Curso de Formação apontou caminhos para fortalecer a luta bancária no Pará

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De todas as regiões do Pará, dirigentes e delegados sindicais reuniram-se em Belém para último ciclo de formação

Unificar a categoria bancária, em todos os bancos, para reconstruir os pilares democráticos e populares no Brasil; defender o emprego e a valorização salarial para recuperar a economia nacional com a inclusão dos mais pobres; construir uma Campanha Nacional em 2022 que garanta direitos e avanços para a categoria bancária; e seguir localmente com investimentos em formação sindical para os novos delegados e delegadas sindicais que serão eleitos para o próximo período no Pará.

Esses foram alguns dos apontamentos construídos pela categoria bancária durante o Curso de Formação de Delegados e Dirigentes Sindicais realizado pelo Sindicato nos últimos dias 6 e 7 de maio, em Belém. O 4º módulo desse ciclo de formação ocorreu de forma presencial, com atividades na sede do Sindicato (sexta) e em meio à natureza amazônica do bairro do Curió/Utinga (sábado), com direito à banho no igarapé da Água Preta no final do evento.

Cerca de 50 delegados e dirigentes da entidade de todas as regiões do estado participaram do curso, que iniciou com um debate de conjuntura que teve a participação da secretária geral da CUT Nacional, Carmen Foro, e da enfermeira do Programa Melhor em Casa, Jade Leão.

Carmem Foro destacou a importância dessa atividade de formação em um ano decisivo para os rumos do Brasil. “Nós que atuamos no meio sindical temos a tarefa de dialogar com a sociedade sobre a necessidade de incluir a classe trabalhadora na reconstrução democrática do nosso país, com retomada do emprego para o desenvolvimento socioeconômico do país, com revogação da reforma trabalhista aplicada no pós-golpe de 2016 e regulamentação do trabalho com garantia de direitos aos trabalhadores formais e informais e, nesse sentido, é fundamental a participação da categoria bancária, com delegados e dirigentes nesse processo, pois o ano de 2022 é decisivo para o futuro de país”, afirmou a secretária geral da CUT Brasil.

Cinema e resistência

O Curso também utilizou o cinema para fomentar discussões sobre assédio moral, metas, saúde mental e necessidade de organização de base para defender os bancários e bancárias em seus locais de trabalho.

O documentário “Quem está doente é o banco – A verdade sobre o assédio moral”, lançado em 2014 pelo Coletivo Catarse e pelo SindBancários de Porto Alegre, foi exibido durante o evento por trazer depoimentos contundentes de trabalhadores que sofreram assédio moral nos bancos e como puderam recuperar sua dignidade.

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A luta supera fronteiras

Para chegar até Belém, a delegada sindical do Banco do Brasil em Itaituba, Ana Porto, teve que atravessar o rio Tapajós até Itaituba, depois pegar a estrada até Santarém, e de lá, embarcar até a capital, em linha reta, são mais de 1.300 km; e não, isso não é estória de pescador.

Ana mora no distrito de Miritituba, pertencente ao município de Itaituba, na margem direita do rio Tapajós, a travessia por essas águas já faz parte da rotina dela. “Realmente o rio Tapajós é minha rua, eu tenho uma voadeira, que é como a gente chama lá, é uma embarcação de alumínio, a minha tem seis metros, e ela é meu meio de transporte para poder atravessar o rio e ir trabalhar lá em Itaituba, todos os dias eu saio por volta de 8h30, pra não ter problema nenhum com atraso, faça sol ou chuva eu entro no meu horário”, conta.

Mas para participar do encerramento do ciclo de formação para dirigentes e delegados e delegadas sindicais, a viagem de Ana foi um pouco mais longa e, para ela, o esforço valeu a pena. “É um evento muito bom, a gente vem atrás de mais conhecimentos porque infelizmente existem esses problemas nas agências, então somos os elos de ligação entre os colegas com o Sindicato. Não se sabe tudo, mas já temos um suporte muito bom, e estamos aqui para adquirir mais conhecimentos para facilitar a vida de todo mundo”, define.

A necessidade de formação mesmo na pandemia

Desde o início no ano passado, o sociólogo e especialista em organização sindical, Anderson Campos, é quem ministra o curso de formação. “Fizemos um ciclo de formação com delegados e delegadas sindicais, com participação da diretoria do Sindicato dos Bancários do Pará, bastante forte e importante, foi um período difícil pra todo mundo, que foi um período de isolamento e distanciamento, mas que esse Sindicato ele teve a capacidade de superar a dificuldade e criar mecanismos de manutenção da formação política sindical, com mecanismos online, com salas de zoom debatendo, fazendo estudos e momentos de aprendizado e de compartilhamento também das raridades vividas em cada banco, agência e cidade que esse sindicato estava organizado. E voltamos no final do ano passado, em 2021, com os encontros presenciais, e agora estamos voltando no novo encontro aqui, fechando este ciclo”.

Para o último ciclo ele trouxe ‘O debate sobre a revogação da reforma trabalhista’. “As normas da reforma trabalhista vieram com a principal promessa de geração de empregos, o que não ocorreu, pelo contrário, retiraram uma série de direitos trabalhistas e precarizaram as relações de trabalho no país. E para mudarmos essa realidade, é preciso primeiro revogar a reforma”, defende o sociólogo.

Como revogar a ‘reforma’ trabalhista?

A reforma, formalizada pela Lei 13.467/2017, alterou diversas normas da CLT e algumas da Lei 6.019/1974 sobre trabalho temporário e terceirização, da Lei 8.036/1990 sobre o FGTS e da Lei 8.212/1991 sobre o custeio da Seguridade Social.

Para entrar em vigor, foi necessária a aprovação da Câmara dos Deputados e do Senado. Além disso, contou com a sanção do então presidente da República, Michel Temer.

1) Aprovação de uma nova lei no Congresso Nacional

Uma das possibilidades de revogação da lei é a aprovação pelo Congresso Nacional de uma outra lei que revogue as normas da reforma ou que crie outras regras para o mesmo tema.

2) Publicação de Medida Provisória com aval do Congresso

Outro caminho possível para cancelar a reforma trabalhista é por meio de medida provisória, editada diretamente pelo presidente da República. Nesse caso, a medida provisória, posteriormente, deve ser aprovada pelo Congresso em até 120 dias. Caso isso não ocorra, ela deixa de ter validade.

Assédio Moral: Diga não, denuncie!

Outra convidada para o encerramento do ciclo de formação sindical foi a psicóloga da Fundacentro, Laura Nogueira. Mestre em Saúde Pública pela Fiocruz, e doutora em Desenvolvimento Socioambiental pela Universidade Federal do Pará – UFPA, Laura fez um reforço sobre a importância de entender para combater o assédio moral no local de trabalho.

“O Sindicato dos Bancários tem sido precursor nessa discussão, eu acho que foi um dos primeiros sindicatos a chamar a atenção para a questão do assédio moral e demandar de certo modo os estudos, as pesquisas nessa área, por conta das situações de assédio que já vêm acontecendo há décadas na verdade; então eu acho crucial e fundamental que os trabalhadores entendam que a saúde do trabalhador é uma conquista que passa também pela ação dos trabalhadores e pela ação do Sindicato. Então são campanhas como essa que ajudam na conscientização e reflexão sobre as causas do assédio moral e sobre como a gente pode combater isso dentro dos espaços de trabalho, considerando que o assédio é uma forma de violência com uma capacidade de trazer um adoecimento para os trabalhadores que é muito grande. Então eu acredito que este é o caminho e o papel do Sindicato é muito importante, é defender isso e abraçar essa discussão”, avalia.

Conheça mais aqui sobre a campanha

Energia que se renova em meio à natureza

No último dia do Curso de Formação os participantes tiveram um momento de imersão em um pedaço da floresta Amazônica, dentro de um restaurante localizado na estrada da Ceasa, para debater a Campanha Nacional 2022 da categoria bancária e, também, para avaliar o curso e sugerir propostas que melhorem ainda mais a atividade para os próximos delegados e delegadas sindicais que serão eleitos no pleito em curso para o mandato 2022/2023.

“Ficamos muito felizes com a participação dos nossos delegados e delegadas, assim como de nossos dirigentes, em mais uma etapa presencial do nosso Curso de Formação. Acreditamos que atividades como estas são imprescindíveis para construirmos nossas lutas em cada local de trabalho, a partir dos conhecimentos acumulados pelos participantes em cada formação”, destaca a diretora de formação do Sindicato, Heidiany Moreno.

“Nesse ano de 2022 nós teremos Campanha Nacional da categoria bancária para renovação da nossa Convenção e Acordos de Trabalho. Também é um ano de eleição, em que precisamos eleger parlamentares, governadores e presidente da república comprometidos com a democracia e com os direitos da classe trabalhadora. E nada melhor do que uma atividade de formação tão rica e participativa como esta para engajar toda a nossa base bancária do Pará para as lutas que teremos pela frente. Agradecemos a todas e todos que ajudaram na construção e realização deste curso. Esperamos melhorar ainda mais na próxima atividade”, conclui a presidenta do Sindicato dos Bancários do Pará, Tatiana Oliveira.

 

Fonte: Bancários PA, com informações do Brasil de Fato

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