Definição de pautas prioritárias com debates e homenagem. O 17º Congresso Nacional dos Empregados e Empregadas do Banco da Amazônia (Basa) foi através das telas, com bancários e bancárias de vários estados da Amazônia Legal onde o banco atua, participando em tempo real.
“O Banco da Amazônia é muito importante para o nosso estado, para a região Amazônica, e pelo fato de a matriz ser aqui em Belém, temos a missão e responsabilidade em organizar as lutas, convocar reuniões, construir calendários; muitos com desafios históricos, que quando achamos que estamos perto de resolver, surge algum ponto que trava tudo, e precisamos recorrer à Justiça para garantir os direitos e impedir retrocessos, como foi com o Quadro de Apoio, a Casf”, lembra a presidenta do Sindicato, Tatiana Oliveira.
O Congresso foi na tarde desta quarta-feira (6), e durante cerca de três horas, funcionalismo do Basa e dirigentes sindicais falaram, ouviram, compartilharam realidades em busca da construção de uma pauta unificada e que representasse o que de fato trabalhadores e trabalhadoras do Banco da Amazônia anseiam.
“Agradecemos a disponibilidade de todos e todas em pararem uma tarde de quarta-feira para estarem aqui com a gente, em um momento importante para toda nossa categoria, que antecede nossa data-base, no nosso mês. Temos uma agenda de reuniões para acontecerem com a direção do banco, mas infelizmente não temos recebido a devida importância, mas seguimos cobrando, resistindo, porque a luta não para”, destaca o coordenador da COE Basa e diretor jurídico do Sindicato, Cristiano Moreno.
Cenário financeiro favorável, mas a equidade…
No 1º trimestre de 2025, o Banco da Amazônia registrou lucro líquido de R$ 307,5 milhões, com alta de 48,7% em relação a 2024 e de 12,4% no trimestre. “A alta relaciona-se, principalmente, ao aumento nas Receitas de Intermediação Financeira, nos Resultados TVM e nas Receitas Del Credere. Junto ao aumento nas receitas, uma gestão eficiente das despesas”, explica a economista do Dieese, Vivian Machado.
Em contrapartida, quando se fala de equidade, as mulheres continuam ocupando menos cargos de direção. Dos 2.865 empregados e empregadas do Basa, 35,9% são mulheres; e dos 5 eixos técnicos por ocupação – operativo, supervisão, assessoria, técnico e gerencial; o único em que elas estão em maior percentual é o de assessoria (56,8%)
Os trabalhadores e o meio ambiente
“Ciente de seu compromisso com a Amazônia e suas populações, o Banco da Amazônia tem a sustentabilidade como razão de ser, com práticas tanto internas quanto externas que materializam esse comprometimento, e pode ser visto inclusive em suas práticas de financiamento que contemplam dentre muitas atividades, projetos de conservação e apoio da agricultura familiar e manejo florestal sustentável”, diz o banco na primeira página eletrônica.
Mas na prática, a realidade é outra. “Gira na casa dos bilhões o FNO Rural para o agronegócio, que sabemos bem, que a preservação do meio ambiente não é prioridade para eles; enquanto que o apoio à agricultura familiar fica em milhões. E cabe a nós enquanto categoria, refletirmos sobre esses números e cobrarmos a atuação do banco em favor da preservação da nossa Amazônia para a atual e futura geração. A transição justa é um exemplo para isso, é tem sido a bandeira central na nossa Central Única dos Trabalhadores e Trabalhadores, que defende a pesquisa e o debate regional até a incidência política em espaços como a COP30, com forte foco na proteção da classe trabalhadora e das comunidades mais vulneráveis, como acreditava e defendia o ambientalista Chico Mendes, um dos fundadores da CUT”, afirma a secretária de meio ambiente da CUT Nacional, Rosalina Amorim.
Transição justa é um conceito que se refere à necessidade de garantir que a transição para uma economia de baixo carbono e mais sustentável seja feita de forma equitativa e inclusiva, sem deixar ninguém para trás, garantindo que os trabalhadores, trabalhadoras, comunidades e os países mais vulneráveis não sejam desproporcionalmente afetados.
Pautas prioritárias e mais luta
“Se não for por luta, a gente não conquista, pois se formos esperar pela disponibilidade do banco em sentar e reunir com a gente, nunca tem espaço disponível na agenda para resolver nossos problemas, mas para tirar nossa função, o prazo é de 90 dias se não apresentarmos certificado”, dispara a diretora da Aeba, Andrea Amaral.
A bancária faz referência à nova NP de funções em que o Basa dá o prazo de 3 meses para que o bancário ou bancária apresente certificação ou do contrário, perderá a função.
Além de pedir a revogação da respectiva NP, o funcionalismo do Banco da Amazônia reivindica ainda mais investimento em infraestrutura; definição clara de planos de carreira com promoções e progressões salariais transparentes; programas de capacitação e qualificação profissional com suporte financeiro; que o home office para pais e responsáveis de PCDs também valha para quem trabalha no interior, além de outras demandas urgentes. Foi informado como está caminhando os trabalhos do GT Saúde e também as cobranças por mesa sobre PLR 2025. Ao final, as resoluções foram aprovadas por consenso pelos delegados e delegadas do Congresso.
Serginho, presente!
O 17º Congresso Nacional do Banco da Amazônia homenageou no nome e em vídeo o dirigente sindical, membro do Quadro de Apoio (QA), pai, avô, amigo, esposo, Serginho Trindade, como era carinhosamente chamado.
Um dia antes do Congresso fez 5 meses que Sérgio Luiz Campos Trindade partiu após enfrentar complicações no coração — esse mesmo que ele entregou inteiro à luta pela categoria de forma incansável.
“Nós entramos em 85 no Basa na área de TI e logo cedo ele veio para a luta sindical, começando como presidente da Aeba e em seguida indo pro Sindicato até os últimos dias. Ele era incansável e de uma tranquilidade para resolver os problemas, sempre muito lúcido e tranquilo. O Quadro de Apoio era uma causa. No dia em que fomos entregar a carta em defesa do QA, ele já estava debilitado e mesmo assim não reclamou um minuto sequer das três horas que tivemos que esperar. Lembro bem dele dizer que a causa era maior que a saúde dele”, lembrou emocionado o colega de banco, amigo de luta, hoje dirigente do Sindicato, Rubens Tabajara.
Serginho já estava em idade de se aposentar. “Eu disse para ele, você já deu um legado grande, está na hora de descansar; e ele me respondeu ‘não posso desistir enquanto a gente não conseguir êxito no Quadro de Apoio”, contou Tabajara.
Mas Serginho se foi antes de ver a tão desejada e sonhada vitória jurídica, a do impedimento do Banco da Amazônia em desligar os integrantes, companheiros e companheiras do Quadro de Apoio.
“E é por tudo isso que ele permanece conosco, em nossas mentes e corações; em cada vitória, em cada assembleia, em cada nova geração que luta como ele lutou. Serginho, presente hoje e para sempre em nossos corações”, afirma Cristiano Moreno.
Vídeo em homenagem ao Serginho
Fonte: Bancários PA