Desafio das direções da CUT no Norte é interiorizar a luta

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Unificar e dialogar com a classe trabalhadora já é um desafio onde a infraestrutura ajuda. Imagine então onde o acesso aos trabalhadores é mais um obstáculo em tempos de ataque aos movimentos sociais.

Mas mesmo diante desse cenário, estaduais da CUT da região Norte renovaram recentemente a direção e definiram justamente que uma das metas principais é ampliar a corrente, levando os elos da organização sindical ao interior.

Como foi o caso da Central Única dos Trabalhadores do Pará, que entre 28 e 30 de agosto realizou o 12º CECUT (Congresso Estadual da CUT), que reuniu 268 delegados. Entre as mudanças está a escolha de uma mulher, trabalhadora rural (categoria com maior número de representantes no encontro, 53%), para presidir a Central.

Conforme definido no 11º CONCUT (Congresso Nacional da CUT), em 2012, todas as estaduais terão de respeitar a paridade de gênero em suas direções e na CUT Pará não foi diferente.

Segundo a nova presidenta, Euci Ana Costa, a nova forma de organização deste congresso começou com a maior participação da base, com a realização de cinco grandes plenárias, definidas como ‘escutatórias’, em diferentes regiões do estado.

“O processo começou com maior participação da base e a construção de uma plataforma a partir dos sindicatos. Teremos a continuidade do enfrentamento ao atual governo do Pará, que desmonta os direitos da classe trabalhadora, mas também pressionaremos o governo federal para que não retire nossas conquistas. Por aqui, o acesso à educação e à saúde também são temas que enfrentaremos como uma Central cidadã que somos, que vai além da pauta sindical”, explicou.

Euci explica que o principal ponto, porém, é algo muito recorrente nos debates do estado, a necessidade de interiorização da CUT. Foi a partir desse princípio que categorias como assalariados rurais s servidores municipais se integraram à Central.

“Temos uma pluralidade geográfica política e cultural muito grande e queremos aumentar cada vez mais. A juventude, por exemplo, foi muito importante nesse CECUT, como os educadores populares e mesmo quem não é filiado ajudou a construir esse congresso. Queremos uma organização cada vez mais aberta a fazer parceria para intensificar a luta em defesa das pautas da classe trabalhadora”, definiu.

Construir redes

Da mesma forma que no Pará, também no Amapá, a preocupação é avançar na representação sindical em regiões mais longínquas.

Presidente reeleito, Geovane da Silva, que assumiu em 2013 após o falecimento da então presidente, Odete Gomes, explica que o 11º CECUT Amapá dividiu os debates na definição de uma política organizativa para o próximo período, na discussão de políticas públicas para a Amazônia e na definição de estratégias para a disputa de hegemonia.

Conforme explica, três pontos que passam pelo avanço da Central nas partes mais extremas do estado, como as cidades de Oiapoque e Laranjal. Fator que depende muito da construção e integração de uma rede de comunicação.

“Ao mesmo tempo em que esses eixos representam desafios, também são oportunidades de aprofundarmos nossa organização, que depende de termos uma estrutura como veículos com condições de transitar em lugares aonde nem o asfalto chegou. Algo que já resolvemos com apoio da CUT Nacional”, disse.

O papel da Central ganha ainda mais importância em tempos de crise, explica, quando é preciso engrossar a luta ao lato de setores como o dos servidores públicos contra governos que se nega a atender a pauta mínima e impõe ainda a precarização no funcionalismo.

“Os governos não tem negociado e a política de ajuste tem atingido todos os setores. Nos municipais, por exemplo, há muito terceirização, os vigilantes, que sofrem muito com esse mal, convivem com atrasos constantes de pagamento”, exemplifica.

Tempo de igualdade – Também reeleito, o presidente da CUT Rondônia, Itamar Ferreira, escolhido no 15º CECUT, apontou que um dos principais desafios foi a definição de uma direção em que paridade estivesse presente: na gestão que seguira pelos próximos quatro anos, serão sete trabalhadores e sete trabalhadoras.

Ferreira lembrou que também no estado a Central foi além da luta em defesa dos sindicatos filiados e apoiou a luta de oposições em sindicatos omissos ou coniventes com os patrões, como foi o caso do Sindicato dos Professores das Faculdades Particulares (SINPRO), em 2014, atualmente filiado à CUT, e do Sindicato dos Trabalhadores de Frigoríficos de Rolim de Moura (SINTRA-ALI) neste ano.

“Sejam em âmbito nacional, por meio de ataques aos direitos no Congresso Nacional, seja por meio de planos de ajustes do governo federal, estadual ou municipais, o golpismo precisam encontrar trabalhadores organizados, mobilizados e dispostos a defenderem seus direitos e a democracia”, ressaltou.

Fonte: CUT

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