Na mesma semana, Santander demite quatro gerentes em Belém

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A quinta-feira (18) seria mais um dia de trabalho nessa pandemia, se não fosse a demissão, sem justa causa, poucas horas depois de ter chegado ao local de trabalho.

“Foram 22 anos de banco, fiz em maio, tudo que sei fazer é ser bancária, entrei no Santander como estagiária e fui crescendo profissionalmente. Minha agência recebeu vários prêmios ano passado, e hoje tive que assinar a minha demissão”, conta uma das 4 pessoas demitidas, somente nessa semana (que ainda não acabou), em Belém.

A bancária, que prefere não ser identificada, disse que na hora que soube da própria demissão, não teve reação. A emoção veio na hora de se despedir da equipe.

“Pedi para o chefe pra esperar todos chegarem para tomarmos nosso último café da manhã juntos, temos esse hábito na agência”, conta.

Daqui a 3 anos ela entraria no período de estabilidade, e apesar de ter sido pega de surpresa (nada agradável) ela não pretende recorrer à justiça. “Eu gosto do que faço, se eu puder voltar pra outro banco, ficarei feliz, tudo que tenho hoje foi graças ao meu emprego, mas está tudo muito recente pra eu ter certeza de qualquer coisa do que quero pra mim no futuro profissionalmente, só não quero ficar por muito tempo mais em casa”, afirma.

A bancária entrou de férias em maio, um mês antes, teve a covid-19 e retornou, já recuperada e das férias, início desse mês.

Todos os bancários e bancárias demitidos, nessa semana, eram gerentes de agências e administrativo. Outra trabalhadora dispensada hoje tinha 35 anos de banco.

“Todas as demissões foram de colegas com muito tempo na empresa. Estamos acompanhando todos os casos de perto e avaliando, conforme o desejo de cada bancário e bancária, ingressar com ações na justiça. Isso é desumano em meio a crise de saúde pública e econômica que passamos no país”, explica o presidente do Sindicato dos Bancários do Pará, Gilmar Santos.

Nesta quinta-feira (18) também, o Sindicato encaminhou ofício ao banco sobre o assunto

O banco Santander, em meio à pandemia, começou um plano de demissões, em massa, em todo o Brasil. O banco ainda é acusado de cobrança de metas inatingíveis e demissão dos funcionários que não as cumprem, mesmo após ter assumido compromisso de que não demitiria bancários e bancárias durante a pandemia.

Metas abusivas e demissões

De acordo com a Contraf-CUT, existem relatos de que o presidente do Santander no Brasil, Sergio Rial, realizou videoconferência com funcionários em cargos de gestão e disse que as metas devem ser cobradas mesmo em período de pandemia. E, mais, que o não cumprimento das metas deve ser punido com a demissão. Na ocasião, Rial teria dito que “aqueles que pensam diferente e não colaboram prestam um desserviço ao banco e contribuem para um baixo nível de produtividade”.

O banco vem cumprindo a ordem de Rial. Já demitiu uma série de funcionários, mas, segundo reportagem publicada pelo jornal Folha de S.Paulo, pode haver demissão em massa de 20% do quadro de pessoal. O banco diz que haverá demissões, mas não deve chegar aos 20% anunciados pelo jornal. No entanto, confirma que as demissões ocorreram pelo não cumprimento de metas.

Em setembro do ano passado, a Justiça do Trabalho condenou o Santander S.A. a pagar uma indenização de R$ 274 milhões por estabelecer metas abusivas aos trabalhadores, além de provocar o adoecimento mental deles. O processo foi movido pelo Ministério Publico do Trabalho, de Brasília, após constatar, em investigação, o alto índice de estresse a que os bancários eram submetidos.

Ranking de funcionários

“A Convenção Coletiva de Trabalho da categoria bancária proíbe o ranking individual de funcionários. Isso é uma prática abusiva que afeta diretamente a saúde mental do trabalhador e da trabalhadora”, destaca o diretor do Sindicato dos Bancários do Pará, Sandro Mattos.

Ações nas redes

Sindicatos de todo o Brasil realizaram, na última terça-feira (16), manifestações para denunciar as arbitrariedades do Santander.

Além das atividades ocorridas nas portas de agências e departamentos do banco, as entidades sindicais convidaram funcionários, clientes e toda a população a se manifestar nas redes sociais sobre os fatos que envolvem o banco. Entre 12h e 13h houve um tuitaço com a hashtag #SantanderRespeiteOBrasil, que levou as denúncias aos assuntos mais comentados do Twitter.

A Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Santander vai avaliar a ação de terça e planejar outras. Mas, adianta que a campanha possui diversas peças para ação nas redes sociais, contatos diretos com funcionários e com veículos de comunicação.

Fonte: Bancários PA com Contraf-CUT e Portal Uol

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