Desde 2013, bancários e bancárias das agências da Caixa na região metropolitana de Belém precisam fazer coleta para comprar água mineral ou trazer o líquido de casa. É que no final do respectivo ano, uma alteração em um dos normativos internos (AD143) determinou a suspensão do fornecimento de água mineral às unidades.
A partir daí, instalaram-se filtros de água no prédio, mas logo no primeiro teste de potabilidade, o resultado: “a amostra da água utilizada neste Ed. Sede apresentou coliformes totais, cloro livre e cor aparente fora dos valores de referência, portanto não possui potabilidade”.
Confira aqui o laudo na íntegra
“Água filtrada não é a mesma coisa que água mineral, primeiramente se observa que as cisternas e caixas d’água não possuem higienização adequada para armazenar a água para consumo, os filtros utilizados nas agências são extremamente simples e não possuem mecanismos suficientes para eliminar micro-organismos e a rotina de limpeza e manutenção desses filtros é precária. Na agência Cabanagem, por exemplo, a cisterna fica no estacionamento que alaga durante a chuva”, afirma a diretora do Sindicato e bancária da Caixa, Tatiana Oliveira, durante manifestação da entidade em frente a Superintendência da Caixa em Belém, na manhã desta quinta-feira (9).
Na época, o Sindicato dos Bancários cobrou providências, através de ofício, e o banco disse que o problema seria resolvido e que os testes seriam feitos regularmente.
“Mas de lá pra cá nada mudou e a alternativa encontrada pelos bancários e bancárias, para não correrem o risco de contaminação, foi a de providenciar por conta própria água boa para consumo, mas como nem sempre isso é possível, tem dias que a única saída é beber a água do filtro que tem gosto e cor estranha. Essa mesma água é também a única opção para clientes e usuários”, denuncia o diretor do Sindicato e funcionário da Caixa, Heider Alberto.
7 bilhões de lucro em 2014 – “Esse balanço deixa claro que a falta de dinheiro não é o problema. O que falta é sensibilidade e respeito aos clientes e funcionários, principais responsáveis por tamanha arrecadação, que junto com a gente e os concursados aprovados e ainda não chamados, exigem a contratação imediata de mais bancários e bancárias conforme está no Acordo Coletivo de Trabalho”, ressalta a presidenta do Sindicato, Rosalina Amorim.
Em uma das cláusulas do Acordo Coletivo de Trabalho, a Caixa se comprometeu a contratar mais dois mil empregados até o final de 2015, mas ao invés de mais contratações, o banco lançou o Plano de Apoio à Aposentadoria (PAA). Até agora 2400 empregados já aderiram de forma voluntária ao PAA, ou seja, são menos bancários e bancárias para atender a população. Enquanto isso, milhares de concursados aguardam convocação, como o universitário Rodrigo Soria, aprovado no último concurso como cotista.
“Fiquei na 27ª colocação para Belém e Região Metropolitana e estou aqui representando todos aqueles que foram aprovados e não foram chamados, em especial aqueles com deficiência como eu que sou deficiente físico. Não precisa ser nenhum especialista para entender que o déficit de funcionários na Caixa reflete na precariedade do atendimento que é oferecido a nós, pois sou também correntista desse banco há muitos anos. E a situação dos concursados pode piorar ainda mais se o PL 4330 for sancionado, se hoje esperamos anos para sermos chamados que dirá depois da aprovação desse projeto”, destaca Rodrigo Soria.
Na quarta-feira (8), a Câmara dos Deputados aprovou o texto-base do PL 4330 que amplia a terceirização e abre caminho para que se precarize as relações trabalhistas. 324 deputados votaram favoravelmente, 137 parlamentares foram contrários e apenas 2 se abstiveram.
Na próxima quarta (15), uma greve geral reunirá as maiores centrais sindicais do país e parceiros dos movimentos sociais contra os ataques do Congresso aos direitos trabalhistas.
Fonte: Bancários PA