Os bancos fecharam 3.283 empregos de janeiro a maio de 2014. Um total de 17 estados apresentaram saldos negativos de emprego no período. Os maiores cortes ocorreram em São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Minas Gerais, com 1.560, 422, 398 e 323 cortes, respectivamente. Na contramão, segue o estado do Pará que registrou o maior saldo positivo, com geração de 121 novas vagas.
Para a presidenta do Sindicato dos Bancários do Pará, Rosalina Amorim, esses números refletem a luta da categoria bancária paraense por contratação de mais bancários e bancárias e abertura de novas agências.
“O movimento sindical bancário vive em luta permanente por melhores condições de trabalho, o que necessariamente perpassa pela contratação de mais bancários e bancárias e abertura de novas unidades de atendimento bancário, o que contribui diretamente para a melhoria do atendimento à população. Para nós os números da pesquisa da Contraf-CUT e Dieese são animadores, mas sabemos que precisamos ampliar ainda mais o tamanho da mão-de-obra bancária em nosso estado”, avalia Rosalina Amorim.
Os dados constam na Pesquisa de Emprego Bancário (PEB) divulgada nesta quarta-feira (25) pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), que faz o estudo em parceria com o Dieese, com base nos números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
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Conforme o estudo, além da redução de vagas, a rotatividade seguiu alta no período. Os bancos brasileiros contrataram 14.031 funcionários e desligaram 17.314.
Rotatividade achata salários dos bancários – A pesquisa mostra também que o salário médio dos admitidos pelos bancos nos primeiros cinco meses do ano foi de R$ 3.268,95 contra o salário médio de R$ 5.188,23 dos desligados. Assim, os trabalhadores que entraram nos bancos receberam valor médio equivalente a 63% da remuneração dos que saíram.
Desigualdade entre homens e mulheres – A pesquisa revela também que as mulheres, ainda que representem metade da categoria, permanecem sendo discriminadas pelos bancos na sua remuneração, ganhando menos do que os homens quando são contratadas. Essa desigualdade continua ao longo da carreira, pois a remuneração das mulheres é bem inferior à dos homens no momento em que são desligadas dos seus postos de trabalho.
Enquanto a média dos salários dos homens na admissão foi de R$ 3.749,06 de janeiro a maio deste ano, a remuneração das mulheres ficou em R$ 2.792,04, valor que representa 74,5% da remuneração de contratação dos homens.
Já a média dos salários dos homens no desligamento foi de R$ 5.956,71 no período, enquanto a remuneração das mulheres foi de R$ 4.371,98. Isso significa que o salário médio das mulheres no desligamento equivale a 73,4% da remuneração dos homens.
Maior concentração de renda nos bancos – O presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro, salienta que “a pesquisa fortalece ainda a luta dos bancários por distribuição de renda”. Enquanto no Brasil, os 10% mais ricos no país, segundo estudo do Dieese com base no Censo de 2010, têm renda média mensal 39 vezes maior que a dos 10% mais pobres, no sistema financeiro a concentração de renda é ainda maior.
No Itaú, cada membro do Conselho de Administração recebeu, em média, R$ 15, 5 milhões em 2013, o que representa 318,5 vezes o que ganhou o bancário do piso salarial. No Santander, cada diretor embolsou, em média, R$ 7,7 milhões no mesmo período, o que significa 158,2 vezes o salário do caixa. E no Bradesco, que pagou, em média, R$ 13 milhões no ano para cada diretor, a diferença para o salário do caixa foi de 270 vezes.
Desta forma, para ganhar a remuneração mensal de um desses executivos, o caixa do Itaú tem que trabalhar 26,5 anos, o caixa do Santander 13 anos e o do Bradesco 22,5 anos.
Fonte: Contraf-CUT com Dieese e edição Bancários PA