Encontro do Banpará unifica funcionalismo em defesa dos bancos públicos

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Evento debateu a necessidade de organizar o ramo financeiro para enfrentar os ataques aos direitos trabalhistas e aos bancos públicos

Fortalecer a unidade dos bancários e bancária, intensificar as lutas sociais em defesa das empresas e bancos públicos e dos direitos da classe trabalhadora. Esses foram os eixos centrais do Encontro Virtual dos Bancários e Bancárias do Pará 2021, realizado na noite dessa quinta-feira 12/08 pelo Sindicato dos Bancários do Pará, em conjunto com a Fetec-CUT Centro Norte e a Contraf-CUT.

O Encontro registrou um bom número de participantes, entre dirigentes sindicais, delegados sindicais e bancários e bancárias de diversas regiões do Estado, o que garantiu ainda mais representatividade ao evento. O escritório de advocacia Mary Cohen, através da advogada Camila Aranha, também participou para auxiliar nos esclarecimentos de questões jurídicas do funcionalismo durante o evento.

Desafios da conjuntura

O debate sobre a conjuntura contou com contribuições do secretário de saúde da Contraf-CUT, Mauro Salles. Ele destacou que a categoria bancária e o mundo do trabalho passam por grandes mudanças, que implicam em demissões, redução de salários e de direitos para a classe trabalhadora para ampliar os lucros dos bancos e das grandes empresas.

“Desde o golpe de 2016, com o programa “Ponte do Futuro” de Michel Temer (MDB) e que se aprofunda agora com o governo Bolsonaro, vivemos mudanças legislativas para destruir proteções de direitos, principalmente com as reformas trabalhista e previdenciária, para reduzir custos com o trabalhador e ampliar os lucros das empresas”, explica Mauro Salles.

Ele alerta para o fato de que hoje mais de 1 milhão de pessoas trabalham no ramo financeiro, porém muito desses atuam como Microempreendedores – MEI, Pessoas Jurídicas – PJ, Fintechs – Empresas de Tecnologia Financeira, Cooperativas de Crédito etc. Para ele, isso impacta em todas as áreas da vida, inclusive na forma de pensar o banco, com agências se transformando em lojas de negócios, esvaziamento das unidades de trabalho com o home office, aprofunda o isolamento e o sentimento de competitividade entre os trabalhadores e afeta as contratações e as relações de trabalho.

“O que precisamos compreender é que, diante dessa conjuntura, o nosso processo de luta e mobilização precisa derrotar o governo Bolsonaro e o projeto ultraliberal que ele representa, precisa organizar a categoria e o ramo para esse enfrentamento e garantir direitos em meio às mudanças do mundo trabalho”, afirma.

Vacinação bancária e sequelas

Mauro Salles também abordou sobre os impactos da pandemia do novo coronavírus no cotidiano bancário e destacou que a conquista da vacinação da categoria se deu com muita mobilização e estudos técnicos das organizações sindicais com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos – DIEESE, para comprovar os riscos da profissão bancária durante a pandemia e a necessidade de inclusão dos bancários como prioridade para a vacinação contra a Covid-19.

“Outro ponto que queremos trazer a tona é o debate em torno das sequelas do Covid-19, que ocorrem inclusive em casos leves de Covid como: sonolência, perda de memória, fadiga, dificuldades motoras, então o retorno ao trabalho não pode ser feito de qualquer jeito. Por isso temos uma pesquisa nacional em andamento”, pontua Mauro Salles.

As finanças do Banpará

A economista do DIEESE, Vivian Machado, apresentou o balanço financeiro do Banpará em 2020, o qual fechou com lucro líquido contábil de R$ 241 milhões, o que representou uma queda de 25,6% em relação ao ano de 2019, quando o Banco do Estado acumulou lucro de R$ 324 milhões.

Agora em 2021, o balanço financeiro do Banpará mostra um lucro de R$ 120 milhões, o que corresponde a 10,2% a menos em comparação ao primeiro semestre de 2020, com um índice de eficiência de 63,1%.

O Banpará possui atualmente 170 unidades de atendimento, entre agências e postos de atendimento, distribuídas em 118 dos 144 municípios paraenses, o que garante uma cobertura de 82% dos municípios do estado e um alcance de 92,54% da população.

O Banpará apresenta ainda um crescimento de 25,1% na sua carteira de crédito, alta de 109,12% no consignado e de 48,9% no Banpará Card, além de crescimento de 8,6% em despesas com pessoal e de 13,26% em seu capital social. A inadimplência está em queda no Banpará e nesse primeiro semestre de 2021 atinge a taxa de 1,48%.

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Plano de lutas específicas no Banpará

A parte final do Encontro do Banpará foi dedicada aos debates e construção de um plano de lutas específicas do funcionalismo. A vice-presidenta do Sindicato dos Bancários e funcionária do Banpará, Vera Paoloni, lembrou que para esse ano de 2020 a categoria tem a garantia de um reajuste salarial que corresponde à inflação (INPC) + 0,5%, o que deve corresponder a um índice de reajuste de 10% a 11%, aproximadamente.

Ela também destacou que o Banpará foi o único banco em que o Sindicato teve que recorrer à Justiça para garantir o afastamento do grupo de risco do trabalho presencial durante a pandemia. Por outro lado, o Banpará foi o primeiro a chamar o retorno do grupo de risco, mas com a atuação sindical foi possível construir um acordo para regulamentar esse retorno.

“O que mais tem atormentado o funcionalismo do Banpará que faz parte do grupo de risco é saber o que fazer com o banco de horas negativo? Queremos esclarecer que há um prazo previsto no acordo para o pagamento desse banco de horas negativo, que vai até 31 de agosto de 2022, e se até lá o banco de horas continuar negativado, o Banpará não pode descontar nada sem antes discutir com o Sindicato. O funcionalismo precisa estar atento a isso e manter contato direto com o Sindicato caso haja descumprimento dessa regra”, afirma Vera Paoloni.

Outro ponto destacado pelos funcionários do banco no debate do Encontro foi sobre o fato de o Banpará ter finalizado o convênio com o serviço de Psicologia, Nutricionista e Médico Geriatra, tudo isso em meio a situação de pânico generalizado e receio com a Covid-19.

Um sentimento comum entre os participantes do Encontro foi sobre a necessidade de o Banpará ser mais rigoroso quanto as medidas de prevenção nos locais de trabalho, sempre reforçando o uso de máscaras e demais Equipamentos de Proteção Individual – EPI, a fim de garantir a saúde e bem-estar de todos e todas.

Outras demandas apresentadas foram:

– Implementar o cargo “responsável pela prevenção de acidentes”, como existe no Banco do Brasil, devido ao modelo físico das agências, com porta de segurança;

– Criar um plano de fuga contra incêndio em todas as unidades, com ciência de todos os funcionários, terceirizados e afins, podendo levar até mesmo o corpo de bombeiros para treinamento;

– Padronizar a forma que são feitas as transferências, para deixar o processo mais transparente;

– Construir uma proposta de acordo que melhore a comissão do Callcenter.

“Agradecemos e parabenizamos a participação de todos os bancários e bancárias em mais um encontro virtual do Banpará. Sabemos das dificuldades que teremos pela frente diante dos ataques diários do governo Bolsonaro contra a classe trabalhadora. Por isso, convocamos desde já todo o funcionalismo do Banpará a fortalecer as ações que faremos no dia 18 de agosto, Dia Nacional de Luta contra a Reforma Administrativa e em Defesa dos Bancos e Empresas Públicas; e, também, a participarem da nossa Conferência Estadual, que realizaremos no dia 21 desse mês. Vamos em frente, com muita unidade e resistência”, concluiu a presidenta do Sindicato dos Bancários, Tatiana Oliveira.

 

Fonte: Bancários PA

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