Em ato nacional, entidades sindicais de todo o Brasil, bancários e bancárias, se reuniram ontem em frente a agências do Itaú para protestar contra as demissões em massa determinadas pelo banco. Em Belém, a agência da Avenida Magalhães Barata foi fechada para atendimento; em Santarém, houve atraso na abertura da agência local, como parte do ato de mobilização.
Segundo dados da categoria, mais de 1.200 trabalhadoras e trabalhadores foram desligados em um único dia em todo o país. O banco justifica os cortes com base em alegações de baixa produtividade, especialmente de quem estava em home office. Mas, para o movimento sindical, trata-se de uma decisão arbitrária e desumana.
“Mais de 1.200 bancários foram demitidos em todo o Brasil. Nós da CONTRAF CUT, FETEC-CUT-CN E Bancários do Pará não aceitamos esse absurdo. São milhares de pais, mães e famílias inteiras desempregadas. Isso impacta diretamente a vida e saúde dos bancários e bancárias, e afeta também diretamente no atendimento à população”, afirmou Sandro Mattos, diretor do Sindicato, coordenador da COE/Itaú pela FETEC-CUT/CN e funcionário do Itaú. Ele lembrou que o lucro do banco em 2024 ultrapassou R$ 40 bilhões, maior que o somatório dos resultados de Banco do Brasil, Caixa, Bradesco e Santander.
Além do corte em massa, há denúncias de que o Itaú utilizou critérios abusivos para justificar os desligamentos. “Com uma justificativa pífia, muitas pessoas que estavam trabalhando há 10, 20 anos foram para a rua justamente por causa dessa movimentação que eles dizem que não houve no seu computador. É o tal clique… muitos cliques na verdade de adoecimento, de Burnout, de doenças psíquicas”, denunciou Lia Karla Pereira, diretora de Relações Sindicais e funcionária do Itaú.
O chamado “clique” é a forma como o Itaú mede a atividade dos funcionários e funcionárias no computador durante o expediente remoto. A telemetria do banco registra o uso da máquina como movimentação do mouse, teclas digitadas, abertura de abas e inclusão de tarefas nos sistemas internos. Na prática, quem não apresentava volume constante de interações era considerado improdutivo.
No interior do estado, a indignação também foi expressa. Em Santarém, a agência do centro retardou sua abertura em apoio ao ato. Para Rafaella Carleto, diretora do Sindicato no município, “os demitidos eram colegas com anos de serviço, que estavam produzindo, mas foram desligados sem aviso, sem diálogo. A população local sente o impacto porque não encontra atendimento como antes”.
O tema da saúde mental foi reforçado por outras lideranças sindicais. “Eles estavam trabalhando em casa com a permissão do banco, com a supervisão do banco, e mesmo assim, sem quê nem pra quê, o banco demitiu mil trabalhadores e trabalhadoras. E demitiu por quê? Porque o banco tem uma ganância feroz de acumular lucro e nunca repartir esse lucro, promovendo mais emprego e melhores condições de vida”, destacou Vera Paoloni, vice-presidenta do Sindicato dos Bancários e presidenta da CUT-Pará.
Lucro recorde, direitos em queda
Mesmo com recordes de lucratividade e expansão de serviços digitais, o Itaú segue reduzindo postos de trabalho e fechando agências, transferindo custos para a população. Para o sindicato, a política do banco gera filas, demora no atendimento, sobrecarga de quem continua empregado e exclusão de clientes que dependem do atendimento presencial.
As entidades sindicais exigem a revisão imediata dos desligamentos, a transparência nos critérios de produtividade e o fim das práticas de pressão e metas abusivas que têm causado adoecimento. Também cobram reintegrações de trabalhadoras e trabalhadores demitidos sem justa causa e abertura de diálogo real com a representação sindical.
“Nós não aceitamos uma demissão em massa sem que o banco venha a público, sem que preste contas à sociedade. Estamos aqui para mostrar que é preciso dar respostas e rever essas práticas abusivas”, reforçou Lia Karla.
Para o Sindicato dos Bancários do Pará, a luta segue em unidade nacional. “Isso é o Itaú: um banco feito para adoecer e para demitir trabalhadores e trabalhadoras, mesmo quando estão cumprindo suas tarefas. Não vamos aceitar. A mobilização vai continuar”, concluiu Sandro Mattos.
Fonte: Bancários PA