O Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) elegeu, na última semana, sua nova Coordenação Executiva, o Conselho Deliberativo e o Conselho Fiscal para o biênio 2025-2027. A renovação da direção marca o início de um novo ciclo em uma das principais articulações da sociedade civil em defesa do direito humano à comunicação. O processo ocorre em um contexto de profundas transformações tecnológicas e políticas, que colocam no centro do debate público a necessidade de democratizar a comunicação no Brasil.
Para Admirson Medeiros Ferro Jr. (Greg), integrante da coordenação que encerrou seu mandato, o balanço da gestão anterior é positivo, mesmo diante de um cenário adverso. Ele destaca que, nos últimos anos, o FNDC conseguiu manter viva a pauta da democratização da comunicação, articulando-se com parlamentares, entidades da sociedade civil e movimentos sociais.
“O período em que estive à frente do FNDC foi um dos mais difíceis do Fórum, pois tivemos que enfrentar todos os retrocessos e ataques às organizações sociais pelos governos fascistas de Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (PL). Muitas entidades se voltaram para cuidar de suas pautas próprias, e as lutas coletivas ficaram secundarizadas. Houve um certo esvaziamento e tivemos muita dificuldade em mobilizar as lideranças nas lutas relacionadas à democratização da comunicação”, avaliou.
Entre as principais conquistas, Medeiros aponta a capacidade de manter a unidade do FNDC em diversas frentes, como, por exemplo, no Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH) e no Grupo de Trabalho Sales Pimenta, que ajudou a construir uma proposta de marco legal para proteção de comunicadores e defensores de direitos humanos.
“Estamos até hoje na Frente em Defesa da EBC e elegemos representantes para os dois comitês instalados recentemente. Ajudamos na eleição de representantes da sociedade civil para o Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) e para a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), além de termos representação no Conselho Nacional de Participação Social”, disse.
O dirigente aponta que a relação com o Congresso Nacional não foi fácil, mas, neste ano, houve pequenos avanços. “Tivemos muita dificuldade para sermos recebidos e tratar das pautas de interesse da sociedade civil. Neste último período, em especial em 2025, essa relação vem apresentando pequenos avanços, e esperamos que continue assim, pois precisamos de muita articulação para enfrentar as big techs e as grandes plataformas”, afirmou Greg, atual secretário de Economia Solidária da CUT.
Uma pauta histórica, desafios renovados
Criado na década de 1980, o FNDC surgiu com a missão de enfrentar a concentração midiática e defender a comunicação como direito humano e condição para a participação cidadã. Passadas quatro décadas, o tema se mantém atual, mas assume novas formas diante da centralidade das plataformas digitais e do uso crescente da inteligência artificial.
Tadeu Porto, novo secretário de Comunicação do FNDC e secretário-adjunto de Comunicação da CUT, faz uma avaliação sobre os próximos anos à frente do Fórum. “É prioridade continuar atuando tanto na linha política, legislativa e institucional quanto na luta popular contra a concentração de poder midiático no Brasil, que já conhecemos. Também é preciso enfrentar a mídia de streaming, que ameaça diretamente o país, inclusive em termos eleitorais. Entendemos que essa é uma luta pela soberania nacional, e precisamos mostrar como as big techs acumulam poder e manipulam dados”, disse.
Segundo Porto, um dos objetivos na comunicação do Fórum é fortalecer a presença do FNDC nas redes sociais e ampliar o diálogo com a sociedade civil. “Nós vamos apostar no coletivo para comunicar juntos. A ideia é trazer novas ferramentas, envolver os jovens e pensar novas linguagens que transmitam mensagens históricas. Pretendemos ampliar a participação com muito diálogo.”
Regulação das redes sociais e o desafio da IA
A regulação das redes sociais, tema cada vez mais presente no debate público, é vista pelo FNDC como condição indispensável para limitar o poder das chamadas big techs. Transparência de algoritmos, combate à desinformação e responsabilização das plataformas em casos de violações de direitos são alguns dos pontos defendidos pela entidade.
Outro desafio emergente é a inteligência artificial, que já começa a reconfigurar a produção e distribuição de informações em escala global.
Inclusão e diversidade
Além das questões regulatórias e tecnológicas, a nova coordenação do FNDC terá o desafio de ampliar a participação social em suas atividades. Isso inclui trazer para o debate jovens, coletivos periféricos, mídias independentes e movimentos populares, fortalecendo a diversidade de perspectivas na construção das políticas de comunicação.
A expectativa é que, no biênio 2025-2027, o FNDC consolide sua posição como espaço estratégico de articulação em defesa da democratização da comunicação, mantendo sua tradição histórica e, ao mesmo tempo, respondendo às novas demandas da era digital.
Com 40 anos de história, o FNDC segue reunindo entidades da sociedade civil, sindicatos, coletivos e movimentos sociais em torno de uma agenda comum: assegurar que a comunicação não seja tratada apenas como mercadoria, mas como direito humano fundamental.
Coordenação Executiva
A Coordenação Executiva do FNDC para o próximo período ficou composta da seguinte forma:
Coordenação Geral: Katia Marko Núcleo (Núcleo Piratininga de Comunicação – NPC) – RS
Secretaria Geral: Helena Martins (DiraCom – Direito à Comunicação e Democracia) – CE
Secretaria de Finanças: Larissa Gould (Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé) – SP
Secretaria de Organização: Caroline Beraldo Evangelista (UJS – União da Juventude Socialista) – SP
Secretaria de Formação: Luiz Carlos Vieira (CNTE – Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação) – SC
Secretaria de Políticas Públicas: Renata Mafezolli (FENAJ – Federação Nacional dos Jornalistas) – DF
Secretaria de Comunicação: Tadeu Porto (CUT – Central Única dos Trabalhadores) – MG
Conselho Deliberativo
Representando entidades nacionais e os comitês regionais do Fórum, o Conselho Deliberativo foi definido com a seguinte composição:
1. CTB – Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil – Douglas Cristóvão de Melo (SP)
2. ABRAÇO – Geremias dos Santos (MT)
3. CFSS – Leonardo do Koury (MG)
4. CCLF – Marcelo Dantas (PE)
5. Movimento Brasil Popular – Carol Lima (SP)
6. Federação Livre – José Lamartine de Vasconcelos (PE)
7. MNU – Kim Lopes (CE)
8. FNDC/PA (Região Norte) – Moisés Alves de Souza (BARÃO) – PA
9. FNDC/RS (Região Sul) – Leonardo Rodrigues Echevarria (CPERS/Preto) – RS
10. FNDC/SP (Região Sudeste) – Hector Batista (UEE-SP) – SP
11. FNDC/DF (Região Centro-Oeste) – Letícia Vieira Montandon (SINPRO) – DF
12. FNDC/CE (Região Nordeste 1 – PI, MA e CE) – [a definir]
13. FNDC/PB (Região Nordeste 2 – PB, PE e RN) – Lucia Figueiredo (SINTAC) – PB
14. FNDC/BA (Região Nordeste 3 – AL, BA e SE) – [a definir]
Conselho Fiscal
O Conselho Fiscal, responsável pelo acompanhamento da gestão financeira, foi eleito com os seguintes nomes:
Titulares
Taz Assunção (ICETEC Brasil/FNDC-SC) – SC
Fernando Antônio Gonçalves de Lima (CONDSEF) – PE
José Antônio (FITERT) – SP
Suplentes
Cláudia Maria de Morais (Frentex/FNDC-PR) – PR
Rafael Heliodoro (SINTEP/FNDC-MT) – MT
Fonte: CUT Brasil