Covid-19: 1 ano de pandemia e a luta do Sindicato para salvar vidas

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Há exato um ano, o Brasil registrava o primeiro caso de covid-19 em São Paulo. 365 dias depois, o país tem mais de 250 mil mortos e de 10 milhões de casos da doença e vive a pior fase da pandemia (média móvel chegou a 1.150 mortes por dia, segundo o consórcio de veículos de imprensa), com pico de internações em meio a um ritmo lento de vacinação.

Aqui no Pará, o primeiro óbito ocorreu no dia 19 de março, na vila de Alter do Chão, em Santarém. Pouco mais de um mês depois, o Sindicato comunicava a primeira morte, por complicações da covid-19, de uma bancária do Banco da Amazônia, em Belém, Elíada Albuquerque. Até às 18h de ontem (25), 8.519 vidas perdidas para o vírus em todo o Estado, segundo a Secretaria de Saúde Pública.

De lá pra cá, a categoria já perdeu pro vírus, pelo menos 30 bancários e bancárias, entre os da ativa e aposentados.

“Sabemos que os números, infelizmente, são muito maiores. Esses são os caos que chegaram até nós, e para todos e todas, prestamos nossa homenagem, em nosso site e redes sociais, e em meio a tantas perdas e notas de pesar, corremos contra o tempo para tentar salvar a vida de nossos colegas, seja cobrando dos bancos os equipamentos de proteção individual, afastamento do grupo de risco, cumprimento de protocolos sanitários nas agências, especialmente quando houvesse caso confirmado”, destaca a presidenta do Sindicato e bancária da Caixa, Tatiana Oliveira.

Linha do tempo

12 de março: O Comando Nacional dos Bancários enviou ofício sugerindo medidas e cobrando negociações da Fenaban sobre os procedimentos a serem adotados pelos bancos em precaução ao novo coronavírus, um dia depois de a OMS decretar a pandemia do novo coronavírus

16 de março: Primeira reunião entre Comando e Fenaban com a criação do comitê de crise em virtude da pandemia

18 de março: O Comando enviou um ofício ao Banco Central (BC) solicitando a redução do horário de atendimento dos bancos. No dia 19, o BC publicou uma resolução atendendo ao pedido.

19 de março: Sindicato dos Bancários do Pará tem primeira reunião com o Banpará e as primeiras medidas de prevenção do banco começaram a ser adotadas como o afastamento de todos os empregados e empregadas com idade igual ou superior a 60 anos e empregadas gestantes, além dos estagiários e jovens aprendizes.

20 de março: O Comando enviou ofício ao BB e à Caixa solicitando medidas contra as aglomerações.

23 de março: Ocorreu a segunda reunião entre o Comando e a Fenaban, onde foram apresentadas outras 17 reivindicações, entre elas, o pedido de não haver demissão durante a pandemia.

24 de março: Os bancos Itaú e Santander informaram ao Comando Nacional dos Bancários que acataram a reivindicação e que não demitirão trabalhadores enquanto a pandemia gerada pelo novo coronavírus (Covid-19) não for dissipada.

25 de março: Sindicato dos Bancários tem primeira reunião com o Banco da Amazônia. No encontro virtual, o banco informou o afastamento do grupo de risco, e daqueles que moram com pessoas que pertençam a esse grupo. Bem como a suspensão de atendimentos presenciais, ressalvando apenas os casos em que os canais eletrônicos não são suficientes para atender a demanda de clientes e usuários.

30 de março: Mesmo após a publicação da MP 927 e de outras medidas e declarações do presidente Bolsonaro incentivando a retomada das atividades, os bancos se comprometeram a manter trabalhadores em casa.

8 de abril: O Bradesco também assumiu o compromisso de não demitir funcionários enquanto perdurar a pandemia. Com isso, os três maiores bancos privados do país não demitirão, durante a pandemia.

13 de abril: Em reunião com o Comando Nacional dos Bancários, os bancos informaram que vão atender reivindicação para oferecer máscaras com frente de acetato e instalar barreiras de acrílico nos locais de atendimento das agências.

27 de maio: Sindicato e Banpará homologam acordo emergencial que fixa medidas para prevenção e controle da Covid-19.

“Em todo o país, as entidades sindicais já conseguiram colocar mais de 250 mil bancários em casa, em teletrabalho. Em dezembro, o funcionalismo do Banco do Brasil aprovou, por ampla maioria. O acordo só vale para depois que acabar a pandemia. Nos bancos públicos conseguimos a prorrogação do trabalho remoto e do afastamento do grupo de risco para até o próximo mês, e as negociações específicas, sobre medidas de prevenção para toda a categoria, seguem de forma permanente enquanto durar a crise sanitária”, ressalta o diretor do Sindicato e bancário do BB, Gilmar Santos.

Vacina para todos e todas já!

Antes mesmo de a primeira dose da vacina contra o coronavírus ser aplicada no Brasil, em meados do mês passado, o Sindicato protocolou ofício ao Governador do Pará Helder Barbalho (MDB) para reivindicar a inclusão da categoria bancária como Grupo Prioritário de vacinação.

A mesma reivindicação também foi protocolada ao Prefeito de Belém Edmilson Rodrigues (PSOL) e ao vice-prefeito Edilson Moura (PT), assim como às Prefeituras de Marabá, Santarém, Ananindeua, Castanhal, Barcarena, Altamira, Itaituba, Santa Izabel, Paragominas, Parauapebas, Redenção, Tucuruí e Conceição do Araguaia. O objetivo do Sindicato é oficializar o pleito em todos os municípios paraenses.

“Pelo Decreto Federal n° 10.282, de 20 de março de 2020, a atividade bancária é serviço essencial na situação de pandemia. Muitos de nossos colegas não pararam nessa pandemia e garantiram o pagamento do Auxílio Emergencial e do Renda Pará a milhares de famílias em todo o Estado. Por conta disso, muitos adoeceram, se recuperaram, voltaram às atividades presenciais e remotas, alguns ainda estão em internados lutando pela vida, outros em recuperação em casa, mas infelizmente muitos também se foram; e por todo esse serviço e dedicação, nossa categoria merece e precisa entrar no grupo prioritário”, defende a diretora de saúde e bancária do Bradesco, Heládia Carvalho.

Em meio à dor, esperança

E quem traz essa esperança é o bancário do Banco do Brasil em Oriximiná, oeste do Pará, Edinaldo Cardoso da Silva, que há quase um mês encontra-se internado em um hospital da capital depois de ter o quadro de saúde agravado por complicações da covid-19.

Edinaldo faz parte do grupo de risco, tem diabetes e depois de vários boletins médicos que apresentavam piora em seu quadro clínico. O início desta semana, que termina com mais de 200.000 vidas perdidas, uma notícia boa para ele e a família principalmente: Edinaldo saiu da UTI, e segue o tratamento de reabilitação ainda com a traqueostomia.

Bancários e bancárias da região Oeste do Pará, onde Edinaldo mora, se mobilizaram para ajudar a cobrir as despesas do acompanhante dele, um genro, já que elas não são cobertas pelo plano de saúde e nem pelo banco, e somente o salário do bancário não tem sido suficiente para custear os gastos na capital e também da família dele que ficou em Oriximiná.

O Sindicato divulgou na divulgação do grupo virtual solidário e segue na torcida pela recuperação total do colega e de todos os bancários e bancárias acometidos por esse vírus.

“Além disso, queremos prestar, mais uma vez, nossa solidariedade a todos que se foram e a todos aqueles que perderam um ente querido nessa pandemia. Seguimos acompanhando e fiscalizando as ações de prevenção nos bancos e continuamos à disposição da categoria. A vida vale mais do que qualquer lucro”, ressalta a vice-presidenta da entidade sindical e bancária do Banpará, Vera Paoloni.

 

Fonte: Bancários PA com informações do Portal G1 e Sespa

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