Emir Sader fez debate de conjuntura na Jornada de Formação Sindical em Belém

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Emir-Sader-palestrou-e-lançou-livro-na-Jornada-de-Formação-SindicalO sociólogo Emir Sader esteve em Belém na quinta-feira (27) e participou como palestrante da I Jornada de Formação Sindical realizada pela Ação Comunitária de Belém (ACBel) em parceria com o Sindicato dos Bancários do Pará, Sindicato dos Urbanitários, Central Única dos Trabalhadores – CUT e AFL – CIO. Ele debateu sobre A ordem do capitalismo e a dimensão do Brasil nesse contexto e também lançou seu mais novo livro: 10 anos de governos pós-neoliberais no Brasil – Lula e Dilma.

A presidenta do Sindicato, Rosalina Amorim, esteve na mesa contribuindo na mediação do debate, e grande parte da diretoria da entidade esteve presente prestigiando o evento. Estudantes, sindicalistas, ativistas sociais de diversas frentes e parlamentares de esquerda, como o deputado estadual Edilson Moura estiveram presentes no debate.

Durante a palestra, Emir Sader pontuou que a atual crise do capitalismo que iniciou em 2008 com o estouro da bolha especulativa imobiliária nos Estados Unidos é resultado das experiências neoliberais pelo mundo, sobretudo na década de 1990 com o fim da guerra fria e globalização do capitalismo.

Emir-Sader-observa-que-o-Brasil-sentiu-menos-os-efeitos-da-atual-crise-do-capitalismo-graças-às-políticas-pós-neoliberais-de-Lula-e-DilmaNa avaliação do sociólogo, a América Latina sentiu menos o impacto da atual crise exatamente por conta das experiências de governos populares na região como no Brasil de Lula e Dilma, na Venezuela de Chavés, na Bolívia de Evo Morales, no Equador de Rafael Corrêa, os quais ele classifica como governos pós-neoliberais, sobretudo pelas suas políticas sociais e de redistribuição de renda.

Para Emir Sader, as principais crises geradas pelo neoliberalismo foram a financeirização das economias e a precarização das relações de trabalho, e a crise atual que ainda está em curso na Europa e os Estados Unidos nada mais é do que resultado da política neoliberal. Ele também aponta que o Brasil conseguiu segurar os efeitos da crise devido às políticas de redistribuição de renda e ampliação do consumo popular graças à geração de emprego formal, as políticas de combate à fome e à miséria e demais investimentos sociais feitos pelo governo.

“O neoliberalismo transforma tudo em mercadoria à custa do direito. Seu modelo de sociedade é excludente. Nosso modelo brasileiro de fazer política hoje é diferente, é o de promover o direito das pessoas, é a esfera pública dos direitos”, destacou.

Regulamentar o SFN

Rosalina-Amorim-falou-da-necessidade-de-se-regulamentar-o-Sistema-Financeiro-NacionalA presidenta do Sindicato dos Bancários, Rosalina Amorim, contribuiu com o debate de conjuntura pontuando a necessidade de se fazer uma reforma política e tributária no Brasil que possibilite uma regulamentação do Sistema Financeiro Nacional, o que contribuiria para a não precarização do trabalho e melhor distribuição da renda nacional.

“A partir da regulamentação do sistema financeiro nacional é que podemos avançar contra a fragilização da nossa economia e contra a precarização do trabalho, principalmente no ramo financeiro onde a rotatividade, as terceirizações, por exemplo, são realidade. Essa é uma bandeira do movimento sindical bancário e que pretendemos intensificar o debate com a sociedade para que isso possa se tornar realidade no país”, destacou Rosalina.

Democratizar a mídia

Público-acompanhou-a-palestra-com-atenção-e-entusiasmoEmir Sader afirma que um dos principais opositores aos governos democráticos e populares de Lula e Dilma é a imprensa de direita. Ainda hoje a concessão de canais midiáticos no Brasil está concentrada nas mãos de um setor minoritário, que sustenta seus canais a partir das agências de publicidade e não expressa em seus veículos a pluralidade de vozes e ideologias que compõem a sociedade brasileira.

Um desafio central colocado para o governo pós-neoliberal no Brasil é a democratização da comunicação, “caso contrário continuaremos a mercê de meia dúzia de famílias que detêm o monopólio da mídia e que só sabem pautar o crescimento do país a partir do que o mercado especulativo diz nas bolsas de valores, e não pelos indicadores sociais, é por isso que os sindicatos, as associações, os trabalhadores rurais, a juventude precisam ter acesso à produção nos meios de comunicação de massa para que possamos avançar ainda mais”.

Fenômeno das ruas

Parte-da-diretoria-do-Sindicato-dos-Bancários-presente-na-palestra-de-Emir-SaderO sociólogo também fez uma avaliação sobre o fenômeno de manifestações, sobretudo da juventude, que está ocorrendo em todo país. Para ele, ainda que exista setores minoritários de extrema direita, militares, a própria imprensa – que também tentou se apropriar desse movimento para atacar o governo Dilma – o movimento é legítimo e reflete uma falta de políticas para a juventude por parte dos governos de Lula e Dilma.

“Está claro com essas manifestações que se tornou um grande fenômeno nas ruas do país, e que ainda não terminou, é que o governo precisa ter discurso e políticas voltadas para a juventude, o que significa basicamente enfrentar o agronegócio e promover políticas ecológicas que dialoguem com esse segmento, ter política de saúde que paute a questão do aborto, propor políticas de segurança que enfrente a questão da descriminalização das drogas leves e democratizar os meios de comunicação”, afirmou.

Fonte: Bancários PA

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