Repetindo o padrão das três rodadas de negociação anteriores, os bancos enrolaram mais uma vez e não apresentaram nenhuma proposta para as reivindicações de caráter econômico da Campanha 2014, incluído o reajuste de 12,5%, cobradas nesta quarta-feira 10 pelo Comando Nacional dos Bancários, coordenado pela Contraf-CUT.
Os negociadores da Fenaban disseram que ainda vão consultar os presidentes dos bancos para apresentar uma proposta global para as demandas da categoria, em data a ser definida. As negociações sobre as cláusulas sobre remuneração, entre elas a PLR, prosseguem nesta quinta-feira 11.
“As rodadas de negociação estão acabando e a Fenaban continua com a tática de apenas acolher nossas reivindicações, sem apresentar respostas. É muito importante que nossa categoria esteja atenta e mobilizada, pois assim que a Fenaban apresentar sua contraproposta a nossa minuta, convocaremos a categoria para uma assembleia geral e deliberar sobre os rumos do nosso movimento nesta Campanha Nacional”, destaca a presidenta do Sindicato e membro do Comando Nacional, Rosalina Amorim.
“Cobramos dos bancos que os salários dos bancários sejam valorizados com aumento real, uma vez que as empresas têm condições de sobra para atender as reivindicações diante dos lucros estratosféricos. Somente os seis maiores bancos lucraram R$ 29,6 bilhões no primeiro semestre”, afirma Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT e coordenador do Comando Nacional.
Nas negociações desta quarta-feira foram debatidas as seguintes reivindicações:
Reajuste de 12,5%
O Comando apresentou levantamento do Dieese mostrando que 93,2% dos acordos salariais assinados pelos trabalhadores no primeiro semestre contemplaram reajustes superiores ao índice de inflação.
“Os bancários merecem aumento real de salário, valorização dos pisos e uma PLR maior porque contribuíram com os lucros recordes aumentando a produtividade dos bancos. Esse é um mecanismo para manter o poder de compra dos trabalhadores e contribuir com a desconcentração da renda”, acrescenta Carlos Cordeiro.
14º salário
Refletindo a expectativa da categoria manifestada nas consultas realizados pelos sindicais, a 16ª Conferência Nacional dos Bancários reforçou a reivindicação de instituição do 14º salário. Os negociadores da Fenaban consideraram “muito estranha” essa demanda, adiantando que não tem a menor possibilidade de ser aprovada pelos bancos.
Pisos para comissionados
O Comando defendeu com ênfase a reivindicação de criação de pisos de R$ 5.064,73 para primeiro comissionado e de R$ 6.703,31 para primeiro gerente. Os bancos não quiseram discutir o tema, alegando que se trata de política de cada empresa.
As reivindicações para os pisos de escriturário e caixa já haviam sido discutidas na terceira rodada de negociação, na semana passada.
Isonomia salarial
A reivindicação dos bancários é para que os bancos se comprometam a aplicar a Convenção 100 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e o artigo 2º da Declaração de Direitos Humanos, que asseguram a equivalência salarial para trabalho de igual valor.
Os negociadores da Fenaban negam que haja diferença tanto entre funções como entre homens e mulheres. “Insistimos que as diferenças existem, como mostram os dados do Caged, o que demonstra haver discriminação de gênero, por causa da má gestão dos bancos, que não garantem igualdade de oportunidades para as mulheres”, diz Carlos Cordeiro.
Parcelamento de adiantamento de férias
O Comando defendeu a proposta da categoria de que os trabalhadores, por ocasião das férias, possam requerer que a devolução do adiantamento feito pelo banco seja efetuada em até dez parcelas iguais e sem juros, a partir do mês subsequente ao do crédito. Vários bancos já concedem essa vantagem aos bancários.
Os negociadores da Fenaban ficaram de levar a reivindicação para os bancos.
Outras reivindicações econômicas
A 16ª Conferência aprovou a reivindicação de R$ 724,00, o equivalente ao salário mínimo nacional, para os vales-alimentação, refeição, cesta-alimentação, 13ª cesta-alimentação e auxílio-creche/babá. Os bancários também reivindicam a criação de um 13º vale-alimentação.
Os representantes da Fenaban também disseram que vão levar a reivindicação aos bancos.
Em relação ao auxílio-educacional, argumentaram que cada banco tem a sua política e não querem incluir a cláusula na Convenção Coletiva.
O Comando também reivindicou o reajuste do vale-cultura para R$ 112,50. Os representantes dos bancos disseram que o tema voltará a ser discutido nesta quinta-feira 11, quando entra em discussão a reivindicação de PLR equivalente a três salários mais parcela adicional de R$ 6.247.
Calendário de negociações
11 – Final da quarta rodada de negociação com a Fenaban
12 – Terceira rodada de negociação específica com o BB
12 – Terceira rodada de negociação específica com o BNB
12 – Segunda rodada de negociação específica com o Banpará
15 – Quarta rodada de negociação específica com o BNB
16 – Terceira rodada de negociação específica com o Banco da Amazônia
#oquequeremos
:: Reajuste salarial de 12,5%;
:: PLR: três salários mais R$ 6.247;
:: Piso: R$ 3.019,00 (salário mínimo do Dieese em valores de junho);
:: Vales alimentação, refeição, 13ª cesta e auxílio-creche/babá: R$ 724,00 ao mês para cada (salário mínimo nacional);
:: Melhores condições de trabalho, com o fim das metas abusivas e do assédio moral que adoecem os bancários;
:: Emprego: fim das demissões e da rotatividade, mais contratações, proibição às dispensas imotivadas, aumento da inclusão bancária, combate às terceirizações diante dos riscos de aprovação do PL 4330 na Câmara Federal, do PLS 087 no Senado e do julgamento de Recurso Extraordinário com Repercussão Geral no STF;
:: Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS): para todos os bancários;
:: Auxílio-educação: pagamento para graduação e pós;
:: Prevenção contra assaltos e sequestros: cumprimento da Lei 7.102/83 que exige plano de segurança em agências e PABs, garantindo pelo menos dois vigilantes durante todo o horário de funcionamento dos bancos; instalação de portas giratórias com detector de metais na entrada das áreas de autoatendimento das agências e biombos em frente aos caixas; e fim da guarda das chaves de cofres e agências por bancários;
:: Igualdade de oportunidades para todos, pondo fim às discriminações nos salários e na ascensão profissional de mulheres, negros, gays, lésbicas, transexuais e pessoas com deficiência (PCDs).
Fonte: Bancários PA e Contraf-CUT