta seja estabelecida pelo povo e possa ir para todos. Mas isso só é possível com o acesso de todos a instrumentos. Uma nova legislação é fundamental para o desenvolvimento e a democracia”, apontou.

O professor Sérgio Amadeu alertou para a disputa que a direita tem feito pela consciência dos jovens que participam da manifestação e ressaltou que os setores progressistas devem entrar nessa batalha.

“Os movimentos sociais tem condições de fazer a disputa, resta saber se estão compreendendo o momento. Há muita confusão e os segmentos mais tradicionais estão perplexos. A menina que está na rua querendo mudar o Brasil para melhor é disputada pela direita, que quer controlar a internet, por exemplo. Porém, essa mesma meninada sabe que foi da internet livre que partiu a mobilização”, disse.

Novas vozes, novas formas

Representante do coletivo Intervozes, João Brant acredita que o momento é de discutir amplamente o país, aproveitando o espaço das redes sociais.

“Depois das manifestações, as pessoas tem muito a dizer e a trocar e essa assembleia temática foi a primeira que ajudará a dar corpo a esse desejo de transformação. Não foi preciso a ajuda dos meios de comunicação para botar 100 mil pessoas nas ruas de São Paulo e 300 mil no Rio de Janeiro e o desafio é dar vazão para as mídias que cobrem e são parceiras nessa pauta para conseguirmos mobilizar”, acredita.

Um dos coordenadores da Rede Brasil Atual, Paulo Salvador, destacou os três pontos que julga essenciais para transformar a comunicação no país: o trabalho cotidiano de conscientização de pessoas próximas, a regulamentação dos meios e a construção de mecanismos alternativos.

“Fazemos nossa mídia hoje, com a Rede Brasil Atual, a Revista do Brasil, a Rádio Brasil Atual, a TVT. Estamos procurando estabelecer espaços para dar voz às ruas e ao novíssimo Brasil que surgiu nos últimos tempos.”

Também do Intervozes, Pedro Ekman acredita que as últimas manifestações modificam o cenário de discussão com o governo em todos os aspectos.

“O governo terá de considerar a sociedade como interlocutora do debate da comunicação. Vamos ocupar a mídia e fazer uma reforma agrária do ar, lutar para aumentar a pluralidade e a diversidade. Na Argentina e no Uruguai também não ousavam isso, e conseguiram avançar.”

Fonte: Luiz Carvalho – CUT

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