Ainda sobre as reestruturações no Banco do Brasil

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Por Fábio Gian*

Prezados associados e associadas,

Atualizando informações de nossa diretoria regional, participei de uma reunião na última quarta (25) com o novo superintendente estadual do Banco do Brasil no Pará, Marcos Ticianeli, e com Tiago Castro, gerente da Super. Pelo Sindicato estavam presentes os dirigentes Gilmar e Tânia.

Entre os assuntos tratados, destaco a reestruturação, tema que dominou grande parte da reunião isso devido ao calendário divulgado pelo banco de que neste mês de fevereiro, aqueles trabalhadores atingidos pela reestruturação e que não foram aproveitados em alguma outra função de remuneração semelhante, entrarão no VCP por 120 dias (curiosamente conhecido como esmolão), o que significa redução de seu padrão remuneratório após esse período, ou seja, um imenso prejuízo ao bancário e aos seus dependentes.

Nossos pedidos para que o banco se abstivesse de descomissionar trabalhadores ou que, pelo menos prorrogasse o período do VCP foram todos negados no final de 2016.

Uma pergunta que fiz, temendo a resposta, era saber o que o banco pretende fazer nos próximos 120 dias para que esses trabalhadores não sejam ainda mais prejudicados: criar novas vagas? abrir novas unidades? Não tivemos essa resposta e temo imensamente que ao final desse prazo ela seja negativa.

Já manifestei diversas vezes, tanto em reuniões, assembleias e audiências públicas, minha opinião quanto ao efeito devastador dessas medidas na vida do funcionário, sendo tais medidas desnecessárias, especialmente pela forma adotada pela empresa que conseguiu criar um clima de terror e lágrimas em muitos locais de trabalho.

Ora, o banco poderia ter lançado o PEAI e, posteriormente, ao final deste, preencher as vagas deixadas, sendo que isso já seria ruim, pois geraria uma sobrecarga de trabalho para os que ficassem (o ideal seria abertura de concurso público e posse de novos funcionários), mas pelo menos evitaria a tragédia da perda de comissão, posto o que representa esse valor na qualidade de vida de um funcionário do Banco do Brasil.

Porém, o banco conseguir realizar o pior dos mundos pois, simultaneamente, extinguiu funções e fechou unidades (agências e órgãos regionais), em um intervalo de tempo exíguo, fazendo lembrar o lado mais perverso dessas restruturações, cujo ápice foram os planos de ajustes 1995-1996 da era FHC, englobando o programa de Desligamento Voluntário – PDV e o Plano de Adequação de Quadro – PAQ, que, na verdade, promoveram transferência à revelia e demissão em massa, além de aproximadamente 20 suicídios em menos de dois anos, conforme levantamento das entidades sindicais à época.

Embora eu reconheça o esforço de alguns gestores em tentar minimizar esse impacto, o fato é que restam poucas vagas e ainda há funcionários que provavelmente perderão comissão, mesmo sendo trabalhadores competentes e dedicados.

Até aqui falou mais alto a canetada da direção do banco que determinou essa reestruturação sob a tutela do Ministério da Fazenda e de quem este representa. Ficou para todos nós a frustração e o pranto, como tenho visto em diversas unidades visitadas nesses dois últimos meses.

Precisamos construir uma frente ampla, tanto nos locais de trabalho como nas direções das entidades representativas de classe, cujo objetivo seja formação da classe trabalhadora para as lutas que enfrentaremos nos próximos períodos e cito novamente os projetos de leis em trâmite no parlamente federal para serem votados como a terceirização (PLC 30/2015), a alteração na governança dos fundos de pensão (PLP 268/2016) e a reforma da previdência (PEC 287/2016), sendo apenas alguns exemplos de projetos cujo texto original retiram nossos direitos.

É um imenso desafio. Mas, como diz a música de Gonzaguinha, eu acredito na rapaziada e *Vamos à Luta.

Um forte abraço a todas e todos,

*Fábio Gian é funcionário do Banco do Brasil, diretor regional da ANABB no Pará e diretor suplente do Sindicato dos Bancários do Pará

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