Número de desempregados no país cresce entre os mais jovens

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O mercado de trabalho não está absorvendo a mão-de-obra dos trabalhadores e trabalhadoras mais jovens do país. No trimestre de novembro e dezembro de 2018 e janeiro de 2019, a taxa de emprego (formal e informal) subiu 0,9% em comparação ao mesmo trimestre dos anos anteriores. Com a pífia recuperação, a maioria dos jovens de 18 a 24 anos não conseguiu recolocação. Nesta faixa etária, a queda na taxa de emprego foi de 1,3%, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA).

A queda no número de vagas disponíveis para os jovens foi registrada em todo o ano passado. No trimestre encerrado em dezembro de 2018, a taxa desemprego entre pessoas de até 24 anos foi de 27,2%, contra 11,6% da média registrada pelo mercado em geral, mostram os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A professora de economia do Trabalho da Unicamp, Marilane Teixeira, diz que a taxa de desemprego entre os jovens sempre aumenta em tempos de crise econômica. Eles são preteridos na hora de preencher uma vaga porque as empresas dão preferência a quem tem mais experiência, evitando custos com capacitação.

“De cada 10 desempregados 5,4 são jovens de 14 a 29 anos. Quando a economia não cresce não há geração de novos empregos. Normalmente se demite e se contrata, com pouquíssimas novas vagas. Num mercado menos estruturado as empresas preferem manter seus talentos evitando investir e capacitar um jovem que vai acabar custando mais caro para o empresário”.

Segundo Marilane, o desemprego vem aumentando também entre os ainda mais jovens, trabalhadores de 14 a 29 anos. De 2014 a 2018, a taxa de empregos caiu 11% nesta faixa etária.

A análise da professora é confirmada pelos pesquisadores do IPEA, que na Carta de Conjuntura do órgão, divulgada na última semana, analisaram que os jovens são os que têm menor chance de serem contratados e têm a maior chance de serem demitidos.

E esta situação está longe de ser resolvida. O estudo do IPEA diz ainda que o mercado de trabalho não vem apresentando melhora substancial: sua retomada ocorre, basicamente, nos setores informais da economia e, nos postos de trabalho formais, sendo que um em cada quatro empregos criados são contratos com tempo parcial ou intermitentes. Esses contratos foram legalizados pela reforma Trabalhista do ilegítimo Michel Temer (MDB).

Outros números que demonstram o quanto os mais jovens são os mais prejudicados no mercado de trabalho com a crise econômica são da Pnad Contínua, do IBGE. O levantamento mostrou que a redução de postos com carteira assinada de 2012 a 2018, para os jovens de 18 a 24 anos, foi de 1,9 milhão. Uma queda de 25,5% ante – 2,4% de carteira assinada entre os adultos.

Marilane Teixeira vê com preocupação a possibilidade desses jovens retornarem ao mercado de trabalho no governo de Jair Bolsonaro com menos direitos.

Ela lembra que, enquanto a economia não se recuperar a tendência é o jovem pegar qualquer trabalho, e a possibilidade de Bolsonaro instituir a carteira verde amarela, que retira a grande maioria dos direitos trabalhistas, vai fazer com que o empresariado prefira um trabalhador sem direitos, consequentemente, sem custos.

“Bolsonaro já sinalizou que a carteira verde amarela vai valer para os jovens que estão entrando no mercado de trabalho. Essa nova modalidade de emprego vai apenas substituir um trabalhador mais experiente por um novato sem direitos”, diz.

 

Fonte: CUT Nacional

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